Bem vindos!

Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Irremediável



E lá venho eu com mais perguntas. Mas pouco ou mais nada tenho senão duvidas. O que fazer quando perdemos a confiança nas pessoas? Não falo em pessoas como humanidade, falo nas pessoas que nos rodeiam, que nos são próximas, aqueles em que devíamos confiar, aqueles que amamos. Como lidar com a desilusão do engano, do desengano de que temos ao nosso lado, não a pessoa que pensamos conhecer, mas sim um estranho que nos magoa e nos fere de morte? Como dar a volta por cima e lidar com a situação? Devemos perdoar e seguir em frente? Devemos dar tantas vezes o beneficio da duvida, quanto possível? Ou devemos cortar o mal pela raiz e rejeitar de vez essa pessoa? O perdoar e seguir em frente, não me parece boa ideia e sinceramente duvido que se consiga recuperar na totalidade, do dano causado. Aguentar até não poder mais, pode criar alguns mal entendidos, visto que, dependendo do tamanho do saco, o outro pode pensar que suportamos tudo até ao dia da explosão. Seremos depois apelidados de malucos e raramente levados a sério. Cortar relações definitivamente, pode ser radical demais, visto que errar é humano e ninguém está livre de o fazer. Graças a Deus, pois é com o erro que se aprende.
Continuo sem respostas. Mas consigo ter uma certeza: sempre que a confiança se quebrar, passe o tempo que passar, nunca mais será o mesmo. Esse episódio, por mais irrelevante que seja, será sempre lembrado, avisando a vitima de que o outro já falhou antes. Não é à toa que se diz que errar é humano, mas perdoar é divino.

domingo, 23 de outubro de 2011

Violência (de)mente


Finalmente saiu. Por alguns minutos, por algumas horas, nunca se sabe ao certo. A única certeza é a de uma paz podre e ansiosa, da qual não se sabe nada. Apenas que durante os minutos ou as horas da sua ausência, se pode deixar de suster a respiração, na esperança vã de suportar mais um dia.

Nem sempre foi assim. Existiu um tempo em que a sua partida, por breve que fosse, prometia abandono e desespero. Nesse tempo, o bater da porta implicava sempre uma despedida agonizante, um implorar ridículo para que ficasse, só mais um minuto, só mais uma hora, só mais uma noite. Sem saber, estava a depositar nas suas mãos o poder que me restava. Inocentemente pensava que a triste figura da chantagem emocional era uma arma minha, nunca desconfiando que era uma faca de dois gumes. Entrei no jogo, pensando possuir a fórmula mágica de prender alguém, apenas pela necessidade que sentia de o ter a meu lado, de o amar.

Muito se fala da violência doméstica e das marcas físicas deixadas por quem usa da força para subjugar o seu parceiro. Raramente se fala de um tipo de violência subtil e matreira que se instala quase sem se dar por isso, mas que deixa marcas invisíveis a olho nu. O poder da mente pode matar.

Começa com uma discussão, por um motivo ridículo e forçado. O predador fica sempre no controle da jogada, observando a presa, antecipando as suas reacções. Por norma, o predador tem sempre resposta e pergunta para tudo, visto que o seu principal objectivo é de baralhar e confundir a presa, forçando-a a sentir culpa, medo, rejeição e acima de tudo a exterminar a fraca auto estima que possui.

O que pretende? Nada. Apenas a satisfação de poder humilhar, massacrar e reduzir o seu alvo a uma condição longe da humana, somente porque pode. Ou porque simplesmente a presa se deixa apanhar, sem forças para se soltar de uma teia bem estruturada, que se torna o seu modo de vida. Todos os dias, sem excepção, a presa é confrontada com os seus erros, com os seus defeitos e mesmo as suas qualidades são escarniadas e ridicularizadas, lembrando constantemente que tudo o que é, não chega para ser alguém.

É assim, bem devagarinho que tudo começa. Esta realidade torna-se mais assustadora quando envolve as crias. Neste caso, a presa tem que se manter atida à sua condição, não porque quer, não porque não tem forças para se libertar, mas sim porque alguém que depende de si, entrou neste jogo sujo e desonesto.

Por isso, quando sai, já não é com mágoa que o vejo partir. Apenas me invade uma sensação de liberdade, que não dura, mas alivia. Para trás deixa uma vontade louca de, ao voltar, apenas encontrar as paredes desta casa, que não consigo aceitar como minha. Seria a minha vingança. Uma tolice que me encheria de orgulho, pois traria novas oportunidades de ser feliz.

Já o amei. Sei que já o amei. Numa altura em que ingenuamente pensava que o amor chegava. Não me recordo o que foi que me fez amá-lo tanto. Amá-lo ao ponto de lhe dar a chave, para que me roubasse o pouco que possuo. Talvez seja o facto de não saber amar.

A prisão desta relação acaba com a minha vida. A vontade de me levantar todas as manhãs é a mesma de me dirigir a uma forca. Não, não penso em suicídio. Ou melhor, já pensei, mas não encontro razão para o fazer. Os meus filhos relembram-me todos os dias, a razão de continuar viva. São a melhor ironia do meu destino, as âncoras que me mantem presa a esta realidade e ao mesmo tempo, as mãos que me salvam do abismo.

Acredito que nada acontece por acaso e que tudo o que se cruza no nosso caminho traz ensinamento. Mas ainda não sei que lição tirar de uma relação que apenas me causa sofrimento e que me suga a alma. Terei que fugir? Terei que ficar e cumprir a pena? Mas que raio de pena é esta que não teve direito a julgamento e que não informa sobre o crime cometido? Que crime cometi eu para ser torturada no anonimato, sem hipótese de defesa? Quem foi que nomeou este carrasco sem piedade, que espera que me erga, para logo me desferir mais um golpe certeiro, que deita por terra toda a minha identidade. Já não sei quem sou. Será que algum dia soube? Será que sou o que ele diz, ou sou o que a minha alma grita?

A minha alma. A minha essência. Aquilo que apenas pode ser revelado nas folhas de um qualquer papel, ou no teclado do computador. Nenhum ser humano poderá sentir ou ver a minha verdadeira essência. A desconfiança que existe no meu coração, não permite esse tido de abertura. Não permite que me mostre, sob pena de ficar no lugar de presa, mais uma vez. E assim se fecha a concha, assim se volta à origem. Aqui, neste sitio calado e solitário que nos permite falar com Deus, na esperança vã de uma qualquer resposta.

Gosto cada vez mais deste silêncio. Deste espaço no tempo que me permite ser apenas, sem medo de acusações ou de alguém eu aponte os meus defeitos. Gosto do que o isolamento da raça humana me dá. Pensando bem, é assustador gostar tanto de estar isolada. Mas olhando em redor, tirando as âncoras, tudo o resto me parece morto e sem graça.

Há quem diga que as qualidades estão lá, mas esses apenas me aliviam a dor em forma de pequenos balões de oxigénio que depressa se esgotam. Viveria melhor se o fizesse na ignorância, mas sei que mente quando me diz que não valho nada. Sei que apenas me quer ferir quando diz que não presto. Sei que usa a arma da infelicidade para me tentar tapar os olhos. E assim, torna-se mais doloroso, como se tivéssemos tido um acidente grave de viação e estivéssemos conscientes de tudo, o tempo todo.

