Bem vindos!

Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sinceridade

Existem pessoas que se atravessam no nosso caminho com uma energia de irmandade. Sabemos imediatamente e sem sombra de duvida que já nos cruzamos antes e que somos irmãos de sangue, alma e coração. Hoje trago-vos um texto escrito por uma pessoa que me é muito especial em todos os sentidos. O seu nome é Nita e só agora descobri a escritora maravilhosa que é. É com muito orgulho e respeito por esta irmã de guerra que vos apresento as suas bonitas e importantes palavras. 


Sinceridade

Aprendi muito deste tempo enquanto procurava por mim lá fora, onde nunca me poderia encontrar. E algo que aprendi foi o valor da sinceridade. Infelizmente, à custa de muito que fez parte de mim, ou melhor, que roubou um bocado de mim e que, nas melhores das hipóteses, o devolveu mas bem espancado. Todavia, foram apenas as pancadas da realidade que o deixaram nesse estado, o que é melhor do que qualquer mundo ilusório e qualquer mentira piedosa.
E é disso que quero falar: sinceridade. Aprendi que é a base de, praticamente tudo. Na verdade, a sinceridade requer coragem, pois há coisas bastante custosas de se dizer. No entanto, para além de corajoso, todos nós deveríamos ser sinceros. Todos nós somos um pouco cínicos, ouvi dizer. Sinceramente, ainda não sei o que pensar disto. É difícil dizer que não é verdade. Contudo, só porque não fazemos por isso. Que dificuldade teria não o fazer, não usar uma máscara?

Imaginem que eu era 100% sincero. Todos saberiam o que eu pensava sobre cada um e sobre tudo, Todos me conheceriam. E não é isso que se pretende? Que nos conheçam? Então porque ocultar o que nos vai na alma? Porquê fingir? Quem não gosta do que vê, tem todo o direito de virar as costas e ir embora. Quem gosta, fica e ama. Parece-me tão simples quanto isso...

Perguntam-se que talvez não seja assim tão simples. Pois, há mentiras, há cinismos que são usados para evitar problemas. O fim sob o meio. A quem é que isso parece correto? Os problemas só se criam se as pessoas os quiserem criar. As pessoas só se ofendem se se quiserem ofender. A verdade é a verdade e não deve magoar ninguém. O que fere são as mentiras. Se não gosto de ver a outra pessoa de franja, então muito bem, ela toma conhecimento disso e pronto. Se ela gostar do seu corte de cabelo, o que lhe interessa o que eu acho. Desde que se sinta bem. Porquê mentir-lhe e dizer que está bonita quando não o está, aos meus olhos? Provavelmente, até o pode estar para o resto do mundo. Na verdade, o que é que isso importa? O que lhe importa são os seus olhos, pois são esses com que ela vê.

Esse é um exemplo muito mundano. Porém, podem-se atingir níveis bem mais profundos. O que custa é ter de enfrentar o cinismo que tanto existe no nosso mundo. Na verdade, pensamos que conhecemos quem nos é proximo, pensamos que sabemos o que pensa, o que sente por nós, do que é capaz. Mas como podemos ter a certeza? Não podemos... E aí vêm as desilusões. Todas as nossas expectativas caem por terra. Porquê? Porque essa pessoa não nos conhece, porque pensa ou finge que o faz. Hipocrisia daquela que deixa de rastos qualquer um. Daquela que cria uma sede de sangue, uma raiva inabalável. Uma aversão indestrutível. E isto tudo por mentiras... Porque o sustentáculo tem como argamassa mentiras. As mentiras são instáveis e não duram muito. Estalam quando menos se espera. Só se sabe que acabam sempre por estalar.

E é por isso que eu quero construir o meu mundo com base na verdade. E para isso, nada melhor que ser sincero. Se é verdade que todos nós somos um pouco cínicos, então que o sejamos. Eu só sei que quando as minhas mentiras e as minhas máscaras se quebrarem, pelo menos terei todas as outras verdades para me suportar, pois uma pessoa não cai pela quebra de um tijolo ou outro, mas sim de muitos. Ou de todos...

