Bem vindos!

Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

UMA MULHER NÃO SE APRENDE! SENTE-SE!

EU SOU aquilo que adoras mas não entendes.
EU SOU aquela que quiseres que eu seja...
...ou aquilo que sou.
Se optares pela que queres que seja, irás ter tudo o que queres.
Se, por outro lado, me escolheres a mim, nunca vais ter aquilo que queres, mas talvez o que precises. 
EU SOU uma ou muitas.
EU SOU o que sou e aquilo que me fazes ser.
EU SOU doce e amargo.
EU SOU fêmea e macho.
EU SOU o melhor e o pior.
EU SOU tudo o que sonhas ou o teu pior pesadelo.
EU SOU o que dizes, fazes ou pensas de mim.
Mas também SOU EU.

Não existe forma de separar os meus EUS
Todas as mulheres que EU SOU, raramente estarão todas na tua presença.
Pois não existe forma de as separar, embora não hajam em simultâneo na maioria das vezes.
Posso dar-te muito, pouco, ou assim assim.
O acelerador pode estar sob o teu comando, mas a máquina tem vontade própria.
Se estiveres atento aos sinais e às regras, a tua condução levar-te-á a sitios misteriosos que nunca te atreveste a explorar.
Se, por outro lado, te sentires tentado a carregar prego a fundo, vais vibrar com a velocidade, mas corres risco de despiste.

Nenhuma é fácil ou pacifica.
Nenhuma te vai dar o que pensas.
Por isso envergam o mesmo fato.
Serve apenas para te baralhar, para te criar curiosidade.
Se optares por correr o risco de ficares com todas elas, o sucesso não está garantido.
Mas atinges um patamar de consciência a que poucos se atrevem a subir.
Tentaste, no minimo, perder o medo do desconhecido e chegar perto da mais perfeita criação de Deus.
Não precisas de muita ciência.


 UMA MULHER NÃO SE APRENDE!
SENTE-SE!
Opta, sabendo que de uma forma ou de outra, ficarás a conhecer algo que nunca esquecerás.
Quatro opções chegam para o mais racional dos animais?TU.
Se não chega, não te aproximes.
Se chegar, sabe que é tudo o que ela tem para te oferecer. OPÇÕES.
Se te soa a pouco, pensa que neste mundo de homens, tens tido bem mais opções do que ela.
E, se ainda assim, te sobram quatro, vale a pena ao menos saber quais são.
- podes seguir a que te ama
- podes envolver-te com a que te quer
- podes tentar ficar com as duas
- podes bater com a porta e ignorar a  essência deste bicho misterioso e bizarro chamado 
                                               MULHER

Porém, quando a conheceres inteira, duvido que te consigas afastar da fera.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Adeus, até sempre


Hoje consigo rasar quem realmente és. Parte da tua essência foi-me revelada, não por ti, mas pelo tempo, pela experiência.
Hoje já consigo entender parte do medo que te prende os movimentos e te impede de demonstrar amor.
Ainda assim, és vitima do teu próprio crime.
Agora entendo porque razão não lutas pelos teus filhos. Porque razão os queres debaixo do teu sapato ou longe da tua vista.
A tua ira ganhou a batalha contra o teu amor.
Mas tenho novidades para ti. Coisas que preciso que saibas mas não sei como te dizer. A tua caixa de correio está selada, o teu telefone só atende novas conquistas, os teus olhos fogem dos meus e o teu coração foi arrancado do teu peito muito antes de saberes quem eras e o que valias.
Amei-te, amo-te e enquanto te escondias de mim, enquanto tentavas esconder o teu segredo podre e nefasto, enquanto fugias para a cama de outra e mais outra, na esperança de ocultar não quem és, mas quem fizeram de ti, enquanto isto tudo, não te deste conta de que o amor que pensas só existir nos filmes, estava na tua cama, na tua vida.
Bati à porta desse coração empedernido pelo sofrimento, vezes sem conta. Magoei os punhos, reduzi o brilho nos meus olhos, esqueci-me de que tinha alma, na ânsia de te resgatar desse mundo e trazer-te para o mundo dos vivos. Dos que amam sem medo, dos que só o fazem porque conhecem o que é o amor.
O teu medo em amar não é mais do que pavor do desconhecido.
Perdoa-me, mas tive que fugir, tal como tu fugiste tantas, e tantas, e, tantas outras vezes. Fugi, tal como me ensinaste, pelo medo. Contaminaste-me de tal forma que me esqueci de que existe sempre o amor e essa energia é o único antónimo do medo.
Perdoei-te até perceber que não era só a mim que fustigavas com os teus fantasmas. Querias agora contaminar as únicas provas vivas do nosso amor. Do pouco amor que consegui levar até ti.
Deixa-me que te diga que esse amor já não é pouco. Esse amor é tudo o que te resta.
Os teus filhos reclamam o pai. Os teus filhos não serão teus se fizeres o mesmo que te fizeram. Pois vieste aqui para fazer a diferença, que de réplicas, o mundo já se encarregou de transformar em terramotos.
O quanto estava enganada por pensar que tinha encontrado algo genuíno e irrepetivel. No entanto, entendo agora que de genuíno tens pouco e que, o que perpetuas, já soa a plágio.
Por tudo o que percebi hoje, por tudo o que conseguiste ver em mim, por de trás dessa cortina de ódio e confusão. Por tudo o que ainda te soa a sagrado, faz diferente.
Sempre que pensares no que te disseram de pior, cala. Sempre que voltares ao momento em que te roubaram um sorriso, sorri. Sempre que acordares do mesmo pesadelo de há anos, respira. Sempre que te lembrares de mim... faz o que entenderes, mas aceita que tudo o que fiz, certo ou errado, fiz por amor, fiz sem saber o que te matava por dentro.
Aguentei a tua ira até ao meu penúltimo suspiro. Deixei-te à morte num mar revolto, porque sou cobarde. Preferi a vida, a morrer a teu lado. Perdoa-me.
Ou não. Mas sabe isto: para tudo na vida existem sempre dois caminhos. O caminho do que os outros fizeram de ti ou o caminho que tu és.
E eu cheguei perto o suficiente para saber que tu não és esse homem que demonstras.
Podes dizer que não gostei do que vi e que fui embora. Podes chamar-me egoísta porque empurrei os teus filhos para fora de uma casa sem amor, mas com condições.
Digas o que disseres, guiámos-nos por energias diferentes. Eu optei por amar, tu por temer.
Ninguém ganha por enquanto, mas sei que todos nós, todos aqueles que correm nas veias de cada um de nós, um dia vão ser SERES HUMANOS.
Amo-te hoje, mais do que nunca porque entendi que o carnal é apenas o revestimento de uma essência escondida pelo sofrimento. Uma alma como tantas outras, apenas mais açoitada.
Não julgues que te falo em saudade. Não posso sentir saudade de alguém que nunca se apresentou. Não quero que voltes para mim. Quero que voltes à vida. Porque a única coisa que eu trouxe do teu peito implora para que os ames. Tal como tu tantas vezes deves ter implorado.
Entendes agora quais são as tuas responsabilidades na vida? Pagar a renda, o crédito, o super mercado é essencial. Mas dar a mão aos que nunca desistirão de ti é a diferença entre a vida com a sensação de missão cumprida e a morte disfarçada de movimento e repleta de miséria e agonia.
Opto pela verdade porque ela me dá liberdade. Não te custava esperimentar pelo menos. O que tens conseguido até aqui com o que fazes repetidamente?
Adeus. Até sempre. Nunca te esquecerei.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O cancro da alma