Depois das suas investidas, resta pouco de mim. As dores da alma transformam-se em físicas, dificultando ainda mais o regresso à vida. Por sorte ou por pena, existem pequenos intervalos entre uma e outra. Nesses rasgos de tempo, volto a escrever, volto a sentir algo cá dentro que preciso desesperadamente de deitar cá para fora. Como se tivesse tomado um purgante, seguido de uma grave crise de verborreia.

E assim vão passando os minutos, as horas, os dias, os anos…

O relógio não pára, mas sinto que o tempo se esgota.


















terça-feira, 18 de outubro de 2011

Água, um bem essencial



Fui contactada telefonicamente por uma empresa, de seu nome Aquathin, que me fez um pequeno questionário sobre o consumo de água, em minha casa. Passada uma semana, ligaram de novo para me dizer que tinha sido "contemplada" com uma "Cleaning Ball"  ( bola mágica que cria uma onda energética, que quebra as combinações de hidrogénio da molécula da água em pequenos aglomerados e força-os a estarem activos, aumentando assim o movimento molecular. A acção da força aumenta a penetração nos tecidos, resultando numa lavagem que elimina a sujidade da roupa, sem uso de detergentes.)  Além deste prémio, iria receber a visita de um técnico que me faria um teste à água, para saber o que andamos nós a beber. Claro que quando a esmola é grande, o pobre desconfia e percebi que me tentavam vender algo. De qualquer modo, aceitei agendar a visita do tal técnico. Posso dizer-vos que fiquei realmente impressionada e estupefacta com a quantidade de sujidade que ingerimos na água canalizada. Rapidamente a minha torneira deixou de parecer uma simples torneira, para ser vista como uma saída de esgoto. Os testes realizados, onde não faltou a electrólise da água, foram muito elucidativos em relação à qualidade das águas canalizadas. Excesso de cloro, excesso de metais pesados, excesso de aditivos, excesso de porcaria, causadores de todo o tipo de doenças desde cancro, a pedra no rim, a entupimento das veias arteriais e outras. Enquanto fazia os vários testes, acompanhado por um cem numero de frasquinhos, comparava a água que saia da torneira com outra, filtrada por uma máquina que trazia consigo. Logo fiquei a saber que, tal como eu previra, se tratava de uma demonstração para uma posterior aquisição deste aparelho mágico. Realmente fiquei impressionada com o milagre da purificação da água, pois o paladar com que fica depois de filtrada, é o de uma água pura, de uma qualquer nascente do Norte do país. Mas o pior estava para vir. Acompanhando esta maravilha da tecnologia, vinha a conta, a módica quantia de 2500 euros, que poderiam ser repartidos em prestações suaves, por cinco anos.
Fiquei de dar resposta, na certeza porém de que não vou, com muita pena minha, adquirir. Mas, como sempre, fiquei a matutar sobre tudo isto. Continuo sem respostas, mas com algumas perguntas. Se a água que consumimos é assim de tão baixa qualidade, e se existe um modo de proporcionar água pura a toda a população, porque estará apenas ao alcance de quem tem poder de compra? Porque não incorporar um sistema destes em todas as casas? Porque sai caro? Pois bem, e se em vez de pagarmos saneamentos de custo elevado e que pelos vistos não saneiam nada, ou taxas que nem sabemos do que são, ou acertos mal explicados, pagássemos um pouco mais, mas por serviços de qualidade como este? Acho justo que se todos poluímos, todos deveríamos pagar por isso, mas em troca, deveríamos ser mais bem servidos.
 Dei uma vista de olhos no site da empresa. http://www.aquathin.pt/default.aspx?id=2
Foi então que descobri a frase que explica parte dos meus porquês. "O resultado - H2O Pura, a água mais pura disponível no mercado."
Isto não é para quem quer, mas sim para quem pode. Ela está disponivel no mercado, mas apenas para quem pode comprá-la. Quanto aos outros, bem podem morrer de cancro, pedra no rim, ou doenças vasculares. Sem dinheirinho, não há purificaçãozinha.
E depois, lá ficamos nós a maldizer a nossa condição económica e a condenarmo-nos por sermos maus pais, não podendo proporcionar uma melhor qualidade de vida aos nossos filhos, quando existe uma multinacional americana que até tem a resposta para a maioria das doenças que atormentam o Mundo. Basta filtrar a água. Ou por outra, basta ter dinheiro para filtrar a água.


domingo, 16 de outubro de 2011

Vamos de comboio ou de carro?


 Torna-se extremamente cansativo falar e ouvir sempre o mesmo, mas as noticias sobre dinheiro mal gasto em tempo de crise, não deixam de chegar aos ouvidos de todos nós. Muito bem fala o antigo ministro Bagão Félix quando diz que o sacrifício no corte de subsídios, não deveria ser apenas limitado aos funcionários públicos. Da minha parte não me importaria de fazer sacrifícios, não fosse a minha condição monetária, um sacrifício por si só. Mas como podem pedir mais, quando na pagina seguinte do jornal saem noticias como esta:  "Empresa da CP encomenda 13 carros de luxo para chefes".
O gasto de 237 120 euros em carros de alta cilindrada para os directores da CP, leva-me a crer que existe um poder concentrado, com o único objectivo de acabar com os mais desfavorecidos. Às vezes parece que existe um complou para gastar este mundo e o outro, enquanto tantos de nós passam pelas maiores dificuldades. Quando foi que o ser humano se deixou de importar com o resto do mundo, em seu proveito próprio? Será que esta sempre foi  uma caracteristica humana e que os restantes são seres deficientes, por terem consciência? Será que em vez de nos referirmos a uma pessoa caridosa e bondosa para com o seu semelhante, de humana, vamos ter que lhe passar a chamar deficiente?
"Aquela senhora é muito deficiente. Sempre a ajudar os mais necessitados."; "Aquele homem é um humano, sempre a roubar e a atraiçoar os pobres e desfavorecidos."
Pode ser que a moda pegue e que juntamente com o novo acordo ortográfico, se reinvente o significado de algumas palavras. Por exemplo, a palavra indignado pode perfeitamente ser o sinónimo de português.
Pois é, andamos todos muito indignados, enquanto os outros, os mesmos de sempre continuam a fazer grandes vidas, pouco se importando com o resto. Mas deixo uma pergunta no ar? De que lado se coloca você? Se tivesse oportunidade para viver em casas de luxo, com carros topo de gama, com férias pagas para todo o lado, com um ordenado chorudo ao fim do mês, com os seus filhos a terem aulas nos melhores colégios, recusava parte de tudo isto, para ajudar os mais desfavorecidos?
Posso com toda a certeza dizer que se a sua resposta é sim, esse deve ser o motivo pelo qual não tem nada hoje em dia.
No entanto se a sua resposta for não, se calhar tem que repensar a sua posição de indignado.