Nita  Campos

domingo, 23 de junho de 2013

Tolerância no combate ao desemprego



A mudança, por norma, é uma coisa boa. Mas é uma necessidade da evolução que causa alguns transtornos e contratempos. Cabe-nos enfrentar isso da melhor maneira possível, de modo a tornar essa mudança mais rápida e proveitosa ou combatê-la, tornando-a mais lenta e penosa. Seja como for, ninguém pode fugir ao facto que o Mundo está a sofrer uma grande transformação que toca a todos das mais variadas maneiras. Hoje estive num local que conheço e visito com frequência desde criança: o Jardim Municipal de Oeiras. Talvez por ser uma das minhas memórias de sempre, nutro um carinho especial por este local que, infelizmente, não vejo tratado da melhor maneira. Seja como for, a sua beleza, localização e oásis de harmonia e bem estar com 73 anos de existência, fazem deste jardim um ponto incontornável de visita. Depois de uma ida à praia, é rotina habitual terminar o dia com um cafézinho, gelados para os miudos e uma voltinha nos baloiços. Sentada na esplanada do jardim, iniciei uma conversa com  pessoa que se encontra agora a explorá-la. Em conversa com o senhor, desabafei que a desculpa da crise veio mais uma vez mostrar uma feira de Oeiras fraquinha, com pouco que ver, ao contrário de outros tempos, em que se enchia de barraquinhas, com grandes organizações por parte dos Bombeiros Voluntários e da ADO (Associação Desportiva de Oeiras). As grandes sardinhadas que por ali se faziam, as barracas de rifas, o artesanato português e claro, todos os carrinhos de choque e carroceis que faziam as delicias das crianças, estão cada vez mais votadas às memórias dos que como eu, cresceram naquela zona. A meio da conversa, perguntei se, tendo um espaço tão grande, nunca tinha pensado em receber ali musica ao vivo. Respondeu que embora tudo fosse muito dispendioso, de vez em quando isso acontecia. Lamentou que a Câmara Municipal não ajudasse a promover esses eventos, deixando tudo ao seu encargo e ainda sacando algum dinheiro com imposição de licenças. Além disso, referiu que da ultima vez que contratou alguém para tocar uns acordes, teve problemas, não com a Câmara, não com os responsáveis do jardim, mas sim com um morador próximo, que chamou a policia às três da tarde de um Domingo, queixando-se do barulho. E é sobre isto que vos gostaria de falar hoje. A mudança que se instalou na vida das pessoas não nos faz voltar às origens e termos a humildade de viver com menos dinheiro, mas com mais união como antigamente. A falta do dinheiro impõe muitas vezes que as férias sejam passadas dentro de casa, que não se faça a ida ao café depois de jantar como dantes, ou simplesmente que não se faça um passeio numa noite de verão apenas para se desmoer a refeição. Com o capitalismo instalado, torna-mo-nos máquinas de consumo que parecem já nada saber fazer sem uns trocos no bolso. A depressão instalada e geral, transformou-nos em máquinas sem um pingo de iniciativa para ter vontade sequer de dar um simples passeio com a família, sob pena de ter que dizer não à compra de um gelado ou um café. E a atitude perante isto é a de um egoísmo extremo: se eu não posso estar como quero, então ninguém pode. Tudo incomoda. A musica incomoda, o riso das crianças incomoda, os carros dos que ainda têm dinheiro para meter gasolina incomoda. Esquece-mo-nos que foi este egoísmo que nos trouxe aqui, com o pensamento de que se não tenho nada a ganhar com isto ou aquilo, há que destruir o vizinho do lado. Partindo do principio de que este comerciante apenas dispõe da época de Verão para fazer algum dinheiro, não será excessivo da parte deste morador fazer uma queixa na policia por tão pouco? Claro que incomoda, mas não ouvi falar do incomodo dos moradores aquando da feira de Oeiras que se prolongava noite dentro, com alguns bons concertos intercalados com a musica dos carroceis. Talvez porque por imposição da Câmara Municipal a música fosse outra. Quando pensamos que este comerciante está a fazer um grande investimento em prol do desenvolvimento do seu espaço comercial, esquece-mo-nos do que pode provir disso. A equação é simples: se musica ao vivo numa esplanada de um jardim atrai mais publico, logo ele vai necessitar de mais ajuda, logo ele vai empregar (nem que seja nos meses de Verão) mais pessoas, logo menos desemprego. Em contrapartida, o que ganhou o senhor que fez queixa: desabafou, tirou das patrulhas de rua dois ou mais agentes que podiam estar a evitar furtos ou desordem publica, enervou-se e enervou os que tentam ganhar a vida com o esforço do seu trabalho, privou os que por ali passeavam num Domingo de ouvirem alguma musica, privou um ou mais desempregados de ganharem um ordenado. Não quero dizer com isto que não falemos quando nos sentimos incomodados, mas sim que avaliemos o que a nossa atitude impulsiva possa causar a terceiros. Que nos deixemos mais uma vez de nos preocupar com o nosso próprio umbigo e que pensemos que um pouco de tolerância pode fazer toda a diferença nos tempos difíceis que vivemos. Pois, quase que aposto que se este morador tivesse algo a ganhar com o comerciante, esta queixa nunca teria existido. Chega do pensamento pequeno de que o Mundo gira à nossa volta e de que ninguém sofre mais do que nós. Chega de combatermos as nossas frustrações no vizinho do lado, quando parece ser melhor destruir o que o outro constrói do que fazer melhor que ele. Pois, relembro, meus amigos, que foi este egoísmo que nos trouxe onde nos encontramos hoje.