Hoje morreu um homem.
Hoje morreu um dos maiores humoristas do mundo.
Hoje partiu alguém que nos fez rir, chorar, suspirar...
Não é um dia diferente de muitos outros. Todos os dias morrem pessoas, uns mais famosos outros mais anónimos.
No entanto não é a sua morte o que mais me choca, mas sim a forma como ela o alcançou.
O suicídio, o pulo para o abismo no intuito de fugir da dor avassaladora da depressão. Apelidados de loucos, cada vez são mais aqueles que apenas julgam alcançar alguma paz de espírito através da porta convidativa da morte. 
É chocante imaginar que a dor é tão avassaladora que nada, nem mesmo o desconhecido do que acontece depois do ultimo suspiro, é tão assustador.
Só quem passa por algo assim, só quem roça o linear da loucura pode descrever a doença. Ninguém pode ser livre para julgar uma pessoa com depressão. Não sem pelo menos ter antes cheirado o seu perfume, sentido o seu bafo quente, bebido o seu ácido.
Podem achar exagerado o facto de alguém se sentir tão infeliz e deslocado ao ponto de acabar com a própria vida. Podem não encontrar nenhuma razão plausível para que o tenha feito, mas não podem julgar algo que desconhecem.
Se soubermos que alguém próximo tem um cancro, assumimos a posição de compaixão pela pessoa. Nem queremos imaginar se um dia algo de semelhante nos passará no corpo. Apoiamos com palavras de coragem, abraçamos tentando transmitir conforto.
No entanto, se alguém nos disser que tem uma depressão, o caso muda de figura. Achamos que é um estado de espírito passageiro, e nunca uma doença. Damos conselhos estúpidos do género "mete isso para trás das costas" ou "isso é só cansaço, passa".
Ainda não entendemos que a depressão é tão somente o cancro da alma. Não se vê, não cria tumores, nem leva ninguém a quimioterapias ou a mutilar o próprio corpo. Mas pode em muitos casos, roubar a luz da vida, corroer a pessoa por dentro, e levá-la a extremos.
Este homem é apenas mais um homem, que tombou. Ninguém imaginou que alguém tão cómico, tão bem humorado, tão cheio de vida, tivesse a alma apodrecida por um cancro.
Este homem é apenas um dos tantos homens e mulheres que lutam diariamente contra uma doença que ninguém vê, ninguém ouve, ninguém sente, mas que mata dia após dia a um ritmo alucinante. 
Por isso, sempre que conhecer alguém com um excelente humor, não julgue. Não pense que essa pessoa é mais um despreocupado que nasceu para fazer umas palhaçadas. O humor é a forma mais eficaz de esconder a mágoa. E a mágoa só se despe em frente de quem vê com o coração.
Boa viagem Robin Williams. Que a tua morte sirva de aviso ao mundo e que a tua vida sirva de exemplo a muitos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Só existimos porque você existe"


Para quem anda nestas "andanças" da escrita, saberá com certeza quantas dificuldades existem em lançar os seus próprios livros. Custa a crer que num país de grandes poetas e autores como Portugal, não se valorize tanto a língua portuguesa como seria de esperar e não se dê a mão a tantos jovens talentos que desesperam por algum tipo de reconhecimento. Parece que o dinheiro, mais uma vez, fala mais alto no que toca às artes. 
Confesso que por vezes me sinto injustiçada pelos vários entraves que me acercam o caminho de cada vez que pretendo expor os meus trabalhos num âmbito mais abrangente, seja em livrarias, seja em feiras ou até mesmo num qualquer circulo fechado a alguns membros. 
Compreendo que o dinheiro move o mundo e que dele dependemos para tudo, mas por vezes sinto que se perdem grandes oportunidades de divulgação de talentos latentes, que pelo simples facto de não possuírem fundo de maneio suficiente, lhes é vedado o acesso ao publico.
Foi por isto que fiquei feliz por saber que uma nova plataforma de ajuda a novos escritores nasceu recentemente. O seu nome é WritersCoaching e trazem a promessa de "preparar e criar escritores de língua portuguesa", incitando todos os interessados a "enviarem os originais" de modo a serem devidamente avaliados e a criar uma solução de edição dos mesmos, prestando a devida atenção caso a caso e definindo o plano ideal para cada escritor.
Apoiados no slogan "Só existimos porque você existe", e com o lema da preserverança sempre presente, esta poderá ser uma boa aposta para todos aqueles que ainda sonham com o seu livro no meio de tantos nomes sonantes da literatura portuguesa.
Aqui fica o link para a WritersCoaching.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Com Fiança



Onde foi que perdi a confiança?

