Bem vindos!

Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Enfrento a vida com...




Encontro-me num circo de feras, atravessando a chuva dissolvente, conduzida pelo o homem do leme, sem rumo certo, mas sempre com a carga pronta e metida nos contentores. Esta ideia fixa de fazer sempre tudo à minha maneira, tem-me desgastado o passo e virado o mundo ao contrário. Queimando tempo, não consigo arranjar maneira de virar a sorte, para sempre. 
É verdade que não sou o único ser que esbraceja neste mundo louco, em busca de algo que me dê alento. Mas os gritos mudos que o meu coração solta, parecem não ser suficientes para domar esta vida malvada. O jogo do toca & foge tem os dados viciados. 
Há quem diga: "hás-de ver a luz ao fundo do túnel. Isso, continua". 
Conta-me Histórias! Já não acredito neste jogo do empurra. Prefiro aceitar as minhas falhas. Prefiro correr na direcção de lugar nenhum e dar um mergulho no mar. 
A teimosia pode guiar-me pela morte certa, mas prefiro definhar e morrer do que me render a gente de merda, povo descrente que se arrasta com medo de tentar a sorte e desafiar a vida. Aposto no jogo mórbido da moeda ao ar, enfrento dia após dia o medo que me consome as entranhas.
Aprendi entre um e outro pequeno pormenor, que a vida dá muitas voltas e que quando tudo corre  de mal a pior, é chegada a altura de jogar a carta certa. 
Não, o azar não é um mal menor, é a vida a pedir-te provas de que és guerreiro, de que está na hora de te levantares, sacudires a poeira e gritares: EU CÁ SOU BOM! 
Não vou desistir. Não agora. Algo me diz: "Sai prá rua e chuta essa sexta feira 13 que teima em instalar-se no teu calendário."
 Pois o que foi não volta a ser e um dia a sorte muda.
Faco-o por mim, faço-o por quem não esqueci. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

Os vampiros andam entre nós



Sabem aquele amigo ou conhecido chato e repetitivo, que vos consome a paciência, apenas por entrar na mesma sala onde estão? Quem não tem uma personagem destas por perto?
Mas que ninguém se iluda. Estas melgas não são sugadoras de sangue, mas sim de algo que também nos é vital: ENERGIA. Talvez por isso cheguemos a dizer que nos cansam. E literalmente é o que nos fazem. Esgotam-nos seja emocionalmente, seja animicamente, seja a paciência. 
Todos nós temos um pouco desse vampirismo.Todos nós produzimos desgaste em alguém, em maior ou menor proporção. E as armas que usamos, são tão abrangentes que, quando levadas a extremos, dão até para catalogar os vampiros energéticos.

Tipos de vampiros:

O coitadinho - Este é talvez o mais assustador de todos. Partilha as tristezas da sua vida vezes sem conta. Pessimista por natureza, sempre pronto a fazer saber que é a criatura mais infeliz do mundo, na esperança de captar as atenções através da compaixão dos outros. Por norma dá-se mal com o desprezo e arremessa com agressividade, insultando ou falando mal da vitima nas suas costas.

O comerciante - Por norma é alguém com algum poder económico. A sua arma é pagar copos a toda a gente ou tentar resolver a vida dos outros, muitas vezes, mesmo sem lhe terem pedido fosse o que fosse. O pior que lhe podem fazer é recusar um favor que ele peça. Na hora que este "amigo" vos faz um jeito, é como se tivessem assinado um contrato para a vida. A divida nunca mais será saldada.

O empata - Tem que estar sempre em cima do acontecimento, mesmo sem ser convidado para a conversa.
Destabiliza o ambiente, quase sempre com conversas sem nexo, mas que servem para sugar a atenção desejada. O seu passatempo preferido é arranjar assunto, por mais fora de contexto que seja, para se fazer notado. Brincar com a situação, não o levando muito a sério é o melhor para os dias bons. Num dia mau, há que ser directo e firme e enxotar a melga de vez.

O culto - Ninguém percebe nada melhor que este vampiro. Já fez tudo o que havia para fazer, conhece o  mundo inteiro e tem influências em todo o lado. A opinião dos outros é pouco relevante. Ao ser cortado, usa a postura de superioridade e gera conflitos sem fundamento. Deixá-lo a falar sozinho é uma opção.

O psicologo - Por norma estuda a presa antes de atacar. Escolhe a sua vitima e lê tudo, desde os gestos, á maneira de andar, vestir, falar. Depois, tenta por todos os meios adivinhar o que vai na cabeça do outro e baralhá-lo com afirmações nem sempre muito cordiais. A dica é entrar no jogo e baralhá-los ainda mais. A quem tudo quer saber, nada se deve dizer.