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Anda tudo ao papel!

Então não é que anda para ai gente que agora, tempo de crise, até come papel? Pois é, parece que o vice-presidente da câmara de Portimão apanhou o inspector da Judiciária distraído e tirou-lhe um documento (comprometedor), engolindo-o. Pelos vistos, a crise toca a todos. Já tinha ouvido falar de pessoal que anda ao papelão, de gente que anda mais do que nunca ao papel, de modelos que comem papel higiénico para enganar a fome, agora isto é o cumulo da fome. O coitado foi preso e talvez por adivinhar a sua sorte e saber que se come pessimamente nas cadeias, antecipou o almoço e toma lá morangos! (Neste caso, papel.) Se a moda pega, quero ver o nosso anterior Primeiro Ministro e a sua comitiva (corja) a dar a volta a quinhentas páginas da comissão de inquéritos às parcerias público-privadas. Mas temos de ver as coisas pelo lado positivo já que tanto se tem falado de reciclagem, estes comedores de papel podem ser importantes para o futuro. Os recibos verdes, poderão ser literalmente emitidos e imprimidos sem abate de mais árvores. Sim, porque já estamos acostumados ao que se segue após estas revelações bombásticas: muito alarido, muita conversa e depois...bem depois só dá a mesma merda de sempre. Os menos influentes vão passar uma temporada à cadeia e os outros emigram ou andam de costa direita e até têm direito a tempo de antena extra. Difícil de engolir vai ser a conta apresentada quando se apurar ao certo o que todos estes negócios nos vão fazer ao bolso. Mas existem coisas que já deviam ter sido comidas ao tempo, tipo promulgações do nosso Presidente da Republica que atrasa os pagamentos dos subsídios para Novembro. Ninguém me tira que anda enrolado com o São Pedro. Se um atrasa o verão, outro atrasa as férias. Mas férias para quê? Pobre, cada vez menos, tem férias. Descansa a vista, passa o sofá a ferro e, com sorte, apanha uns caracóis para o lanche. Se calhar, mais valia tomarmos este senhor como exemplo e começarmos a pensar na nossa alimentação. Todos se queixam que os preços dos alimentos estão pela hora da morte. Então porque não comer papel? 
" O que temos hoje para o jantar?"
" Temos que acabar com os restos. Tu comes a factura da luz e eu vou cozer umas batatinhas com a da TV Cabo."
" E o que levo para o almoço amanhã?"
" Estava a pensar num folheto do supermercado à Brás."
" Pode ser, mas tira-me o IVA que me faz azia."
Conclusão, ficamos com menos contas em cima da mesa de entrada, acabamos com a enorme montanha de publicidade e com um pouco de sorte, com a compra de papel higiénico. Sim, porque acredito que depois de tanto papel, na ida à casa de banho, já vem tudo embrulhadinho.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O instinto animal