(imagens retiradas da Internet)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O uivo do Lobo

Tive o prazer de assistir à entrevista a António Lobo Antunes, que passou na RTP 1. Minto. Não tive um prazer, tive vários. Como foi bom poder beber um pouco da fonte do conhecimento e da cultura deste grande senhor, que fará para sempre parte da herança do meu país. Com palavras simples, em geito de quem não tem mais expectativas a serem defraudadas, com a coragem daquele que já nada teme, sem nada a perder, a não ser o tempo, que sente a escaciar, disse tudo. Mostrou o sentimento de impotência e de revolta que se espelha cada vez mais nos rostos de todos (ou quase todos) os portugueses. Pergunta num tom cansado e de desalento: "Quem foram os malandros que fizeram isto ao meu país?" Com certeza que ele sabe. Com certeza que todos nós sabemos. Mas ninguém se atreve a apontar nomes, nesta democracia podre, que condena homens inocentes e perpetua cargos políticos aos maiores ladrões da História. Bebi as suas palavras como se ouvisse aquele avozinho que nos conta histórias de tempos idos, como se elas se estivessem a passar no momento. Falou de algo tão importante como os programas televisivos actuais, ou as chamadas revistas "cor de rosa". Respeito quem gosta de ler essas revistas e ver esses programas, mas concordo quando diz que tudo isso estupidifica a nossa sociedade e nos atrasa a nível cultural. Concordo quando diz que a evolução e o patamar cultural de um povo, se reflecte no seu dia a dia e na sua evolução social e económica. Foi claro e sincero quando disse que apenas tem perguntas e nenhuma solução milagrosa. Tal como todos nós. Mas deixou no ar uma questão pertinente: podemos ser pobres, herdeiros de vidas complicadas, mas somos acima de tudo seres humanos, portadores de uma cabeça e de um cérebro racional. Porque será que raramente paramos para ouvir homens como este, mas perdemos horas do nosso dia a ver programas televisivos que apenas nos mostram o quão fútil, um ser humano pode ser? Porque será que nos custa dar dinheiro por um bom livro, por mês, mas não nos custa comprar um jornal diariamente, onde apenas se fala de mortes, assaltos violentos, crimes de violação, etc.? Será que ao mudar as mentalidades para o que é verdadeiramente valioso, (cultura, valores familiares, amizade, amor ao próximo...) será que poderíamos mudar algo? Será que sem querer, este senhor nos está a indicar um dos caminhos possíveis para um país verdadeiramente democrático? Claro que todos andamos preocupados com o que o futuro nos reserva, mas será esse um motivo verdadeiramente forte para julgarmos aqueles que colocámos no poder e cruzar-mos os braços, esperando que façam o que prometeram? Quantos governantes prometeram e cumpriram?  Quantos de nós estamos neste momento a cumprir com o que prometemos? Eu por exemplo, prometi que daria aos meus filhos uma vida melhor do que a que tive. Mas hoje faço-o com muitas dificuldades e sei que nem sempre lhes dou o que queria. Mas será isso assim tão importante? Será que o que eu quero dar a mais, não passa de capricho? Uma das maiores preocupações no momento são as medidas de austeridade implantadas pelo governo. Compreendo que será muito difícil superar esta prova, quando contamos com os subsídios para colocar as contas em dia. Mas também é certo que durante muitos anos, chegado o Natal, a maior preocupação de todos eram as prendas e chegadas as férias, a maior preocupação era o destino das mesmas. Penso que esta "crise" de que tanto se fala, nunca deixou de existir, revelando-se agora num bicho de sete cabeças, porque a fonte secou e o tempo das vacas gordas se extinguiu. Não é um crise económica, nem financeira, é sim, uma crise social, que embora grave, nos pode fazer mudar as consciências. É acima de tudo, uma oportunidade de fazer diferente, de dizer basta, de optar por arregaçar as mangas, sem nos sentarmos de braços cruzados reclamando a refeição que nos prometeram. É uma oportunidade de deixarmos de ser carneiros que seguem o rebanho, apenas porque todos os outros o fazem. O pior erro de todos, é aquele que se perpétua por medo de fazer diferente. Por isso, não se sinta mal por não dar ao seu filho o ultimo jogo da PSP, não se sinta mal por não poder ter a mesa farta que teve em tempos. Sinta apenas agradecimento por ter comida na mesa, partilhe com os mais novos os Natais de tantas famílias que não têm nada, recordando o verdadeiro significado desta época. E se puder, se tiver forças para tal, partilhe com alguém o pouco que tem. Nem que seja um sorriso. Não porque estamos no Natal, mas sim porque é disso que a vida é feita: de Homens e Mulheres que vivem em sociedade. Transmita aos mais novos o que Ghandi dizia: "No Mundo existe o suficiente para todos, se apenas tomarmos a nossa parte."

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Amigos, amigos, negócios à parte

É sempre bom receber uma voz amiga. Principalmente quando nos sentimos desesperados com as circunstâncias da vida. Por esse motivo e por nos encontrarmos numa situação de crise  sócio-económica, a linha SOS Voz Amiga, que se encontrava desactivada desde 2008, foi reactivada. Criado em 1978, o Centro SOS Voz Amiga é um serviço de ajuda pelo telefone em situações agudas de sofrimento, situações extremas de solidão, angústia, depressão ou risco de suicídio.
Mas atenção, se sofre destes sintomas, tem que esperar até às 21 horas para receber a "voz amiga". É que esta linha de apoio, apenas recebe as chamadas entre as 21 e as 24 horas. Será que fizeram algum estudo em que perceberam que a maioria das pessoas se sente pior de noite, depois do jantar? Será que imaginam que enquanto esperam pelas 21 horas, lhes passa a vontade de se suicidar?
Este serviço, considerado de "primordial importância", não deveria estar ao alcance de todos, a qualquer hora do dia?
Decidi investigar a proveniência desta linha de ajuda e deparei-me com uma novidade (pelo menos para mim). Esta linha de apoio é proveniente da fundação EDP, facto que podem constatar através do site http://www.sosvozamiga.org/ . Tentando saber mais sobre como tudo isto funciona, tentei perceber quem são as pessoas que nos atendem do outro lado da linha. São voluntários que recebem formação de profissionais da área de saúde mental , que se  realiza num contexto de troca de experiências, destinada a ajudar cada candidato a tomar consciência do seu potencial de ajuda e dos seus limites. Pode ainda ler-se no site, o seguinte: "Parte-se do princípio de que todas as pessoas têm capacidade de ajudar, modelados pelas suas experiências de vida." Um dos requisitos para ser voluntário é ter equilíbrio emocional. Penso que mais difícil do que arranjar voluntários, será encontrar voluntários equilibrados emocionalmente, nos dias de hoje. Mas talvez aqui resida a resposta para o numero de horas de atendimento desta linha ser tão reduzido.

Voluntários ainda se vão arranjando, mas voluntários equilibrados emocionalmente, nem por isso.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cantas bem, mas não me alegras!






