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Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Professores: Uma luta de todos

Por mais que tente perceber o que pretendem os senhores que estão no poder, não consigo. Para falar verdade, já desisti de tentar, limitando-me como muitos de vós a lamentar. Não percebo muito de politica e nem tento, mas entendo que este país está a tomar um rumo contrário ao pretendido, numa altura em que se exige competitividade e crescimento social e económico. Quando se faz a 45º avaliação e meia da troika e mais não sei quantos ensaios e orçamentos de Estado, ficamos sempre a saber o mesmo: há que cortar mais. E onde? Pois está-se mesmo a ver: no ensino, na saúde e na segurança. Com mais cortes assim, qualquer dia teremos uma população analfabeta, coxa e sem nada para roubar. Sem colocar em causa a importância da saúde e da segurança, vou debruçar-me sobre a educação. Uma das soluções encontradas pelo Governo para "poupar" foi a da criação de mega-agrupamentos. Os mega-agrupamentos consistem em agregações de escolas secundárias com escolas básicas e primárias que, através da análise de características geográficas, população escolar, recursos humanos e materiais disponíveis, pode gerar escolas com o numero absurdo de mais de 3000 alunos. Sem contar com a mistura de idades que existirá e que duvido que seja benéfica para os alunos, temos o incontornável factor do despedimento colectivo de milhares de professores. Como se já não bastasse o facto de todos os anos viverem na incerteza de uma colocação em escolas muitas vezes longe da sua área de residência, agora pelo menos têm uma certeza: o desemprego. Mas falando dos "felizardos" que conseguem uma colocação, nem assim se prevê um mar de rosas. É que pertencendo ao Mega-agrupamento de "cascos de rolha", o professor tem que se deslocar por várias escolas. pertencentes ao dito agrupamento para poder dar aulas. Pergunto eu: e essas deslocações, são pagas? E, pergunto eu novamente, que qualidade de ensino tem o meu filho, ao estudar numa escola com 30 alunos por turma, com filas de espera intermináveis para ir à casa de banho, almoçar no refeitório, ou comprar algo na papelaria? Que qualidade de ensino pode ter o meu filho, quando o professor deixar de o ver como um aluno e o passar a ver como um miúdo estúpido e mal comportado, tudo porque não suporta as condições de trabalho que tem? Todos nós sabemos que ninguém produz satisfatoriamente sem ter um ambiente de trabalho minimamente agradável e frutífero. E mais cedo ou mais tarde, quem vai pagar por isso é o mais fraco, ou seja, os alunos. Mas não nos podemos esquecer do essencial: não é por não sermos professores que devemos lavar as nossas mãos deste problema. Isto nunca deveria ser considerado uma luta de professores, mas sim de professores, encarregados de educação, associações de pais e todos aqueles que acreditam que o futuro está nas mãos das gerações vindouras. Não basta ouvirmos as noticias e agradecermos a Deus por não estarmos na pele de um professor. Temos que nos fazer ouvir e rejeitar esta politica de poupança que apenas nos tira os direitos e não nos dá nada em troca. De que vale aumentar o tempo de escolaridade obrigatória para 12 anos se não temos meio de ensinar com dignidade, se as famílias cada vez mais não conseguem fazer face às despesas com educação? Tudo isto é um ciclo vicioso que se vai perpetuando e mais cedo ou mais tarde, as escolas vão ser autênticos depósitos de jovens, forçados a estar ali, mas sem a mínima preparação para a vida. Os pais têm que trabalhar e por isso os miúdos têm que ficar mais tempo na escola, mas os professores faltam e os que não faltam pouco ou nada ensinam, pois não existem condições para tal. O tempo de qualidade das famílias cada vez se resume mais a um serão em frente ao televisor ou ao computador. Todos andamos cansados e desanimados, de braço dado com uma comunicação social que não tem nada para mostrar além de assassinatos, políticos corruptos, pedófilos e assaltos violentos. Mas mesmo assim, temos que fazer um esforço conjunto para que algo mude. Somos nós que pagamos os salários de quem está na Assembleia da Republica. Temos que ser nós a decidir que futuro queremos para os nossos filhos. Basta de cortes na educação, saúde e segurança. Basta de cortes onde não se pode cortar mais. Cortem nos ordenados chorudos e nos carros e casas de luxo. Cortem no numero de ministros, de secretárias e motoristas. Cortem nos cartões com plafons exorbitantes em "despesas de representação". Vendam o palácio de São Bento e todos os edifícios que apenas servem de fachada a um país que tem fome e precisa urgentemente de competir com o mundo de uma maneira mais saudável com vista a um desenvolvimento seguro. Cortem em tudo o que não for imprescindível, mas nunca no desenvolvimento intelectual de uma nação, sob pena de levarem essa mesma nação à extinção absoluta. 

Bibliografia: http://www.uni-vos.com/educacao14.html