Todos nós temos um gatilho que pode ser premido das mais diversas maneiras. Uns têm-no mais à flor da pele do que outros. Mas de um modo geral existe sempre algo que nos faz descer dos saltos, nos faz perder as estribeiras. A maioria das pessoas que me conhecem dizem que tenho sempre resposta pronta. Mas já fui bem pior. Passei do "prefiro perder um amigo, a uma boa resposta" para um medidor de energia que me permite discernir se vale a pena perder tempo com certas coisas ou pessoas. Durante muito tempo pensei que o que me fazia explodir era a estupidez alheia, a falta de civismo, o preconceito. Mas hoje constatei que existe algo bem mais profundo que me leva a enfrentar um gigante de três metro, sem medo de ficar sem cabeça: a maldade pura. Quando uma pessoa se usa de todos os meios para te atingir como humilhar, chamar nomes, enxovalhar, nada disso se compara ao encontro olhos nos olhos de um outro ser humano que se usa do que tu mais amas para te atingir. Quando amas alguém mais do que a tua própria existência e o outro se esconde atrás desse amor e manipula no sentido de te atingir, isso é maldade nua e crua. Talvez o nome seja pessoa sem escrúpulos, mas do meu ponto de vista, isso não chega para o classificar. Vai daí, desci dos tamancos e parti para a ignorância. Eu que sou apologista do diálogo e nunca da violência, eu que tento mostrar aos meus filhos que pessoas destas apenas merecem a nossa piedade, pois não sabem fazer diferente, parti para a ignorância, deitei por terra os meus princípios e tudo na frente de quem mais amo. Se estou arrependida? Não. Se estou correcta? Não. Se me sinto melhor? Também não, pois depois de tanto tempo a tentar evoluir como ser humano, pareceu-me que voltei à estaca zero e sinto-me como uma mulher das cavernas. Sem contar que não resolvi nada. Apenas deixei um sorriso nos lábios do agressor, que tem a cartilha bem estudada e fez o que fez para testar a minha capacidade de resposta. O que fazer quando algo nos faz sair dos carris? O que fazer para impedir que nos salte a tampa? Não há livro de instruções. Sei que o que fiz está longe de ser a resposta, mas foi interessante constatar que perante um desafio daqueles, estava mais viva do que nunca. Talvez tenhamos evoluído, mas manteremos sempre um instinto animal pronto a soltar-se a qualquer momento.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Um povo de esquecidos



O Brasil explode e aperta o cerco aos políticos. Apelam a Portugal e ao Mundo que faça o mesmo e abra de vez os olhos para uma nova era. Nós por cá ainda nos dividimos entre os públicos e os privados, entre os pobres e os ricos, entre os desempregados e os que têm emprego. Esquece-mo-nos talvez que tudo isto se está a precipitar numa onda gigante a cada hora, a cada minuto, a cada segundo que passa. Pois a globalização tem destas coisas: todos mais perto, tudo mais rápido. Esquece-mo-nos de que os públicos não vivem sem os privados e vice-versa. Esquece-mo-nos de que se hoje temos alguma coisa, amanhã podemos estar a pedir nas ruas. Esquece-mo-nos que se hoje temos emprego, amanhã podemos ter que emigrar, ou pior, roubar para poder comer. De que nos vale culpar este ou aquele do que foi ou é Governo, de que valem os comentários de esplanada, de que valem tantos gritos de um desespero conformado que não levam a lugar nenhum? De tanto nos esquecermos uns dos outros é que estamos onde estamos. Porque se o vizinho do lado é professor e eu sou pedreiro, esta luta não é minha. Porque se o vizinho é cozinheiro e eu sou empregado de escritório, esta luta é do outro. Quando acordará o meu país, tal como o fez o Brasil e percebe que isto nada tem a ver com classes sociais, com profissões, com função publica ou privados? Isto, esta coisa que está a acontecer é global. Todos procuram a mudança. Ela é indispensável à raça humana. Penso até que o nome "greve" deveria ser alterado para "tomada de consciência". As mentalidades têm que mudar. Não somos mais partidos de direita, esquerda, centro. Somos seres humanos e cada um tem a responsabilidade de dar a mão ao vizinho do lado e mudar o que for preciso para que a raça humana consiga progredir. Não é na violência gravada pelas câmaras de televisão que mudamos o Mundo. O Mundo já banaliza essas imagens. Mas a mão de um ser humano estendida em prol do seu semelhante é algo de rara beleza. A frase batida de que violência gera violência já não chega aos corações dos Homens. Se chegasse, mudaria para amor gera amor. Se um tirano consegue instruir crianças de tenra idade para pegar em armas, leccionando a cartilha do ódio, e constrói um exército, porque não fazer o oposto? Pois é no exemplo que se mostra o futuro e é na fraternidade que se destacam os verdadeiros Homens. Há que dar o exemplo aos homens e mulheres que queremos ter no futuro. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Que sabes tu de mim?