Tudo é permitido nesta "Republica das Bananas" que hoje comemora 101 anos de existência. Claro que me refiro à Madeira e ao seu divertido Jardim. O povo é quem mais ordena e este dinossauro madeirense, sabe bem o que o povo quer. O povo quer festa, futebol e almoçaradas de borla, mesmo que seja à custa de uma crise que nos manda apertar o resto do cinto. Então vamos lá fazer campanha para ganhar uma maioria absoluta e calar "essa gente do Continente". Que venha o Tony Carreira, o Michael Carreira e mais uma dúzia de carreiras cheias de gente para assistir. Do que vale falar de dividas e dificuldades quando "esta foi a vida que escolhi", está no ar? Vamos mas é inaugurar mini lojas do cidadão. Vamos fazer comícios gigantescos, onde o discurso do Presidente apenas é interrompido por uma musica estridente, em tom de espectáculo de feira. Dancemos então ao som deste disparate que só pode ter lugar num País como Portugal.
Como pode alguém que só fala mal do Continente, exigir seja o que for, depois dos milhões que foram enviados para a Madeira?
Como pode o Sr. João Alberto Jardim exigir seja o que for do Continente, depois de toda a ajuda que recebeu a quando das cheias que arrasaram a Madeira?
Como pode um homem gerar uma divida desta dimensão e ainda dizer, e passo a citar: "O que eu devia ter feito? Devia não ter feito nada à espera que alguém nos desse dinheiro, ou devia ter feito, enquanto houve dinheiro na Europa, nos bancos e no Estado, devia ter feito o que fiz, mesmo à custa da dívida?"
Não me digam que foi uma surpresa geral, o que este senhor andou a fazer durante todos estes anos. Não me digam que ele fez tudo isto sozinho. Respondam-me antes a uma pergunta simples:
Como pode este homem continuar a candidatar-se ao cargo de Presidente da Madeira?
Estarei a ver mal as coisas, ou tudo é permitido no meio politico?
Não será compreensivel aos olhos de qualquer um, que se o meu desempenho numa empresa for prejudicial à mesma, devo ser afastado do meu posto de trabalho?
"Mas afinal, o que é que isso interessa? Eu só vim cá para ver o Tony e beber umas "jecas". Eu nem entendo nada de politica! JARDIM! JARDIM! JARDIM! TONY! TONY! TONY!"

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Carta ao Primeiro Ministro

Exmo. Senhor Primeiro Ministro,
Dr. Pedro Passos Coelho



Escrevo-lhe esta carta, talvez tardiamente, para lhe dar a conhecer uma realidade da qual está provavelmente alheado. Recordo-me que na altura das eleições, o Sr. se referiu aos adultos que frequentam as Novas Oportunidades como ignorantes. Pois bem, vivemos em democracia e talvez por isso, temos que aceitar todas as opiniões, mesmo que não concordemos com elas. Na verdade, o senhor veio vincular uma ideia com a qual muitos portugueses concordam. É quase uma vergonha dizer-se publicamente que se tem uma equivalência do 9º ano ou do 12º, conseguida através do processo de RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências).
Concordo que não deveria ser permitido ter acesso à faculdade através de um processo como este. Penso que não será justo para com aqueles que a muito custo, tiram o seu curso, pagando propinas exageradamente altas e estudando afincadamente por vários anos, comparativamente à brevidade com que tudo se passa num processo desta natureza.
 Inscrevi-me nas Novas oportunidades e basicamente o que me foi pedido, foi que escrevesse uma auto biografia. Que relatasse toda a minha vida, desde que nasci, até aos dias de hoje. Sinceramente, não conseguia entender como poderia a minha história de vida demonstrar fosse o que fosse sobre as minhas capacidades ou competências, mas depressa entendi que tenho vindo a desenvolver capacidades e competências, que embora não estejam validadas por nenhum curso ou empresa,   me permitem vingar no mundo laboral e noutros. Se não, vejamos:
Fiquei sozinha com o meu pai com quinze anos e fui dona de casa, cozinhando, lavando e engomando, enquanto estudava.
Sou mãe de dois filhos, um com dez anos e outro com dois. Não tirei nenhum curso, mas tive que aprender a educá-los da melhor maneira, trabalho todos os dias para que não lhes falte nada. Nada do outro Mundo, dirá o senhor. Mas tente alimentar, educar e vestir duas crianças, com um ordenado de quinhentos euros. Se isto não é uma competência, não sei que nome lhe dar.
Tirei um curso de empregada admininstrativa, nível I, que não me serviu de muito, visto que o que conta, são as experiências profissionais. Trabalho desde os meus dezasseis anos, em restauração.
Nunca tirei nenhum curso de computadores, mas escrevi e editei quatro livros, três deles infantis. Tudo feito por computador, e através da Internet.
Estes são só alguns exemplos de competências que tenho vindo a adquirir ao longo da minha vida.
Esta é a minha história, não estudei na altura que o devia fazer, porque a vida não permitiu. Conheci imensas pessoas que tiveram a mesma sorte. Isso pode, como o Sr. diz, fazer-nos ignorantes, mas não incompetentes. Existem pessoas a recorrer ao processo de RVCC, que na altura em que deviam ter estudado, cultivaram campos, tomaram conta de animais, e trabalharam duramente para ajudar a colocar mais um prato de comida na mesa. Esses "ignorantes", foram o motor bruto deste país, sacrificando os seus corpos e as suas vidas, para sobreviverem, em troca de muito pouco. Hoje não é assim, mas antes de pagarem para deitarmos o nosso produto no lixo, ou simplesmente para não produzirmos, o nosso povo vivia da agricultura e tinha orgulho do que era seu.
Posso dar-lhe vários exemplos de "ignorantes" que entraram em fábricas com treze anos de idade e que depois de lá deixarem sangue, suor e lágrimas, foram dispensados com uma indemnização de miséria, ou mesmo sem nada.
"Ignorantes" que desistiram da escola, porque tinham familiares doentes que eram o sustento da família.
Os exemplos são tantos, quantas as auto biografias que existem. Cada um com a sua história, cada um com as suas capacidades e competências, mas sem validação aos olhos de uma sociedade que vive cada vez mais das aparências. Deixo aqui o convite, para que leia algumas destas histórias.
Somos ignorantes, sim. Somos ignorantes por não termos tido a esperteza de tirar um curso a um Domingo, ou de não termos copiado nos exames, ou simplesmente porque mesmo no meio da maior dificuldade, optarmos pelo correcto e não pela burla e pelo roubo. Somos ignorantes, porque bebemos diáriamente o veneno que nos entra em casa pelos meios de comunicação, dizendo que devemos dar poder aos mesmos que destruíram este país, e que o remédio é "apertar o cinto". Mas principalmente, somos ignorantes por aceitar e interiorizar que não somos merecedores de Novas Oportunidades, nem de uma vida melhor. Que não temos valor ou que temos apenas o valor que os outros nos dão.
Mas como vê, não preciso de ter um curso universitário para lhe dizer o que penso. Enquanto tiver uma mente para pensar por mim, aceitando todas as criticas construtivas, e apagando o lixo que me tentam impingir, terei sempre uma oportunidade de validar as minhas competências. O meu agradecimento vai directamente para os profissionais de formação que me acompanharam e que me mostraram que somos muito mais do que um certificado de habilitações. Somos muito mais do que números, sentados num centro de emprego. Somos cidadãos portugueses, somos filhos de uma nação conquistadora que nunca se deteve por mais negro e obscuro que o horizonte se apresentasse. Neste momento, não tenho vergonha de o dizer: Posso ser apelidada de ignorante, mas nunca de incompetente.
Com os melhores cumprimentos, despeço-me atenciosamente.