Onde foi que subtraí a esperança?
Será que algum dia renascerei?
Poderás tu salvar-me da incerteza?
Não tens culpa do meu fado
Embora já te ache culpado
As tuas palavras aquecem e ameaçam
O teu sorriso troça da minha sorte
As tuas mãos estrangulam o meu desejo
A tua promessa é uma tortura
Como posso dar-te crédito?
O que te distingue dos demais?
O que pedes é insano
Embora me queira perder
Peço-te, tira de mim este mal
Arranca o veneno das minhas entranhas
Afugenta a sombra da duvida
Sem promessas vãs
Sem subterfúgios ardilosos
Só tu, nu de dissimulações
Filtrado de mentiras
Puro como o amor que prometes
Peço-te, sai da minha mente doente
E entra na minha vida para sempre



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Fazer a triagem

Há muito que me diziam que temos que arranjar espaço na nossa vida para deixar entrar algo novo. Nunca levei a lição muito a sério. Agarrei-me a crenças limitadoras, a avaliar os propósitos dos outros, deixando entrar tudo na minha vida sem triagem. 
Recentemente algo em mim mudou. Abri as gavetas do coração e percebi que estavam cheias de tralha. Gente de todo o tipo e feitio enchiam o espaço que devia estar bem acondicionado com pessoas que realmente merecessem.
Comecei a fazer a tal triagem e algo estranho começou a suceder. Pessoas novas, antigas amizades, gente boa e que me faz bem, começaram a surgir na minha vida. Percebi o verdadeiro peso de amizade verdadeira. De poder ser eu sem medo de represálias ou de mal entendidos. 
Na verdade o nome deste exercício não é triagem, mas sim auto estima. Se já não nos faz bem e se está a mais, mais vale colocar no sótão do passado e trancar a porta. Talvez tenham servido apenas o seu propósito e esteja na hora de os deixar seguir caminho livremente. Saem do coração, ficando na memória para nos mostrar as lições que quisermos tirar delas. 
Convém fazer uma nova triagem de tempos a tempos. Nunca se sabe se estaremos novamente a acumular bagagem que só nos pesa. 
Seja como for, todos fizeram de mim o que sou hoje e não me despeço sem um agradecimento. Obrigado por me terem mostrado o pior, visto que não o saberia destingir do melhor, quando me batesse à porta. Não se reconhece a luz, sem ter caminhado pelo escuro.

domingo, 29 de junho de 2014

Ainda que...


Abraça-me e diz que tudo passa
Ainda que mintas e adies o que me espera
Beija-me o rosto e seca-me as lágrimas
Ainda que não as entendas ou não as expliques
Aconchega-me a alma
Ainda que seja o meu corpo a pedi-lo
Entende-me
Ainda que te vejas perdido em mim
Segura-me a mão 
Ainda que saibas que vou cair
Caminha a meu lado
Ainda que o caminho seja escuro
Alivia-me a carga
Ainda que saibas que é só minha
Permite que te encontre
Ainda que esteja cega
Dá-me uma razão de vida
Ainda que saibas que morrerei
Fica, aguenta comigo
Ainda que temas a tempestade
Só nasci e só morrerei
Ainda que lutes por mim
Mas tudo fará mais sentido
Ainda que tudo tenha um fim