Que sabes tu de mim

Tu que te dizes perfeito
Pára, dá-me um tempo
Nem tudo é do teu jeito

Como podes tu saber
O que se passa cá dentro
Por acaso viste-me nascer
Ou tens agrado pelo lamento

Já calçaste os meus sapatos
Já sentiste as minhas dores
Choraste as minhas lágrimas
Viveste os meus amores

Então porque me julgas tu
Se cada um tem seu caminho
Deixa-me ser o que sou
Nem que seja estando sozinho

Dispenso os comentários
De quem não sabe fazer diferente
Esse teu ódio é só comigo
Ou és assim para toda a gente?

Tens veneno na tua alma
Contaminas com mal-dizer
Escondes assim do mundo inteiro
O que tanto te faz sofrer

É fácil apontar o dedo
Que este é fraco, que o outro tem medo
Mudemos então de conversa
Conta-me lá o teu segredo

A tua raiva é fruto podre
De coisa mal resolvida
Se não presto, como dizes
Porque te metes na minha vida?



Bibliografia: http://icedleopoldina.blogspot.pt/2012/08/como-lidar-com-o-julgamento.html

O choro da guitarra

Tentei afogar a dor
Fingindo que não me importava
Daquilo que chamava amor
Só me resta o som da guitarra

No copo um confidente
No fado a companhia
Num cigarro um aliado
Fiz da noite mais um dia

Coração, alvo a abater
Pois foi ele que me enganou
Será que fui eu quem to deu
Ou foste tu quem mo arrancou?

Nem a vida posso tirar
Pois já a levas na tua mala
Faz-me um favor e leva o resto
Leva esta dor que me embala

Triste sina que me atormenta
Triste fim anunciado
O que tu fizeste é crime
Mas sou eu o condenado

Dizem que o tempo tudo cura
Mas foste tu que marcaste a hora
Marcaste o dia mais feliz
Marcaste a data em que foste embora

Só me resta esta garrafa
Que como tudo se vai esgotando
Resta-me a noite, resta-me o fado
E a guitarra que vai chorando






Bibliografia: http://noitedemel.blogs.sapo.pt/44198.html

domingo, 16 de junho de 2013

Traição: ponto assente ou ponto final?