Sónia Marques

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Recordando o paraíso - Jampaias


Imagine que vai passar um fim de semana diferente. Entra no carro com três amigos e viaja rumo ao Alentejo. Depois de umas indicações desenhadas num papel e de uns quantos enganos, depara-se com uma herdade no meio da Natureza, rodeado de ar puro e de uma vasta e variada vegetação. Logo à entrada, os painéis solares e uma horta de cultura biológica, convida a desfrutar de energias renováveis e de uma cozinha vegetariana cheia de odores e paladares desconhecidos e deliciosos.
Ao chegar, encontra um grupo de desconhecidos, cúmplices de aventura, que depressa se tornam amigos de longa data.
Para quem pensa que as surpresas acabaram, é desiludido ao vislumbrar o interior da habitação que o acolherá.
Quartos com uma simplicidade e bom gosto tal, que eleva a vontade de mudarmos de casa por um período indeterminado de tempo.
Recantos que convidam à leitura ou simplesmente ao descanso, sem lugar para televisões ou noticias do Mundo.
Perto dali, um enorme espaço, onde antes seria um celeiro, completamente decorado para receber os seus hóspedes, proporcionando terapias alternativas, meditação e relaxamento.
Depois destas actividades, uma caminhada pelas imediações para recuperar o fôlego e abrir o apetite para o almoço.
E que almoço! Cozinha vegetariana com cheirinho a Alentejo, escondendo receitas dos Deuses.
Mais um pouco de exercício e meditação, Reiki e Yoga.
Depois de um bom banho, estamos reunidos em volta de uma fogueira, contemplando o magnifico céu estrelado e evitando pensar no regresso a casa. A vontade de ficar não combate a necessidade de regressar à vida real, mas ficará para sempre a promessa de um regresso a este paraíso, chamado Jampaias.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Gostar de quem ficou

Quando alguém nos magoa uma vez, deve dar-se o beneficio da duvida. Quando alguém nos magoa uma segunda vez, devemos ficar em alerta. Mas quando alguém nos magoa constantemente e de tanto perdoar, já não sabemos como agir em relação ao outro, criamos um problema gigantesco.
Será que o outro não se encherga? Será que não atinge o mal que causa? Será que pensa que a nossa benevolência é à prova de tudo e que pode continuar a agir do mesmo modo? O que fazer quando o amor que sentimos pelo outro, cria uma barreira de tal modo opaca, que ficamos sem saber como nos defender?
É certo que fomos nós próprios que criamos este problema, mas como sair dele?
Não me refiro àquelas pessoas que nos fazem mal, usando a violência psicológica ou mesmo fisica. Refiro-me àqueles outros do qual dependemos sentimentalmente e que não nos prejudicam directamente, mas que têm actitudes constantes de despreso, mascaradas por conversas banais e pela palmadinha no ombro.
Quando finalmente ganhamos coragem para falar dos nossos sentimentos e para revelar o mau estar com que vivemos, perante tais actitudes, a admiração é geral, como se fossemos loucos, que de repente estivessemos com os nervos em franja.
Não, não somos loucos. Somos seres humanos danificados, pois tarde percebemos que a vida não é tão simples como nos fizeram acreditar. Não podemos tratar o amor como um bem adquirido e garantido, porque há muitos que não têm a sorte de poder contar com ele.
A esses, escangalhados e destroçados por serem diferentes, resta apenas quebrar a corrente, levando a vida a contrariar o que lhes fizeram.
Se calhar a melhor maneira de o fazer é tratar quem sempre esteve presente, com amor e esquecer os que se afastaram uma e outra vez. Por isso há que tratar a única pessoa que sempre permaneceu do meu lado, da melhor maneira possivel. Por isso, vou gostar mais de mim, a única que nunca me abandonou.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Viver não custa; custa é saber viver



Portugal é um país onde nos habituámos a reclamar por tudo e mais uns trocos. Para o português nada está como deveria estar. Se chove, é porque chove; se não chove é porque temos seca. Se faz frio, é porque faz frio; se não faz frio, está um calor que não se aguenta. Se temos passagens aéreas para atravessar as linhas dos comboios, passamos na linha para não ter que andar muito; se não temos passagens aéreas para atravessar as linhas dos comboios, rebentamos com os muros que nos impedem de passar por elas.
Foi o que aconteceu em Vila Nova de Gaia, quando os moradores de S. Félix da Marinha destruíram pela terceira vez um muro, que impede os peões de atravessarem a linha do comboio, passagem que usam para chegar à praia. Os moradores encontraram desta forma uma maneira de reclamarem junto da REFER, exigindo uma passagem desnivelada.
E agora pergunto eu: e se no meio dessa reclamação, alguém tem o azar de ficar debaixo de um comboio, de quem é a culpa? Além disso, não será mais cansativo dar cabo de um muro, do que dar uma grande volta para chegar ao destino?
Estou mesmo a imaginar a a típica família portuguesa a chegar à praia de sacos, toalhas, bóias e com a tradicional geleira na mão. Dizem os putos:
- Pai, podes encher a minha bóia?
Responde o pai:
- Tás parvo, ou quê? Achas que depois de deitar aquele muro abaixo, ainda tenho fôlego para encher seja o que for? Vou mas é beber uma "mine" ali ao bar.
E lá vai ele, beber a sua "mine", ver as miúdas passar e fumar o seu cigarrinho. Ai, como é bom ir à praia em família.
Por falar em fumar um cigarrinho, parece que o ministro da saúde islandês propôs um projecto lei, no mínimo, inovador: fazer do tabaco um produto sujeito a receita médica.
Visto assim a cru, parece uma ideia patética, mas se traduzirmos isto para a realidade do nosso país, faz algum sentido. Se não vejamos:
- O tabaco passaria a ser vendido exclusivamente nas farmácias. Isto era bom a nível de poupança, pois ao entrar num estabelecimento para comprar tabaco, pedimos sempre um café ou uma cerveja. Numa farmácia ninguém vai beber um frasco de Benuron, para em seguida fumar um cigarro.
- O tabaco seria prescrito pelos médicos de família. Como mais de metade da população portuguesa não possui médico de família, a maioria dos fumadores deixariam de fumar (legalmente).
- Os que fossem apanhados a fumar sem receita médica, eram penalizados com multas. Os cofres do estado enchiam e podia ser que não fosse necessário tanta caça à multa nas estradas.
Esta questão das receitas médicas é que me custa a visualizar. E se o médico exercendo o seu direito de objector de consciência, não quiser passar a receita? Ou se for como o meu médico, que quando é preciso, vai de férias, quando volta, vai de baixa e quando regressa, vai para um qualquer congresso? Isto expandiria com certeza uma espécie de "mercado negro" das receitas médicas, ou até mesmo, algum tipo de contrabando.  Já estou a imaginar a cena: uns sujeitos de aspecto duvidoso, à porta dos centros de saúde, de gabardina comprida, escondendo um mostruário de maços de Ventil, Filtro, ou Mallboro, aliciando à compra ilícita do produto. Nisto, vem um policia:
- Boa tarde, senhor transeunte. A sua receita médica, por favor.
E a pessoa em questão a apalpar os bolsos, alegando que a deixou em casa.
- Muito bem, vou autoá-lo.
- Oh, senhor agente, não faça isso. Isto já anda tão mau, estou desempregado tenho três filhos, uma mulher acamada e a minha sogra num lar.
- Bem, está bem. Dê-me lá três cigarrinhos e não se fala mais nisso. Mas para a próxima, não se livra.
O melhor mesmo, é deixar de fumar. O tabaco é um vicio cada vez mais caro e extremamente prejudicial à saúde. Será melhor em vez disso, ocupar o seu tempo com coisas mais saudáveis, tais como o exercício físico. Fazer um jogging matinal, caminhada, desporto ou... sexo.
É o que faz chefe de estado Italiano, Sílvio Berlusconi que, segundo o seu médico pessoal, pode manter seis relações sexuais por semana, apesar de precisar de descansar ao sétimo dia. Penso que já a Bíblia se referia ao mesmo, (talvez sobre outro assunto), quando Deus ao sétimo dia descansou. A única prescrição médica é fazer uma soneca de 45 minutos todas as tardes.
Aos 74 anos de idade, e depois de ter vencido uma batalha contra um tumor na próstata, a vida de Berlusconi resume-se a ir ao Parlamento dizer umas piadas, fazer sexo e dormir umas sonecas. (Encerra ao Domingo, para descanso do pessoal)
Viver não custa; custa é saber viver.