O copião - Não suporta o amigo, mas na verdade, falta-lhe a coragem de ser metade do que o outro é ou representa. A solução é mimar a vitima e por trás odiá-lo. Dissimulados, quando peritos na arte, podem causar grandes danos sem que a vitima se aperceba. Confiar desconfiando é o melhor remédio.

O apaixonado - A pessoa que elegem para lhes servir de refeição é a sua cara metade. Dão tudo a essa pessoa, empoleiram-na num pedestal. Só ao lado do outro se sentem alguém e por isso sufocam a vitima com atenções e mimos, temendo que esta lhes fuja. Podem tornar-se violentos quando o seu motivo de vida se cansa da perseguição cerrada. Os sinais de bajulação em demasia podem servir de alerta. Nunca perca de vista aquilo em que acredita e defende, em troca do seu próprio ego.

Existem com certeza mais tipos de vampiros energéticos. No entanto estes já são o suficiente para nos fazer pensar. Não que tenhamos de andar com uma estaca de madeira na mão, um colar de alhos ao pescoço ou um crucifixo no bolso, mas não faz mal nenhum analisar o mau estar que algumas pessoas nos causam e começar desde já a tomar a medicação.
Acima de tudo, o melhor repelente é sermos nós próprios e, ao analisar os diversos comportamentos, não permitir que o vírus se instale. 
E atenção: muitas vezes o que mais nos causa desconforto nos outros, é precisamente aquilo que temos que modificar em nós próprios. Não é à toa que os vampiros não se conseguem ver reflectidos nos espelhos. Ainda não aprenderam o que é sentir-se na pele do outro e o seu egocentrismo tolda-lhes a visão de uma maneira tal, que acreditam ser o motivo da terra girar.








sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

EXPECTATIVA: A morte certa

Uma das melhores formas de votar uma relação ao fracasso, é a expectativa. Seja ela de amizade, amorosa ou meramente profissional. Tendemos a criar expectativas nos outros, não fossemos nós espelhos uns dos outros. Falando concretamente das relações amorosas, tendemos a interessarmo-nos por alguém, primeiramente, porque essa pessoa reflete em nós algo que procuramos, precisamos ou que nos suscita o novo, o desconhecido. Toldamos o nosso juízo de valor, baseados nalguma coisa que nos fascina.
A armadilha está montada, tal como um novo brinquedo se apresenta a uma criança, numa qualquer montra ou anuncio de televisão.
Quando o que o outro espelha, se traduz numa coisa apetecível, na maioria das vezes, criamos de imediato a expectativa. Aquilo que nos atrai só pode ser a melhor coisa do mundo. Algo que mais ninguém tem e que até nos custa a querer que tenhamos encontrado e sejamos merecedores na nossa existência. 
A fraca auto estima é por vezes aliada deste sentimento de fascínio. Depressa passamos do desejo incontrolável de possuir a pessoa, para a parte em que damos a própria vida por ela. Erro certeiro.




Fazemos tudo aquilo que nunca faríamos por nós próprios, na expectativa de conquistar a atenção do outro. Por vezes isso leva-nos a exigirmos fidelização. Nada menos do que isso, prova o amor incondicional do outro.

Confundimos isso com o amor, quando na verdade se pode transformar numa verdadeira obsessão. Desejamos tão ardentemente fundirmo-nos com a outra pessoa, que nos esquecemos que a história começou com dois indivíduos e que sempre será assim. Duas pessoas, com necessidades compatíveis, com coisas em comum, mas sempre duas pessoas individuais, com os seus próprios pensamentos, ações e limitações.
Daí ao pesadelo, é um passo. O motivo do nosso amor passa a ser o motivo da nossa inquietação. A pessoa que julgamos certa, torna-se o objectivo mais difícil de alcançar. A cobrança começou. Como posso ter dado tanto a alguém que parece não enxergar o que recebe? Como posso ter sido tão burro ao ponto de ter-me entregado tanto? Depois de tudo o que eu fiz, como pode o outro ser tão frio e distante?
Simples resposta: porque deu com o propósito de receber algo em troca. Quando se dá seja o que for, sem intenções de retorno, apenas porque sim, quando se chega ao outro pelo caminho do carinho desinteressado, sem expectativas, atinge-se o limite máximo do amor: o amor incondicional. O mais comparável a esse estado, é o de um amor a um filho. Pois não importa o tamanho do retorno, mas sim o bem estar do alvo da nossa afeição. 
Será, por ventura, a unica e verdadeira maneira de amar. Não temos de aceitar tudo do outro, apenas aceitar o outro tal como ele é. Pois se voltarmos ao principio da história, fomos nós que elegemos essa pessoa como o que mais precisávamos naquele momento. Fomos nós que colocamos essa pessoa num pedestal, fomos nós que fizemos dela um Deus. No inicio de tudo, ela apenas se apresentou como um ser humano, com todos os seus defeitos e qualidades, com todos os seus dias bons e menos bons.
Quem nos faz sentir nós próprios, é com certeza a pessoa indicada para nos acompanhar na caminhada. Mas ela não faz disso o nosso caminho.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

E se...