O tema da traição sempre me deu muito que pensar. Do ponto de vista mais superficial da questão, pode dizer-se que todos nós traímos. Isso está à distancia de um pensamento, de um desejo ou simplesmente de uma característica própria ao ser humano. Não será o simples pensamento sexual que temos em relação a alguém que conhecemos, uma traição para com o nosso parceiro? Mas falemos de situações mais sérias do que um simples pensamento e entremos no mundo dos traidores. Se voltarmos atrás no tempo e olharmos para a era dos nossos avós, constatamos que era usual os homens terem amantes e casos amorosos fora do casamento. Se existia alguma mulher que tivesse o mesmo comportamento era coisa rara. (Embora também houvesse). Mas no caso da mulher isto era um tabu que quando descoberto quase lhe valia a exclusão social e, em alguns casos, a familiar.
A mulher era vista como uma propriedade, primeiro pelo pai, depois pelo marido e finalmente pelos filhos. Tinha que ter uma conduta e um comportamento exemplar de esposa extremosa, boa dona de casa e mãe de filhos. Caso contrário era mal vista por todos e principalmente por outras mulheres. Enfim, uma vergonha para a família. Um dos pretextos dos homens para resumir a mulher a uma escrava da casa era o facto de estas na maioria não trabalharem fora. O homem era o sustento da família e a mulher zelava pelo conforto e bem estar de todos...dentro de casa. A partir da altura em que a mulher passa a ter o seu próprio ordenado, a ajudar nas contas e ao mesmo tempo a manter a casa organizada, deixou de precisar de um marido e passou a procurar um companheiro. Alguém que a ajudasse a todos os níveis e que partilhasse de todas as tarefas. Isto trouxe alguns conflitos: se a mulher sai de casa para trabalhar está a par de outras coisas que não via enfiada em casa. Por outro lado está exposta a outros homens que procuram algum tipo de aventura. Durante uma geração este processo de igualdade foi difícil e tortuoso e ainda hoje existem algumas desigualdades entre os dois sexos. Basta olharmos para a diferença entre salários que atribuem às mulheres e aos homens. Toda esta luta pela igualdade de direitos, levou as mulheres a pensarem como os homens e a agirem de igual modo. Hoje em dia uma mulher trai tão ou mais facilmente que um homem. É ditado popular antigo "ele arranjou fora, porque não tinha em casa". E elas passaram a fazer o mesmo. Mas queiramos nós ou não, existem e existirão sempre diferenças entre os dois sexos.( Se assim não fosse, seriamos todos homens ou todos mulheres). As mulheres usam mais a sensibilidade e os homens usam mais a razão. 
Os motivos para um homem trair são: gosta do perigo da aventura, é algo que é necessário aos machos, o certo é ter a mulher em casa e uma ou outra conquista na rua, não resistem a um rabo de saia, são desafiados por outros machos e têm que mostrar o que valem.
Os motivos  de uma mulher são: vingança do parceiro, necessidade de se sentir desejada, se um homem pode, porque não posso eu?, 
Isto é o que dá quando se vive num mundo de homens: aprendemos a pensar, agir e comportarmos-nos como um. Mas a sociedade evoluiu, mas nem tanto. Hoje ainda se trata um traidor como um macho viril e uma traidora como a maior prostituta. (Não querendo com isto insultar esta classe trabalhadora).
A pergunta que coloco é a seguinte: a traição é um ponto assente ou um ponto final? Isto é, uma pessoa já nasce com a característica de trair ou as circunstâncias da vida levam-na a fazê-lo? A traição dá-se porque a pessoa está exausta com a relação que mantém ou porque já é normal que traia? Podem dizer que depende de pessoa para pessoa, mas mesmo assim, o que me deixa intrigada é para quê? Qual o fundamento da traição? Para que se casa, junta ou assume um compromisso uma pessoa que depois  procura outras?  Não seria mais correcto não se comprometer com alguém? Podem perguntar: mas assim provavelmente cada um vivia para o seu lado e não existia lei nem regra. Mas então porque mantêm uma pessoa ao vosso lado se se sentem tão incompletos, que precisam de procurar outro parceiro? Ai, e tal...porque gosto dela(e) mas preciso de alguém que me ouça, me entenda e me faça sentir vivo. Tretas!  Ou dás uma volta de 365 º na tua relação e mudas o que precisa de ser mudado e falas o que precisa de ser falado, ou precisas é de acabar com a relação gasta e bolorenta que tens,  ir à tua vida e libertar quem vive contigo para que faça o mesmo.  A traição, tenha ela o motivo que tiver, não passa de egoísmo. É como aquela criança que vê um brinquedo na mão do outro e corre para o tirar. Pouco tempo depois, perde o interesse e deita-o fora. Ninguém ganha com esta história. Um fica sem brinquedo e o outro tem uma satisfação instantânea que não lhe resolve problema nenhum. Porque inventem os motivos que inventarem, só comete traição quem não se sente feliz consigo mesmo. É um balão de soro que adia a resolução do problema principal. Temos que gostar de nós próprios e definir muito bem o que queremos para a nossa vida. Pois sem amor a nós próprios damos vários razões aos outros e a nós mesmos para trair, mas não evoluímos como seres humanos. Mais vale acabar uma relação porque queremos outra vida, do que acabar com a nossa vida (auto-estima, amor-próprio, valorização pessoal)  porque queremos outra relação.