terça-feira, 5 de julho de 2011

Insólitos à Portuguesa


 Li hoje no jornal, que uma mulher foi apanhada a tentar ajudar o marido a fugir de uma prisão no México dentro de uma mala, depois de uma visita conjugal. Parece que a rapariga de 19 anos apenas, mostrou uma certa dificuldade em puxar uma mala com rodas, o que despertou a curiosidade dos guardas prisionais.
Lá dentro estava nada mais , nada menos do que o companheiro, em posição fetal e, aposto, com alguma falta de ar.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1897512
O senhor em questão cumpria uma pena de 20 anos de prisão, por posse ilegal de arma. E é aqui que o insólito acontece.
Não, não é o senhor a ser transportado numa mala de viagem.
Não, não é a audácia da companheira.
Não, não é o facto de o senhor caber na mala.
Mas sim, cumprir uma pena de prisão de 20 anos, apenas por posse ilegal de arma.
Ou a história está mal contada, ou o sistema juridico daquele país é muito mais severo do que o resto do Mundo. Então e se o senhor assaltar uma bomba de gasolina, será que lhe é administrada a injecção letal?
Mal contada ou não, a verdade é que esta realidade está muito distante da portuguesa. Basta ver o caso do policia da GNR que foi condenado a seis anos de prisão, por ter molestado uma menor.
Além disso, nós por cá até temos policias que conduzem sem carta, por isso não me admira que existam alguns que nem tenham porte de arma.
É por estas e por outras que Portugal é considerado um paraíso. Aqui tudo é permitido e tal como os nossos costumes, brando.
Vejam o caso do Vale e Azevedo, por exemplo. Coisa mais branda não há. O processo de extradição de do Reino Unido para Portugal, que se encontra suspenso sem data marcada após sete audiências, completa três anos na sexta-feira. Enquanto isso, lá vai dando mais umas "golpadas", em terras alheias (thank  God).
Mas nada disto importa quando se fala de recordes e Portugal já é detentor de alguns.
Não, não é do numero de vezes que Fernando Nobre se candidatou a algo.
Não, não é do numero de vezes que o IVA aumentou.
Não, não é do numero de desempregados.
É um doce de forma fálica, com 20 metros de comprimento, que vai ser preparado e apresentado por uma confeitaria de Amarante na próxima mostra do vinho verde da cidade. O doce é uma réplica gigante dos famosos doces de São Gonçalo, composto por 90 dúzias de ovos, 70 quilogramas de açúcar e 50 de farinha. A organização acredita que vai ser batido o recorde do maior doce de S. Gonçalo alguma vez preparado em Amarante.

Reza a História, que a forma fálica do doce, que é uma tradição em Amarante, está relacionada com a fama do beato S. Gonçalo como casamenteiro. http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/doce-falico-promete-fazer-furor
Há lugares com muita sorte, nós cá em Lisboa temos o Sto. António e só lhe vemos o manjerico.

(Imagem retirada da Internet)







segunda-feira, 4 de julho de 2011

Vamos mas é de férias, que o Natal já ardeu!


                                                                          (Foto retirada da Internet)

A crise já faz parte da nossa vida, obrigando todos a viver com ela, como uma esposa chata e faladora que não nos dá descanso.
As noticias dão-nos conta de que os portugueses estão a controlar o seu dinheiro de todas as maneiras possíveis. Nesta altura a situação é mais notada, no que diz respeito às férias. Os que iam para o México, optam pela Europa, os que iam até Espanha, ficam-se pelo Algarve e os que iam para a casita de família no Norte, com um pouco de sorte, vão molhar os pés às praias da linha e depressinha, que têm o almoço para fazer em casa.
Com toda esta poupança não é de admirar que as patrulhas da policia de transito, tenha vindo a verificar menos acidentes nas estradas portuguesas. É que o numero de carros a circular deve ter diminuído considerávelmente.
E mesmo aqueles que ainda têm uns trocos para gastar em combustível, são apanhados sem seguro, sem inspecção periódica dos veículos e, nalguns casos, sem carta de condução. O dinheiro não dá para tudo.
Graças a Deus que ainda dá para uns copos, ou não fossem muitas vezes autoados por condução sob o efeito do álcool.
Mas nem todos viajam para se divertir ou descansar. Há muitos que viajam para trabalhar, mas nem assim têm um pouco de sorte na vida. É o caso dos 42 portugueses que estão detidos em Luanda, aguardando a extradição para Portugal, por falta de visto. Está visto que não são só os ladrões que têm que ter um pouco de sorte na vida, os trabalhadores também.
Só tenho pena que não se possa proceder a um sistema de troca: trocamos os nossos 42, por 42 vossos que vieram para cá, não trabalhar, não gerar riqueza ao país, mas roubar, matar e violar.
Portugal está a ficar de um modo que vai haver dias, que um "gajo" à tarde, não pode sair à noite.
E já nem vale a pena chamar a policia, pois os que são sérios não têm poder e os que têm poder não são sérios.
As noticias de hoje falam de um senhor, chefe de sala do Casino de Lisboa, que foi apanhado a roubar. Em boa verdade vos digo, que fiquei mais chocada com o facto de se ter deixado apanhar de modo tão estúpido, do que própriamente do roubo em si. Claro que não acho correcto qualquer tipo de roubo, mas se tivermos em conta o elevado numero de pessoas que dão cabo das suas vidas, em favorecimento do jogo e dos casinos, sempre é melhor roubar assim, do que roubar pensões de 200 euros a velhinhas.
Mas o senhor era profissional de um casino e não de roubo, logo, disse a toda a gente que tinha ganho o euro milhões. Claro que ninguém acreditou e começaram a mantê-lo debaixo de olho. Daí a ser apanhado, foi um pulo, ou por outra, foram duas fichas de mil euros cada.
Mas não se preocupem, por enquanto estamos bem. Vamos mas é de férias, descontrair e descansar. O que é que importa se, ao chegar ao Natal, não tenhamos sequer dinheiro para as couves? Olha, em ultimo caso, trocamos o bacalhau pelo palouco e as couves por uma açorda.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Os miúdos




Esta é uma peça aparentemente sobre adultos, mas, no final de contas é uma história contada e vivida por crianças. Olhos inocentes de um grupo de miúdos abandonados, que foram vítimas de maus tratos, da pobreza e da droga. Uma proposta de reflexão à sociedade, uma sociedade com medo, desequilibrada, que age empurrada por impulsos, com indiferença, com violência, crueldade, surdez e cegueira. Esta é a história da Mané, da Cati, do Rico, do Tico, da Quiba, da Truca, do Joca, da Micas, da Lili, e da Maria, querem contar sobre as suas esperanças, da necessidade de alcançar o céu, o seu céu. De levá-los numa viagem estranha, mirabolante, frenética e triste, só para questionar o porquê! O que fizeram para merecer tal castigo e a pressão de saberem o que sabem, de verem coisas, coisas que não querem ver.