sábado, 21 de junho de 2014

No meio (termo) é que está a virtude



O respeito e o medo sempre andaram de mãos dadas. Embora sejam coisas muito diferentes, sempre houve e continua a haver tendência para misturar os dois. O que se tem vindo a alterar são as personagens, o poderoso e o submisso.
Se há décadas atrás os pais eram vistos como autoridade máxima, hoje são vistos como o elo mais fraco que tem como único propósito cuidar, proteger e alimentar os filhos. 
Se os professores eram vistos como alguém superior, intelectualmente mais evoluídos e letrados, hoje a sua obrigação é aturarem miúdos mal educados, sem poderem levantar a voz, correndo o risco de processos disciplinares ou, no pior dos cenários, o despedimento. 
A sociedade foi mudando os seus costumes e as excepções à regra sempre foram demasiado evidentes. Uma coisa é certa, tem sido raro o meio termo no que diz respeito à educação das crianças. Não defendo o padrão que criámos e no qual vivemos hoje em dia. A liberdade que os jovens têm nos dias que correm, mudou de nome. Só me ocorre a palavra anticivismo.
No entanto, o que muitas vezes existia nas escolas em Portugal era de um profundo desrespeito pelos direitos das crianças. Pequenas e indefesas, muitas foram aquelas que foram abusadas pelos próprios professores, sem meio de se defenderem e com o aval dos próprios pais. 
Fosse porque provinham de classes trabalhadoras e humildes, fosse porque um professor era considerado um ser mais evoluído e que por isso deveria saber o que era melhor para os filhos, mesmo que isso incluísse uma tareia. 
Em tudo o que se rege pelo excesso, nunca pode gerar um meio termo. Essa exigência cega de castigar uma criança pequena, partindo do principio que quanto mais cedo aprender, melhor desempenho terá no futuro, gerou o pior dos pesadelos. Um pai ou uma mãe que foram mal tratados em criança, só deseja que o seu filho nunca passe pelo mesmo, adoptando assim a postura contrária de uma super protecção desmedida. 
O resultado está à vista. Hoje tudo é permitido e quem tem que se pôr a pau são os pais e os professores. 
Sempre tive sorte. Nunca levei réguadas, tendo-me ficado por um ou dois puxões de orelhas. Sempre que me queixava de um professor, lá em casa, a pergunta que me faziam era: "E tu? O que fizeste para merecer tal castigo?"
Obrigavam-me a pensar nas minhas atitudes, e ao mesmo tempo ilibavam o professor de ter agido levianamente. Aquilo aborrecia-me, mas nada podia fazer. Lembro-me de ter tido uma professora na terceira classe que era intragável. Chegou a humilhar-me várias vezes em frente à turma inteira e sei que a tortura psicológica levou a recusar-me a ir à escola. A minha mãe falou com a senhora e em vez de me defender explicou que eu era uma criança muito nervosa, pois tinha tido meningite aos 4 anos de idade e que isso tinha gerado alterações no meu estado emocional.   
Conclusão: deixou de gritar tanto comigo, mas passou a tratar-me como uma atrasada mental. Do mal o menos. Ao menos não implicava tanto comigo.
O caso de uma amiga minha, foi mais grave. Aos sete anos de idade, levou uma tareia de uma professora, deixando lhe um olho negro por uns dias e uma ferida aberta no coração por toda a vida. As lágrimas saltam dos seus olhos quando recorda o que passou. Não tanto pela tareia em si, mas pelo aglomerado de situações que provieram disso. 
Descreve-se hoje em dia como uma pessoa submissa e que se deixa pisar constantemente, anulando-se muitas vezes em prol dos outros. Não sou psicóloga, mas é engraçado analisar o que se passou há tanto tempo e transpor isso para os dias de hoje. 
A sua família é de origens humildes e trabalhadoras e quando o incidente aconteceu, passaram uma borracha no assunto. Talvez por acharem que a criança era irrequieta e que mereceu, talvez porque se sentiram impotentes perante a superioridade da professora, ou talvez por que lhes tenham dito que a dita professora estava a uns meses da reforma e que não valia a pena instaurar um processo. 