sábado, 15 de junho de 2013

Hino ao meu povo

Heróis do mar que fomos
Nobre povo que somos
Nação valente que luta
Por um lugar imortal
Que se levante hoje de novo
O esplendor do meu povo
Pois nas brumas da memória
Dos fracos não reza a História
Oh! Pátria ainda se sente a voz
Dos teus egrégios avós
Que te guiam pela tormenta
Rumo ao mar da vitória
Há que pegar nas armas
Seja por mar ou por terra
Há que marchar de peito aberto
Ir à luta e vencer a guerra
Pois nas veias nos corre o sangue
De um povo vencedor
E se vencemos a ditadura
Com uma revolução de cravos
Marchemos contra os canhões
Com um exercito de amor

Bibliografia: http://blogue-folio.blogspot.pt/2012_06_01_archive.html

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Máquina acordou Oeiras




Não quis deixar passar a euforia em que me encontro e perder a inspiração de vos falar um pouco da banda portuguesa considerada por muitos a revelação dos últimos tempos. Acabei de chegar do concerto dos Amor Electro que estiveram em alta no Jardim Municipal de Oeiras. À parte dos excelentes músicos e compositores que constituem a banda, a voz de Marisa Liz é uma verdadeira bomba. A comprovar esse facto, esteve um publico ao rubro que não arredou pé antes de ouvir mais uma vez o tema mais tocado da banda: A Máquina. E que grande máquina esta que nos traz temas verdadeiramente sentidos e nos mostra mais uma vez o povo que somos. Além da voz e da alma do grupo, Marisa Liz presenteou-nos com uma outra revelação. O tema Rosa Sangue faz parte do novo álbum da grande Simone de Oliveira. Das treze canções que o compõe, podem ouvir-se temas de Rui Veloso, Susana Félix, Miguel Gameiro e Tiago Pais Dias dos Amor Electro
A mensagem que passaram a todos os que os ouviam foi bem clara: "Por mais difícil que o caminho seja, nunca desistam. Ao olhar para trás, nunca se esqueçam que em tempos já fomos heróis." 
Obrigado Marisa, obrigado Amor Electro por terem a coragem de cantar na nossa língua e fazer renascer a magia do rock'n roll português. 

Apanham-se as "mulas", fogem as "hienas"


A vida por vezes mostra-nos o caminho da pior maneira possível. Foi o que aconteceu a Sara Norte e acontece  a tantos outros jovens por esse mundo fora. O que nos leva a pensar que tudo o que parece fácil, nem sempre é a melhor rota a seguir para vingarmos no mundo. Tudo o que sei sobre a Sara é o que leio ou vejo na comunicação social. E há muito que entendo que esta não é a via mais certa e a história mais bem contada. No fundo toda a capa de revista ou jornal que venda, vale bem mais do que o que existe por trás da noticia. Mas pegando nas palavras que julgo serem as proferidas por Sara Norte, o que a levou a enveredar pelo mundo da droga foi o dinheiro fácil. Não lhe faço julgamentos a ela nem a qualquer jovem que entre numa destas confusões. Quando uma viagem de Marrocos a Portugal se pode traduzir em 1000 euros, tudo parece fácil ao focarmos a nossa intenção em adquirir 30000 euros. Se nos focarmos apenas na quantia a ganhar, os riscos parecem mínimos. Mas não são. Além dos problemas de saúde, de desafiar a própria morte, há o factor assustador de ser apanhado, como foi o caso dela e como é o caso de muitas pessoas que se envolvem nestes esquemas. Acreditando como acredito que a partir de agora a sua vida vai mudar para bem melhor, fico feliz por saber que a vida, além de lhe ter dado uma grande lição, ainda lhe concedeu a oportunidade de recomeçar. Embora nada apague o sofrimento que teve que ultrapassar, a Sara tornou-se numa pessoa com uma história importante para contar a outros jovens que estejam a pensar seguir-lhe os passos. Com essa história é possível alertar as futuras gerações dos perigos e das armadilhas que se escondem por detrás do mundo da droga. Com esta história, a sua responsabilidade é acrescida, pois ela é agora a prova viva de que o crime não compensa. Pena é que estas "mulas", como são chamadas, sejam as primeiras a sofrer na carne. Depois desta história com um final feliz, resta perguntar, onde estão estas pessoas que levam os nossos jovens a cometer tais crimes? O que fazer para combater esta gentinha que alicia qualquer um que esteja disposto a ganhar um dinheiro extra, pondo em risco as suas próprias vidas? Vocês podem alegar que ela não o fez obrigada, mas nem isso sabemos ao certo. O que gostaria de ver era esses senhores da droga num banco dos réus e posteriormente, atrás das grades. Mas. infelizmente, enquanto se vão apanhando as "mulas", fogem as "hienas". "Hienas" essas que vão dizimando aos poucos uma civilização inteira. A ti Sara, apenas desejo as maiores felicidades, muita força e que ajudes outros a encontrar um caminho melhor. E não te esqueças de que és uma pessoa especial, pois a vida não dá muitas segundas oportunidades.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O milagre de ser mãe