Texto e encenação: João Rosa
Direcção de actores: Catarina Gonçalves
Coreografia: Yann Gibert
Alunos da Oficinas de Teatro: Ana Constâncio, Adriana Mateus, Beatriz Ferreira, Catarina Lalanda, Carolina Azeitona, Diana Freitas, Francisco Ribeiro, Igor Costa, Magda Santos e Matilde Rua de Almeida.
Preço do bilhete: € 4,00
Dia e Horário: 19 de Junho às 15:00 (inicio do espectáculo)
Local: Auditório Camões
Morada: Rua Almirante Barroso 1050-129 Lisboa

“Só triunfam os que se atrevem a atrever-se”
(George Clemenceau)

Website: www.joaorosaoficinasteatro.wordpress.com Tel: +351 93 823 85 65 E-mail: producoesteatrais2@gmail.com

sábado, 30 de abril de 2011

Deixa-me morrer

Quero morrer
Deixa-me morrer e começar de novo
Prometo que desta vez será diferente
Prometo que não esquecerei tudo o que aprendi
Prometo que tudo farei para ser alguém diferente
Para ser merecedora do Teu amor
Para ser merecedora da Tua atenção
Para ser uma pessoa melhor

Mas porque não me ouves?
Porque não me dizes como fazer?
Porque me deixas sozinha no escuro,
Procurando desesperadamente
Pelo caminho de regresso a casa?

Estou como vim ao Mundo
Nua , sem conhecimento, sem saber
Sozinha, acima de tudo sozinha
Tal como nasci, tal como morrerei

Mostra-me um pouco do mal que fiz
Para perceber o motivo do mal que recebo
Mostra-me que não mereço o Teu consolo
Mostra-me onde foi que perdi o fio
Esse fio que me ligava a Ti
E que hoje não passa de uma miragem

Não peço certezas, apenas motivos
Motivo para acordar
Motivo para desejar
Motivo para respirar mais uma vez

Tudo isso me foi negado
Sobrevivo sem dar conta
Que a vida já partiu
E a carcaça anda à deriva
Embalada por um mar vazio

Mar morto que me embala
Vida fingida que parece real
Filme do que fui
Projectado no que nunca serei

E assim vou andando
Sem motivos e sem lei
Apenas arrastada
Esperando a morte que tarda

Será ela libertadora?
Poderei por fim ser eu?
Ou será escuridão
Como sempre, até aqui

segunda-feira, 14 de março de 2011

A herança envenenada

O chão treme, o mar vira entulho, tudo o que foi criado é arrasado, qual baralho de cartas que se desmorona sob uma brisa. Dos que restam, apenas se ouvem pedidos, suplicas de melhor sorte, a um Deus maior, que possa emprestar um milagre. Rezas e suplicas dos que não se dão conta que o mesmo Deus a quem pedem, é aquele que os sustenta e lhes envia sinais de alarme, de novos tempos, de mudança. Esta nave perdida no Universo, arrasta-nos com ela, sem pedir nada, a não ser respeito. Não, o Mundo não está a acabar. O Mundo está, como qualquer ser vivo, a adaptar-se, a transformar-se, com vista a sobreviver aos maus tratos que lhe infligimos diariamente, há milhões de anos. Nas nossas casas, tentamos ter o melhor, arranjar tudo o que se estraga, a deitar o lixo no lixo, limpar e desinfectar os nossos ninhos. O resto..., o resto não é connosco. O resto, a Terra que resolva. Pois bem, mais uma vez, a Terra resolveu sacudir, como um cão faz depois de um bom banho, decidiu mudar a mobília e arrumar umas coisinhas que tinha na garagem. Para nós, humanos, isso não se faz. Muitas vidas se perderam, muitos danos serão irreparáveis. Mas não seremos nós, humanos, apenas um grupo alargado de animais "racionais", que ocupam espaço, dizimam florestas, acabam com os solos, contaminam oceanos, matam espécies de todos os tamanhos e feitios em proveito próprio, incluindo a nossa própria espécie? Virar as costas aos problemas, não nos tira as responsabilidades. Fechar os olhos porque foi do outro lado do Mundo e rezar para que nunca nos aconteça o mesmo, não resolve nada. Apenas peço, para que esta recente catástrofe não seja mais um tema de conversa nos cafés, mais uma noticia da semana, que na próxima, já não seja noticia. Espero sinceramente que os senhores do poder paguem todas as rendas em atraso, antes que todos nós sejamos despejados da nossa própria casa, Há quem diga que é tarde demais, mas eu não acredito. Se um ser como a Terra nos acolhe há tanto tempo, sendo constantemente torturada, sem nunca ter sentido um pedido de desculpas, imaginem quanto tempo mais nos concederá, se começarmos agora a mudar as nossas acções. E, se depois de tudo isto ainda pensarem que isto não passa de mais um discurso de ambientalista, pensem então nos vossos filhos, naqueles que por cá ficarão mais tempo, sem água potável, sem oxigénio, sem qualidade de vida, apenas com anos para sobreviver, deixados como uma herança envenenada.

(imagem retirada da Internet)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Todos loiros e de olhos azuis

As redes sociais estão na moda. Todas elas se revestem de promessas de combate à solidão, de novos contactos ou negócios, de novos relacionamentos ou amizades. É incrível de assistir a quantidade de pessoas que dedicam várias horas do seu tempo, em frente a um computador, deixando até a "caixa mágica" como o segundo instrumento de distracção, existente numa casa. Muito se tem falado do risco da navegação na Internet, por parte dos menores. Mas raramente se fala dos riscos que esta acarta, relativamente aos adultos. Tive em tempos uma professora que dizia, que "na Internet, todos somos loiros e de olhos azuis". Isto é, na maioria das vezes, não temos a noção de quem é ou do que pretende, a pessoa que está do outro lado. E tal como as crianças, somos influenciados por vidas fictícias, de pessoas que nos dizem o que queremos ouvir e não, o que são na realidade. A verdade é que quantos mais somos, mais sozinhos nos sentimos, incompreendidos, isolados. Isso faz com que uma simples conversa com um desconhecido, seja mais fácil do que uma conversa séria, com a pessoa com quem temos problemas. Concordo que as redes sociais nos abrem portas e novos conhecimentos, mas nem sempre serão os mais saudáveis. Penso que antes de fazermos filmes na nossa cabeça, devemos encontrar o que realmente queremos, no nosso coração. Tudo o que é demais, é prejudicial. Assim sendo, há que usar a Internet, como tudo na vida, em porções q.b.  Acima de tudo, nunca deixem de ser quem são, tendo sempre atenção ao ego. O ego cega quem depende dele e tolda o juízo de quem o subestima.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Olá,
relembro a todos vós, que o meu livro, "O princípio de um fim qualquer" , se encontra à venda no site da editora Euedito. Posso desde já relatar que tenho recebido um excelente "feed back" sobre esta obra. Todos aqueles que já a leram e dos quais tive noticias, dizem que desde a primeira página, foi dificíl, se não mesmo impossível, parar de o ler. Continuam dizendo que dentro de uma escrita simples e leve, se encontra o essencial da mensagem. De fácil leitura, destinado a um vasto público, compreendido entre as idades dos 18 aos 108 anos.
Frequentemente me fazem as seguintes perguntas:

- o que me levou a escrever este livro?
- como foi que consegui imaginar tal história?