Fosse como fosse, todo este conjunto de factores e acontecimentos, moldou a personalidade da minha amiga. Hoje considera-se uma pessoa que não se sabe defender e que se sente impotente perante um filho que precisa de si para tudo. 
Dois factores importantes nesta história:
- a menina que ela foi, já não é
- o que lhe fizeram serviu para o que serviu, mas já não serve mais
Lá atrás era uma criança indefesa, hoje é uma mulher que tem como missão criar um filho e defendê-lo de gente estúpida e ignorante. O que passou, permitiu-lhe sobreviver até hoje, mostrando-se submissa e conseguindo assim evitar conflitos que poderiam marcar de forma negativa a sua vida.  
No entanto, o que passamos serve para o que serve e deve ser deixado no momento como lembrete e não como uma mágoa que temos que carregar acorrentada aos pés. Lembrei-a que talvez esteja na hora de perdoar todos os intervenientes naquele episódio e seguir em frente. Disse-me que não conseguia e aí percebi que resistia a despir o fato de submissa. Ainda se sente muito confortável nele. 
Poderá permanecer com ele vestido por muito tempo, mas isso só lhe atrasará o passo. Se queremos o meio termo, há que começar por nós próprios. Acho que a forma da vida nos dizer que temos que nos defender, é enviando pessoas que não serão de todo muito simpáticas connosco. Devemos agradecer também a essas pessoas. Talvez mais do que àquelas que nos protegem. São essas figuras que nos marcam negativamente, que nos fazem crescer mais depressa. 
São elas que nos ensinam a lidar com o pior e a dar valor ao que de melhor temos. No dia em que conseguirmos fazer este exercício de perdão e de agradecimento, gera-se uma paz que levará ao meio termo. Isto porque reconhecemos o melhor e o pior dos outros e saberemos com certeza defender-mo-nos sem agredir e respeitar sem temer.





sexta-feira, 20 de junho de 2014

A musa do amor livre e do prazer sexual

Não sei se sou a única a pensar assim, mas gostaria que chegasse o dia em que as mulheres pudessem realmente expressarem-se sexualmente da mesma forma que os homens. 
Não me refiro ao velho piropo em via publica, mas à verdadeira expressão de poderem abordar este tão famoso tema sem serem imediatamente rotuladas e acusadas de depravadas ou ordinárias. 
Porque não falar de sexo, de amor e de relações amorosas com simplicidade e honestidade?
Porque não entender de uma vez por todas que homens e mulheres não são assim tão diferentes e que sentem, respiram e se relacionam da mesma maneira.
Não, isso não é coisa só de "gajo".Elas também falam sobre isso, pensam nisso e fazem isso, cada vez com mais naturalidade. 
Para isso ser possível, muitas décadas passaram, e atrevo-me a dizer que muito ainda falta acontecer para termos o mesmo à vontade do "sexo forte". 
Foi às mulheres que foi imposta desde sempre a mordaça que não lhes permite abrirem a boca para tocarem no assunto de ânimo leve. 
O sexo há muito que deixou de ter a conotação de pecado. E o erro primário foi ter sido considerado um antónimo de amor. São coisas diferentes que se completam, tal como uma cebola e uma folha de louro. Tão diferentes na sua textura e apresentação, mas que juntos participam num excelente refogado. 
Comecei esta postagem por dizer que não sabia se era a única a pensar deste modo. Acredito que não sou. Ou pelo menos, já existiram pioneiras que devido ao seu enquadramento temporal, chocaram os mais sensíveis com a sua audácia. 
Um belíssimo exemplo do que digo é o de Leila Diniz, uma actriz brasileira, a mulher de Ipanema, defensora do amor livre e do prazer sexual, lembrada como símbolo de revolução feminina, que rompeu conceitos e tabus através das suas ideias e atitudes.
Drummond de Andrade referia-se a ela dizendo: "Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão."
Se tiverem coragem e paciência de ler a tão famosa entrevista dada em 1969, perceberão que esta mulher nasceu fora do seu tempo, mas com uma bagagem cheia de mensagens interessantes e que reflectem o que a maioria ainda hoje pensa, mas não se atreve a dizer. 
Basta aceder aqui para saber mais sobre esta personagem marcante:
Se quiserem investigar mais e lerem a surpreendente entrevista, acedam aqui:

sábado, 7 de junho de 2014

Tentativa e erro: de uma mãe para outra





Olá amiga.
Se fores do tipo de pessoa que gosta de ler, isto vai ser porreiro. Se não, será uma seca, mas peço-te desde já desculpa. Esta é a minha maneira de melhor comunicar. Adoro a escrita e talvez por isso não tenha muitos amigos dispostos a aturar-me. É tipo: "a gaja até é porreira, mas para a entender temos que ler a lista telefónica de A a Z." Uma seca...
No entanto, acho importante o que te vou dizer, isto porque quem me dera ter muitas vezes alguém que me desse algumas luzes. A verdade é que nenhum de nós sabe andar neste barco. Mas o mais importante não é o saber andar, mas sim aprender a não balançar muito o barco e a baixar a cabeça até a tempestade passar.
Não sou ninguém para dar lições de moral ou fazer juízos de valor. Apenas te posso contar partes da minha experiência e esperar que te sirvam para alguma coisa. 
A parte onde tenho mais experiência é em cometer erros. Antes ficava de rastos, mas quando me dei conta que o conjunto desses erros fizeram de mim uma pessoa mais forte e atenta, passei a aceitar-me melhor e a olhar no espelho sem vontade de o partir. 
Em relação ao que falamos sobre os filhos, tenho boas e más noticias. Vou amaciar-te com as coisas boas, pode ser?
Ser mãe é sem duvida a melhor condição que Deus nos deu. (e Deus só pode ser homem, para nos incumbir de mais esta árdua tarefa).
Os filhos fazem-nos sentir completas e necessárias. São uma parte de nós que nos vai amar até ao fim dos nossos dias. (embora às vezes não pareça).
Muitas vezes são o nosso porto de abrigo e aquilo que nos faz levantar do chão e lutar. Para eles apenas o melhor é exigido. 
Como mães somos responsáveis por criar os Homens e Mulheres de amanhã e isso é uma responsabilidade muito alta, mas imprescindível à continuação da espécie.
Nós, mães, somos por isso o ser mais perfeito que foi criado.
Agora que já te babas, vou dar-te um tareão. (eh, eh, eh)
Como mãe, tu és sempre e sempre serás, responsável por tudo o que diz respeito ao teu filho. Tanto as coisas boas, como principalmente, as más. 
Como isto de ser mãe não trás manual de instruções, só te resta exerceres o papel como fazes todas as coisas importantes da tua vida: tentativa e erro. (agora multiplica isto por milhentas vezes)
Tentativa e erro até ao fim dos teus dias.
Não te preocupes. Se pensas que isto é cansativo, imagina o que será se te disser que tem sempre tendência a piorar com o crescimento dele. 
Outra boa surpresa é que tu serás sempre a "culpada" de tudo o que suceder na sua vida. Se for mal sucedido, culpa tua. Se for bem sucedido, "sai mesmo ao pai".
Se estiver constipado, culpa tua, pois não obrigaste a vestir o casaco no dia 2 de janeiro de 2010. Se for forte e nunca ficar doente, "é forte como o pai."
Se for um puto pouco social e não se der com os outros, é culpa tua que não o deixas sair com os amigos. Se tiver um club de fãs, "sai ao pai, um verdadeiro garanhão".
Por isso, amiga, nunca te darão o prazer de seres vista como a geradora de um Homem completo e bem sucedido. Isto não é culpa nossa, mas sim da sociedade ainda machista em que vivemos. 
No entanto, podes sempre mandar isto tudo às urtigas. Cada um de nós faz o que tem que fazer a cada momento, baseado nas ferramentas e conhecimentos que tem nesse momento. Tu não és excepção. O que foste em 1900 e caracol, não é de certo aquilo que és hoje. Hoje és diferente e fazes muita coisa de maneira diferente. Como foi que aqui chegaste? TENTATIVA E ERRO!
Como vês, essas tentativas e esses erros, são agora teus aliados, embora tenham sido uns cabrões no passado. 
O teu filho é um miúdo extremamente inteligente e sensível. Esses são os mais complicados, pois dos mansos não reza a História.
Embora te convenças que é apenas uma criança e nem percebas como pode ter tal entendimento das coisas com tão tenra idade, pensa que eles não estão no nosso tempo, mas sim, no deles. Isto é, tu com 9 anos brincavas com bonecas e saltavas ao elástico. Eles com 9 anos, andam à porrada por diversão e fazem "likes", "downloads", falam no "chat", comunicam entre si no "Skipe"...
Conclusão, estão muito mais à frente, crescem muito mais depressa e sabem muito mais do que nós, sem que nós os tenhamos ensinado. 
O que nos resta então como mães? Cuidar, amar, respeitar, impor regras, obrigar a comer, vestir , tomar banho, cortar as unhas, arrumar o quarto... Enfim, tudo coisas que eles não gostam ou que têm como garantidas. 
Mas outra coisa que lhes podemos fazer e que cada vez menos os obrigamos a fazer é a pensar com a própria cabecinha. 
Um exercício que tento sempre fazer com o meu filho, (já vou praticando com a mais nova também), é sempre que surge um problema ou algo que eles não devem fazer, em vez de proibir ou de dar sermão, conto uma "história-mentira".
Uma "história-mentira" é uma história que aconteceu a alguém imaginário e de preferência com um desfecho trágico. Por exemplo: os putos gostam de saltar em cima da cama. Contei uma vez ao meu filho que "um primo meu, uma vez ao saltar em cima da cama, partiu o joelho em três lados. Esteve 3 meses de cama (um mês por cada lado, pareceu-me razoável). Além disso, o coitado do meu primo, nunca mais pode jogar à bola."
Esta técnica costuma dar mais resultado se a personagem-mentira for alguém próximo, mas que não possa desmentir o conto. 
Quando a guerra é sobre fazer ou não fazer alguma coisa, não vale a pena rachar-lhe a cabeça (embora seja tentador, às vezes) ou gritar como se não houvesse amanhã. Além da dor de cabeça, só vais ganhar umas pastilhas para a garganta.
Há que regatear como se estivesses na feira da ladra, mas sem o apregoar da mercadoria. Ele tem que ceder em alguma coisa, para que tu cedas a seguir. Tipo uma troca. 
Uma coisa muito importante é o facto de tu nunca o deixares esquecer que além de mãe dele, também és uma pessoa. Também tens dias bons, maus, chuvosos e soalheiros como toda a gente. Ele tem que entender, mais cedo do que tarde, que tu não és à prova de bala e que também precisas do teu espaço e tempo. Podem estar os dois em casa, cada um na sua onda, sem que isso implique falta de atenção de um para o outro. Isso só se consegue quando ele souber sem sombra de duvida que não deixas de o amar só porque precisas de descansar meia hora. Se ele é crescido para saber que não tem fome e que não quer comer a sopa, também tem que entender que hoje não te apetece brincar com ele àquele jogo de todos os dias, ou tê-lo pendurado em ti como um koala. Há tempo para tudo se houver organização. 
Pede-lhe ajuda mais vezes. Mesmo que ele faça a tarefa mal feita, pede-lhe ajuda para fazer as refeições, para te ajudar com a escolha de uns pratos novos, alguma coisa onde a decisão dele possa mudar algo. Eu por exemplo, não mudo uma divisão da casa sem pedir um conselho ao João. Isso faz com que sinta que pertence à tua vida e não é apenas um puto chato que a mãe tem que aturar. 
Existem muitas outras coisinhas, mas acho que , como sempre, já me alonguei.
O mais importante é que o ames incondicionalmente e que lho digas e demonstres sempre que possível. 
Quanto ao que os outros dizem, se tu és a mãe para acartar com as culpas, também és mãe para tomar as decisões. És tu quem dá a ultima palavra. 
E pensa, se foste forte até aqui, já tens o que é preciso para vencer. Aproveita o teu filho. Aproveita o que ele te transmite de melhor e vai corrigindo aos poucos o que achas que é menos positivo. 
E por favor, pára de te preocupar tanto. Se te serve de consolo, ninguém tem uma fórmula mágica, mas todas nós temos o dom de gerar o futuro.
Abracinhos