Embora o tempo teime em mostrar o contrário, estamos no verão, época de férias, praia e santos populares.  Hoje, dia 13 de Junho, dia de Sto. António e feriado de Lisboa, fui assistir às marchas da escola da minha filha. A má organização do evento e a timidez do público que mais parecia estar num velório, contrastou com o bom trabalho das educadoras e auxiliares. Os fatos estavam muito bonitos e dentro dos possíveis os miúdos estavam bem ensaiados. Trabalho um pouco inglório, se atendermos ao facto de tanto trabalho se ter resumido a uns dez minutos de actuação de cada grupo, debaixo de um sol intenso. Mas não é sobre isto que pretendo falar. Pois existe algo comum a muitos de nós que sempre achei melodramático e excessivo até ter sido mãe. Imaginem que estão numa feira e o vosso filho está a andar num carrossel e cada vez que passa perto de vocês, acenam como se o puto fosse partir de viagem.  Sabem quando avistam os vossos filhos, no meio de um grupo de miúdos que dança, canta, faz teatro ou simplesmente sobe a um palco, e vos teima em cair pelo rosto uma lágrima de orgulho e comoção?Pois, eu sempre que assistia a isto nos outros pais dava por mim a abanar a cabeça como se aquilo fosse a coisa mais ridícula de sempre. Mas já diz o ditado: "não mandes pedras ao telhado do vizinho" . Hoje foi a minha vez de fazer esta triste figura. E o mais engraçado é que não me importei por um segundo se alguém estava a ver de longe e a abanar a cabeça em sinal de gozo. A minha filha, a minha pequena princesa estava ali, linda e luminosa marchando ao lado dos coleguinhas. Estava ali a menina que mais amo para que todos pudessem ver e admirar. Tentei até agora descrever o que me leva a chorar de emoção nestas situações, visto que com o irmão mais velho tive alguns destes episódios. É um misto de admiração com orgulho. É como se nem pudesse acreditar que aquele ser tivesse vindo de mim. Por mais  insignificantes que as suas prestações sejam, esta pequena lágrima está sempre presente. Ridículo ou não, pude confirmar que não era a única a sentir o mesmo. Foram muitas as mães que disfarçaram as lágrimas ao verem os seus pequeninos a marchar pela avenida. Feitas as contas, estes momentos são os mais importantes. No meio de tanta luta para os criar, de tanta dificuldade que a vida nos traz, de tanta falta de tempo para lhes mostrar que estamos presentes, são estes momentos que nos mostram que pelo menos uma vez na vida fizemos o melhor do mundo: os nossos filhos. Estes momentos, servem para nos iluminar a alma e são uma lufada de ar fresco que nos permite arrepiar caminho e sentir que fizemos algo verdadeiramente mágico: demos vida a um outro ser que tem na mão a chave para um futuro melhor. Na maior das provações, pensem e revivam estes breves momentos e verão que tudo valeu, vale e valerá sempre a pena por estes seres maravilhosos que nos deram de presente a maior das lições. Ser pai ou mãe, é a maior das bênçãos. Usemos isso em todos os momentos: os bons e os menos bons, para gerarmos força e enfrentar tudo o que estiver para vir.