E se nada fosse como parece?

E se tudo o que parece, fosse filme, fantasia, ilusão óptica?
E se a vida de hoje fosse apenas uma realidade paralela?
E se do outro lado do espelho
A tristeza fosse fogo de artificio
A doença, um tropeção na calçada
As lágrimas, um chuvisco de Primavera
A falta de amor, um Domingo aborrecido
A saudade, uma constipação
O medo, uma volta no comboio fantasma
A descrença, uma distração
A fome, um ratinho no estomago
E se... e se acordasses e percebesses que afinal, a tua vida não é esta.
Apenas te encontras do outro lado do espelho
Refletindo os teus mais íntimos desejos
Que alegria te invadiria o peito
Por fim entenderias que nada te falta
A não ser a tua própria consciência

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Vendem-se atestados!

Aqui há tempos quase que entrei numa discussão acesa sobre as regalias dos funcionários públicos. Compreendo que os cortes de que os trabalhadores da função publica têm sido alvo, são excessivos, mas entendo que algo teria obrigatoriamente de ser feito com intuito de acabar com algumas "mamas" e "vicios" que se foram criando dentro desta máquina. Não sou nem nunca fui empregada do Estado, (com muita pena minha). Sim, até podem dizer que é dor de cotovelo, mas quem me dera ter tido pela vida fora a sorte de pertencer aos quadros da função publica. As regalias que sempre possuíram fizeram da maioria das pessoas preguiçosos, de tão facilitada que a vida lhes foi proporcionada.
A conversa começou com uma pergunta simples: como é possível que se metam atestados na função publica, como quem bebe copos de água? Ingenuidade minha ou mero desconhecimento, alguém me disse que basta pagar a módica quantia de 15 euros e o dito atestado é passado sem sequer o "paciente" estar presente na consulta.
O contraste com a minha realidade é do tamanho de um boi. Sempre que estou doente há que ter dinheiro para pagar a taxa moderadora e depois ter a sorte de "apanhar" o meu médico de família disponível. Depois disto, ainda falta o pior: convencer o Doutor de que estou realmente doente.
Mas o que mais me choca é estes atestados terem como base o facto de simplesmente se verem forçados a fazerem trabalhos que não estão dispostos a fazer. Se o seu local de trabalho durante dois anos foi o corredor B e os tentam mudar para o corredor C, ainda que isso faça parte das suas funções, há que meter atestados até mudarem de ideias.
E dizem na cara de qualquer diretor que o farão, se a ameaça de os colocarem noutro sector, se mantiver. Num local onde existem pessoas com licenças sem vencimento há mais de 10 anos, que entopem os quadros, vedando a hipótese a qualquer concurso e, por conseguinte, um emprego a quem realmente quer trabalhar, existe ainda o vicio de passear. Passeia-se o dia todo até serem horas de picar o ponto.
E ainda se reclama das dores do corpo. Não devem ser parecidas com as que eu tive quando fui a uma consulta particular pagar 60 euros e, mesmo ao meu lado, alguém pagava 3, 20 euros pela mesma consulta apenas porque tinha um cartão de utente diferente do meu. 
E as facilidades de crédito que sempre tiveram? Chegou ao ponto de bastar dizer que se era funcionário publico, para ser dado de bandeja. Não que veja isso com bons olhos. Muitas são as famílias que se endividaram com esta "facilidade". 
Podem dizer que é dor de cotovelo, se calhar até com alguma razão,  mas experimentem o desemprego, o não ter dinheiro para pagar uma renda, viver dos trocos que a segurança social ainda dá a quem desconta há tantos anos. Experimentem passar meses e até anos como desempregados, a receber 65% de um ordenado minimo, a responder a anúncios de emprego onde o limite de idade são 30 anos, sabendo que não existe lugar onde procurar por uma vida digna. Demasiado novos para receber uma reforma, demasiado velhos para trabalhar seja onde for. 
E depois de passar por isso, digam-me lá se as dores que dizem carregar no lombo, não são apenas pormenores. As dores que tenho na alma, são bem maiores do que as que carrego nas costas. A dor que trago no peito por não poder proporcionar uma vida melhor aos meus filhos, são muito superiores às que ouço da boca daqueles que se julgam coitadinhos, apenas porque não estão para fazer o que nunca os obrigaram a fazer, e que no fim, nada mais eram do que as suas funções.
Antes de se lastimarem pela pouca sorte de trabalhar um pouco mais, lembrem-se daqueles que não possuem a sorte de ganhar para comer. Porque pode até ser que um dia estejam deste lado. O que em tempos foi seguro, hoje nada mais é do que um barco furado, prestes a ir ao fundo a qualquer momento.