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Amor impossível

Mexes comigo
Desde o primeiro segundo
Mergulhei no mar profundo
Dos teus olhos cor de mundo
Deixas-me louca
De desejo pela tua boca
De medo que seja pouca
A vontade que me provoca
Fazes-me mal
Feres-me de forma fatal
Com este desejo carnal
Com começo, sem final
Fazes-me tão bem
Anseio o teu ombro amigo
Sem temer nenhum perigo
Na certeza de te ter comigo
Sofro por ti
Quero sorver a tua dor
Aguentar o seu fervor
Transformá-la em amor
És veneno
Perto de ti vou morrendo
Afastada, vou temendo
Um coração sem remendo
Amei, amo e amarei
Até quando, eu não sei
Mas se não te dás inteiro
Liberta este prisioneiro
Que bate forte no meu peito
Que não sabe amar direito
Pois, por mais voltas que dê
O meu coração não vê
Que mesmo irresistível
És um amor impossivel


terça-feira, 27 de maio de 2014

Depressão: medidor de resistência

Nada nos torna tão próximos de alguém como a experiencia. Calçar os sapatos do outro não é tarefa fácil. Muitas vezes apenas é possível quando passámos por algo semelhante. Como muitos outros já tive a famosa depressão como companheira  e sem pudor afirmo que ela é sem duvida o melhor medidor de resistência que existe.
A dor da alma é sem sombra de duvida a pior de todas. Pode até ser considerada de auto imune, pois apenas pode ser vencida pelo próprio portador da doença. Não existe médico, fármaco ou elixir milagroso que nos salve da sua acção destruidora.
É um cancro invisível que se apodera da nossa auto estima e nos ilude, usando a culpa, o medo e o tão falado stress como armas destruidoras.
Sem nos darmos conta estamos perdidos, somos náufragos ancorados numa ilha deserta, sem meio de regressar à civilização. Voltamos vezes sem conta ao passado, tentando encontrar razões para a nossa desgraça, olhando fotos antigas dos períodos onde fomos felizes, onde nos sentíamos gente. Fazemo-lo a fim de encontrar o fio perdido da meada da vida. Onde foi que nos perdemos? Quando foi que ficamos cegos? O que é feito da energia de outros tempos, em que nada nos metia medo, tudo valia alguma coisa pelo que lutar?
O mais incrível é que nos perdemos sem termos saído do lugar. Na verdade, perdemo-nos dentro de nós próprios. E agora, por mais voltas que o nosso cérebro dê, por mais pessoas que tenhamos ao nosso lado, por mais projectos ou sonhos que tenhamos, nada faz sentido e somos os seres mais solitários e miseráveis do mundo.
Nesta altura, tudo perde o sentido, já nada faz diferença. Para quê levantar de manhã? Para quê sorrir para um espelho, se não se gosta do que se vê? Para quê respirar, se o próprio oxigénio nos sufoca?
É aqui que temos de usar a única ferramenta que a depressão não nos consegue tirar: a inteligência.
Foi a depressão que te fez pensar que não valias nada. Foi ela que te fez acreditar que a culpa de tudo não dar certo, é tua. Foi a depressão que te mandou contra as cordas. Mas essa doença, não és tu.
Tu és um ser humano maravilhoso que está muito cansado. Tu és um ser completo e importante para tantos outros. Tu és uma história imprescindível para que outras histórias tenham sentido. Tu és alguém que merece ser feliz. E, como vês, és muito mais do que um estado de espirito.
Por isso descansa. Recarrega baterias, serve-te do sol. Não há melhor vitamina para a depressão. Rodeia-te de natureza e daqueles que realmente te amam. Abraça e deixa-te abraçar. Mima-te, não com coisas, mas com sensações. Dança, pula no mar, sorri, mesmo que por entre as lágrimas e chora, tudo o que carregas no peito.
Lembra-te que foi a armadura de forte que te levou onde estás hoje. Essa armadura é importante, mas torna-se numa inimiga mortal quando pesa mais do que o teu próprio corpo.
De nada vale que te digam o quanto vales, se tu própria/o não acreditas. Acredita que a dor que agora sentes, te tornará num ser humano mais forte.
Na vida há tempo para tudo. Talvez hoje seja dia de chorar, mas amanhã será com certeza o dia certo para mostrares ao mundo esse sorriso lindo que trazes escondido há tanto tempo.
Quanto ao que os outros pensam, quanto àqueles que te deixaram, quanto àqueles que te traíram ou se fizeram de amigos e que agora saíram da tua vida, pensa na oportunidade maravilhosa que te deram para recomeçares de novo. Na verdade deixaram espaço para que outras pessoas entrassem na tua vida. Pessoas que podem realmente amar-te e respeitar-te como tu mereces.
Está na tua mão dar uma lição a todos os que te menosprezaram. Está na tua posse a chave da porta que te dará entrada num novo ciclo, numa nova caminhada. Se valerá a pena? Bem, só tu podes responder. Seja como for, vale sempre a pena recomeçar de novo.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Alquimia interior

Somos os primeiros a levantar o dedo e a acusar o próximo, mas no que toca a perdoar, nem todos temos capacidade. Há 12 anos atrás, cometi um dos maiores erros da minha vida: traí a confiança de alguém que nada fez, a não ser dar-me a mão. Os motivos, embora importantes, nunca justificarão a minha atitude. Prova disso é o facto de não ter passado um só dia nestes últimos 12 anos, em que não pensasse no assunto com um peso no peito, pelo arrependimento. 
O que me marcou mais, não foi o facto de ter sido apanhada, mas sim a maneira como fui tratada quando a verdade veio ao de cima. Depois do que fiz, era suposto ter saído da situação, pelo menos, com uma repreensão. Talvez por ter assumido a falta, talvez pelo sentimento que a pessoa lesada tinha por mim, talvez porque a dor da traição foi maior do que qualquer vingança, ou simplesmente, pela surpresa do meu insensato erro. Talvez por tudo ou nada disto, em resposta à minha maldade, obtive um adeus suave e complacente.  
Talvez este acto benevolente que rasa o amor incondicional, me tenha atormentado por todos estes anos. Talvez.... talvez...talvez...
Não sei. O que sei é que não passou um dia em que não pensasse no que fiz, que não visse a minha atitude como algo condenável, em que não me sentisse miserável por ter mordido a mão de quem me fez bem. Depois de me recordar do episódio, ficava sempre com vontade de explicar o inexplicável, de voltar atrás, de pedir perdão. 
Hoje, tanto tempo depois, passei à porta da pessoa e percebi que não adiantava fugir do passado. Valia o que valia, pois nada podia mudar, No entanto, tinha que voltar àquele dia e tentar explicar, agradecer, expiar o meu pecado. 
Mais uma vez, nada aconteceu como eu esperava. A pessoa que eu atraiçoei, recebeu-me de braços abertos, recordando velhos tempos, onde incluiu alguns elogios à minha pessoa. Talvez até como um filho pródigo que retorna a casa. Senti no discurso daquele homem que o que foi, ficou lá atrás. Mas não para mim. 
A tentação de dizer adeus e partir sem explicações, foi muita, mas não podia fazê-lo. Não podia deixar passar nem mais 12 segundos, a juntar àqueles 12 anos. De lágrimas nos olhos, pedi perdão. Não justifiquei, pois não se consegue justificar o injustificável. Apenas voltei àquele dia e vomitei o que me pesava no peito desde há muito. 
A resposta, em forma de festa na cabeça, libertou-me do carma. O perdão foi dado, acompanhado da frase que trarei sempre no coração: "Esquece isso, pois nunca te guardei rancor."
Não sou ingénua ao ponto de pensar que tudo foi esquecido, que aquele dia desapareceu do calendário da minha vida. Porém, o que o Grande Mestre nos ensinou, pareceu-me mais certo do que nunca. 
"Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra", "Errar é humano, perdoar é divino."
Talvez a alquimia seja essa. Não transformar água em vinho ou chumbo em ouro, mas sim, culpa em gratidão e ignorância em amor. Seja como for, a angustia que sentia evaporou e deu lugar a uma imensa gratidão.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O Meu Blog é neutro em CO2

"Nunca encontrei uma pessoa tão ignorante que não pudesse ter aprendido algo com a sua ignorância."
Fernando Pessoa