As respostas são simples; o que me levou a escrevê-lo, foi um conjunto de situações: em primeiro lugar, desde pequena que adoro tudo o que esteja ligado com literatura e escrita. Depois, o sonho de ver um livro de minha autoria, de o ter nas minhas mãos, de sentir o poder de transmitir aos outros os meus pensamentos, partes da minha vida, lições que aprendi ou não; basicamente, o desejo de me dar aos outros, usando o que mais gosto de fazer: escrever.

Em relação à segunda questão, posso dizer que nem eu sei bem como aconteceu. Sei que comecei por querer escrever sobre algo que me era familiar, mas quando dei por mim, com a obra acabada, não podia acreditar que a tivesse escrito. Isto é, sei que fui eu que a escrevi, mas não tenho dúvidas que algo me impulsionou para o fazer e que me guiou durante todo este processo. Tive noites de dormir três horas apenas, pois o impulso para escrever e o desenrolar da acção era tão forte, que as minhas mãos não conseguiam largar a caneta. O mais estranho, era que no dia seguinte, ao ler o que tinha escrito, embora me lembrasse de o fazer, não podia acreditar que tudo aquilo tinha saído da minha cabeça. Tenha tido ajuda de alguém que me guia, ou não, ele cá está, esperando que o procurem e que gostem tanto de o ler, como eu gostei de o escrever.

Penso que a principal mensagem deste livro, é que todos temos uma segunda, terceira ou um numero infinito de oportunidades de ser felizes e de levar a nossa missão a bom porto. Mas a chave desse sucesso, não reside nos outros, numa sociedade que nos obriga a correr, no poder ilusório do dinheiro ou da comodidade pessoal. A chave que abre a porta da felicidade, está à espera de ser descoberta através das lições da(s) vida(s), através de uma mudança de postura perante os outros e perante nós mesmos. Resta saber se estamos dispostos a olhar para os nossos erros e com eles aprender a ser alguém melhor.

Para os que já leram, faço aqui o apelo para que o divulguem a todos os vossos amigos e conhecidos.
O link ao qual podem aceder é:
http://www.euedito.com/o-principio-de-um-fim-qualquer.html
Agradeço a todos vós, desejando que encontrem todas as vossas respostas, para que o caminho se torne mais fácil de ser percorrido. Que acreditem sempre em vós, pois mesmo que o caminho seja solitário, nunca estarão sós.
Bem haja a todos.

Sónia Marques

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Palavras para quê? São artistas Portugueses!

Todos nós temos desejos que gostaríamos de ver realizados. Muitos deixam até escrito, algo que desejam após a morte. Foi o que fez Carlos Castro, deixando escrito num livro de sua autoria, que gostaria de morrer em Nova York. O destino fez-lhe a vontade, embora de uma maneira nada pacifica. Concordo com o facto de deixar as cinzas do colonista na cidade que mais lhe dizia em vida. Não concordo, no entanto, com a maneira como isto foi feito. Deitar as cinzas num respiradouro, seja ele qual for, é algo de patético, que raza o ridículo. Um respiradouro, tal como o nome indica, serve para algo respirar. Pelas imagens pode ver-se a dificuldade que tiveram em cometer tal acto. Penso que pouco ou nada dos restos mortais de Carlos Castro, entrou naquele respiradouro. Tanto quanto pude ver, mais valia terem deitado as cinzas ao vento, num jardim ou perto das águas da cidade. Nada disto deveria ter sido feito em público, não fosse a febre do protagonismo, encher a cabeça de muita gente. São momentos sentidos, que devem ser testemunhados pela família e amigos mais próximos e não, em plena praça pública, com dezenas de cidadãos americanos a testemunhar a poluição nas suas ruas. É quase como se fossemos enterrar um corpo no canteiro do vizinho, em plena luz do dia, sem sequer pedir desculpa ou autorização. Penso que não seria bem isto que Carlos tinha em mente para a sua ultima morada. Mas,... palavras para quê? São artistas Portugueses!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vender a alma ao Diabo

Li recentemente que a mãe do filho de Cristiano Ronaldo está arrependida de ter assinado o contrato com o jogador, que estipula o pai como o único guardião da criança, em troca de 10 mil libras. Ao que parece, o arrependimento é tal, que está disposta a devolver o dinheiro. Sinceramente, depois de saber que essa mulher tinha entregue o filho a troco de dinheiro, a minha reacção foi de desprezo. Como pode alguém vender um filho? Seja como barriga de aluguer ou não, isto mais uma vez só prova que tudo tem um preço e que o ser humano faz qualquer coisa para ganhar mais uns trocos. Dizia-se em tom de brincadeira, sobre aqueles que não tinham escrúpulos, que "até vende a mãe, se for preciso". Parece que agora a moda é vender os filhos. Se bem que não se pode chamar de moda a algo que já se faz desde que o homem é homem. A questão que se levanta é a seguinte: porque é que nalguns casos se chama à venda de alguém, de escravatura humana, e noutros se chama contrato? Claro que uma pessoa que vende uma mulher para a sujeitar a práticas de prostituição, não é o mesmo de alguém sem posses que vende o filho, proporcionando-lhe uma vida melhor e, por seu lado, melhorando a sua própria vida. Mas ainda assim, como mãe e principalmente como mulher, faz-me muita confusão a falta de humanidade que estas transacções implicam. Não sou ninguém para condenar o que esta mulher fez. De inicio pode pensar-se que seria alguém sem posses, que imaginou um futuro glorioso para o seu filho, mesmo que isso implicasse ter de deixar de ser sua mãe. Juntando o útil ao agradável, seria uma pessoa que ficaria bem de vida. Nova, poderá ter muitos mais filhos e dar-lhes o que, provavelmente, não poderia dar àquele. Mas aprofundando a noticia, percebi que pelo que consta, o menino foi concebido num caso de uma noite, dessas em que o craque sai para se divertir. Ora, se pensarmos nos locais que Cristiano frequenta, podemos deduzir que será um sitio, no mínimo, caro. Ora, esta moça não deve ser assim tão necessitada como isso. Claro que isto são apenas especulações de quem nada viu. E depois, vem a parte sentimental. Por muito fria que uma mulher seja, os nove meses de gestação de uma criança, dão tempo suficiente para todos os sentimentos, positivos ou negativos, e para todas as dúvidas. E, especulando novamente, entre entrar em casa grávida, dando a noticia à família que vai nascer outra boca para alimentar, ou entrar com um contrato milionário, há que pensar muito bem. Depois da venda da alma ao Diabo, não adianta ir para os jornais, não adianta chorar. E, pensando bem, como será que reagirá um filho, que cresce a saber que a sua mãe o vendeu? Provavelmente, mais vale agradecer a Deus (ou ao Diabo) a sorte no pai que lhe calhou, e inventar uma história de extra-terrestres, para justificar a ausência da mãe. Seja como for, aquela mulher pode ser a mais rica do mundo, mas nunca mais vai recuperar a riqueza que lhe foi dada, sem contratos, e sem trocas de dinheiro.

(imagem retirada da Internet)