Já o grande poeta acreditava que todo o ser humano vem a este planeta para evoluir através da aprendizagem. Diz o velho ditado que "não estamos começados, nem acabados", e assim partiremos, sem nunca ter aprendido tudo. 
Não sou excepção à regra e por isso, o que muitos já sabem, nem por isso deixa de ser novidade para mim. Não que me considere a mais ignorante das pessoas, apenas sei coisas que outros desconhecem, assim como outros terão conhecimentos sobre algo que eu nem imagino que existe.
Manda a humildade, manter o espirito aberto e  vontade em aprender sempre mais. 
Hoje aprendi mais um pouco, desconhecendo, até então, que através de um gesto tão simples como o de escrever este post, podia realmente estar a fazer alguma diferença em relação à conservação do meio ambiente. 
Para os leigos como eu, fiquei estupefacta por saber que o simples facto de ter um blog prejudicava a "nossa casa". Pois é, espantem-se os leigos, bocejem os entendidos na coisa.
"De acordo com um estudo realizado pelo ambientalista e físico da Harvard University, Dr. Alexander Wissner-Gross, um internauta produz, em média, cerca de0,02 gramas de CO2 por exibição de página. Considerando que um blog geralmente recebe em torno de 15 000 visitas por mês, isso resulta em 3,6 kg de CO2 emitidos por ano. Este total é gerado principalmente pelo grande consumo de energia, devido à refrigeração necessária para o funcionamento de computadores e servidores." 
Com muita pena minha, o meu blog não tem assim tantas visualizações. No entanto, não custa participar no projecto e divulgar o que entendo como uma boa ideia para fazer frente ao risco que corremos de prejudicar ainda mais esta nave magnifica que nos transporta gratuitamente através do Universo. A Gesto Verde lançou o desafio de plantar árvores em prol da diminuição do impacto ambiental gerado pela sociedade. Por cada blog que faça uma postagem de divulgação, uma árvore é plantada, combatendo assim o efeito nocivo de CO2 na atmosfera.
É por isso que vos deixo aqui toda a informação necessária para que participem e se inteirem do que é realmente esta iniciativa, de seu nome Gesto Verde.
O Meu Blog é neutro em CO2, neutralize o seu também. Saiba como em 
O planeta agradece.


sábado, 4 de janeiro de 2014

E tu? Amas-te?

 
Jesus disse "Amem-se uns aos outros, como a vós próprios". Talvez por descuido, distração ou por preguiça, ao longo de mais de 2000 anos esta frase foi encurtada. Na verdade, a única coisa que restou foi o "amem-se uns aos outros".
O que outr'hora ensinava uma lição de compaixão pelo próximo, foi cortado a meio, sem que se aproveitasse o final da frase. Como se a segunda parte desta mensagem fosse apenas um ornamento que deixasse de fazer qualquer sentido ou uma abreviatura sem razão de existir. 
Por outro lado, talvez estejamos mesmo a fazer isso: a amarmos o próximo como a nós mesmos. Isso talvez explique a maldade que os Homens praticam uns contra os outros. Alguém que maltrata o próximo, só pode trazer o coração cheio de fel e, por seu turno, não se ama a si próprio. 
Mas porque será que nos custa tanto amarmo-nos? Porque raio fazemos muitas vezes das tripas coração por alguém e nem conseguimos levantarmo-nos para matar a nossa própria sede? 
Ensinaram-nos a respeitar o outro, a amar o outro, mantendo em segredo o caminho mais fácil: o do amor próprio. Chegamos ao cumulo de boicotarmos tudo o que precisasse de ser feito em prol de nós mesmos, sob pena de sermos vistos como egocêntricos ou egoístas. O que está na moda é darmos a mão ao próximo, sempre o outro primeiro, não vá o Diabo estar à espreita ou sermos postos de parte por uma sociedade cada vez mais "politicamente correcta". 
Mas onde está o ensinamento que nos alimenta a auto estima, que nos diz que o único caminho para um qualquer amor verdadeiro, começa por nos amarmos? E porque será que é tão difícil amarmo-nos? Porque razão corremos o mundo descalços sobre brasas pelo outro, mas nunca andaríamos sequer dois metros em piso regular por nós próprios?
O ser mais difícil de amar somos nós mesmos. A razão é simples: sozinhos connosco não há máscaras, nem duvidas, não há ilusões ou coisas mal explicadas. Vivemos todos os dias, horas, minutos e segundos acompanhados por nós, sem hipótese de fingimento. É claro que nos tentamos enganar, dissimular sentimentos, descrer nisto e naquilo, mas essa escolha consciente de forjarmos o que sabemos como certo, apenas nos atrasa a evolução e nos condena à tristeza. Deixamos de ser nós, até para nós próprios. 
Aos outros mostramos sempre a parte que queremos, mas a nós, é-nos dada a pena de viver com o pacote todo: o bom, o mau, o melhor, o pior, o assim-assim. Tentamos sempre mudar os outros, pois é bem mais fácil assim, do que alterarmos os nossos padrões de comportamento, ou pontos de vista. 
Coloco aqui algumas questões em tom de desafio, a todos os que pensam que só encontrarão o amor noutro alguém: 
O que estaria disposto a fazer pela pessoa que mais ama? 
E por si? O que estaria disposto a fazer por si?
O próximo passo é o mais complicado, mas nem por isso impossivel.
Seja aqui e agora a pessoa que mais ama. 
Não, não é egoismo. Não, não é egocentrismo. É a tão necessária auto estima que lhe falta para receber na sua vida o tal amor verdadeiro.
Não é a necessidade que atrai esse amor que só se vê nos filmes, o tal que parece inexistente.Toda a energia funciona sob a mesma regra e o amor não é excepção: o que atrai amor é o amor. O que atrai o amor verdadeiro é, tão somente, o amor próprio.