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Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

sábado, 7 de junho de 2014

Tentativa e erro: de uma mãe para outra





Olá amiga.
Se fores do tipo de pessoa que gosta de ler, isto vai ser porreiro. Se não, será uma seca, mas peço-te desde já desculpa. Esta é a minha maneira de melhor comunicar. Adoro a escrita e talvez por isso não tenha muitos amigos dispostos a aturar-me. É tipo: "a gaja até é porreira, mas para a entender temos que ler a lista telefónica de A a Z." Uma seca...
No entanto, acho importante o que te vou dizer, isto porque quem me dera ter muitas vezes alguém que me desse algumas luzes. A verdade é que nenhum de nós sabe andar neste barco. Mas o mais importante não é o saber andar, mas sim aprender a não balançar muito o barco e a baixar a cabeça até a tempestade passar.
Não sou ninguém para dar lições de moral ou fazer juízos de valor. Apenas te posso contar partes da minha experiência e esperar que te sirvam para alguma coisa. 
A parte onde tenho mais experiência é em cometer erros. Antes ficava de rastos, mas quando me dei conta que o conjunto desses erros fizeram de mim uma pessoa mais forte e atenta, passei a aceitar-me melhor e a olhar no espelho sem vontade de o partir. 
Em relação ao que falamos sobre os filhos, tenho boas e más noticias. Vou amaciar-te com as coisas boas, pode ser?
Ser mãe é sem duvida a melhor condição que Deus nos deu. (e Deus só pode ser homem, para nos incumbir de mais esta árdua tarefa).
Os filhos fazem-nos sentir completas e necessárias. São uma parte de nós que nos vai amar até ao fim dos nossos dias. (embora às vezes não pareça).
Muitas vezes são o nosso porto de abrigo e aquilo que nos faz levantar do chão e lutar. Para eles apenas o melhor é exigido. 
Como mães somos responsáveis por criar os Homens e Mulheres de amanhã e isso é uma responsabilidade muito alta, mas imprescindível à continuação da espécie.
Nós, mães, somos por isso o ser mais perfeito que foi criado.
Agora que já te babas, vou dar-te um tareão. (eh, eh, eh)
Como mãe, tu és sempre e sempre serás, responsável por tudo o que diz respeito ao teu filho. Tanto as coisas boas, como principalmente, as más. 
Como isto de ser mãe não trás manual de instruções, só te resta exerceres o papel como fazes todas as coisas importantes da tua vida: tentativa e erro. (agora multiplica isto por milhentas vezes)
Tentativa e erro até ao fim dos teus dias.
Não te preocupes. Se pensas que isto é cansativo, imagina o que será se te disser que tem sempre tendência a piorar com o crescimento dele. 
Outra boa surpresa é que tu serás sempre a "culpada" de tudo o que suceder na sua vida. Se for mal sucedido, culpa tua. Se for bem sucedido, "sai mesmo ao pai".
Se estiver constipado, culpa tua, pois não obrigaste a vestir o casaco no dia 2 de janeiro de 2010. Se for forte e nunca ficar doente, "é forte como o pai."
Se for um puto pouco social e não se der com os outros, é culpa tua que não o deixas sair com os amigos. Se tiver um club de fãs, "sai ao pai, um verdadeiro garanhão".
Por isso, amiga, nunca te darão o prazer de seres vista como a geradora de um Homem completo e bem sucedido. Isto não é culpa nossa, mas sim da sociedade ainda machista em que vivemos. 
No entanto, podes sempre mandar isto tudo às urtigas. Cada um de nós faz o que tem que fazer a cada momento, baseado nas ferramentas e conhecimentos que tem nesse momento. Tu não és excepção. O que foste em 1900 e caracol, não é de certo aquilo que és hoje. Hoje és diferente e fazes muita coisa de maneira diferente. Como foi que aqui chegaste? TENTATIVA E ERRO!
Como vês, essas tentativas e esses erros, são agora teus aliados, embora tenham sido uns cabrões no passado. 
O teu filho é um miúdo extremamente inteligente e sensível. Esses são os mais complicados, pois dos mansos não reza a História.
Embora te convenças que é apenas uma criança e nem percebas como pode ter tal entendimento das coisas com tão tenra idade, pensa que eles não estão no nosso tempo, mas sim, no deles. Isto é, tu com 9 anos brincavas com bonecas e saltavas ao elástico. Eles com 9 anos, andam à porrada por diversão e fazem "likes", "downloads", falam no "chat", comunicam entre si no "Skipe"...
Conclusão, estão muito mais à frente, crescem muito mais depressa e sabem muito mais do que nós, sem que nós os tenhamos ensinado. 
O que nos resta então como mães? Cuidar, amar, respeitar, impor regras, obrigar a comer, vestir , tomar banho, cortar as unhas, arrumar o quarto... Enfim, tudo coisas que eles não gostam ou que têm como garantidas. 
Mas outra coisa que lhes podemos fazer e que cada vez menos os obrigamos a fazer é a pensar com a própria cabecinha. 
Um exercício que tento sempre fazer com o meu filho, (já vou praticando com a mais nova também), é sempre que surge um problema ou algo que eles não devem fazer, em vez de proibir ou de dar sermão, conto uma "história-mentira".
Uma "história-mentira" é uma história que aconteceu a alguém imaginário e de preferência com um desfecho trágico. Por exemplo: os putos gostam de saltar em cima da cama. Contei uma vez ao meu filho que "um primo meu, uma vez ao saltar em cima da cama, partiu o joelho em três lados. Esteve 3 meses de cama (um mês por cada lado, pareceu-me razoável). Além disso, o coitado do meu primo, nunca mais pode jogar à bola."
Esta técnica costuma dar mais resultado se a personagem-mentira for alguém próximo, mas que não possa desmentir o conto. 
Quando a guerra é sobre fazer ou não fazer alguma coisa, não vale a pena rachar-lhe a cabeça (embora seja tentador, às vezes) ou gritar como se não houvesse amanhã. Além da dor de cabeça, só vais ganhar umas pastilhas para a garganta.
Há que regatear como se estivesses na feira da ladra, mas sem o apregoar da mercadoria. Ele tem que ceder em alguma coisa, para que tu cedas a seguir. Tipo uma troca. 
Uma coisa muito importante é o facto de tu nunca o deixares esquecer que além de mãe dele, também és uma pessoa. Também tens dias bons, maus, chuvosos e soalheiros como toda a gente. Ele tem que entender, mais cedo do que tarde, que tu não és à prova de bala e que também precisas do teu espaço e tempo. Podem estar os dois em casa, cada um na sua onda, sem que isso implique falta de atenção de um para o outro. Isso só se consegue quando ele souber sem sombra de duvida que não deixas de o amar só porque precisas de descansar meia hora. Se ele é crescido para saber que não tem fome e que não quer comer a sopa, também tem que entender que hoje não te apetece brincar com ele àquele jogo de todos os dias, ou tê-lo pendurado em ti como um koala. Há tempo para tudo se houver organização. 
Pede-lhe ajuda mais vezes. Mesmo que ele faça a tarefa mal feita, pede-lhe ajuda para fazer as refeições, para te ajudar com a escolha de uns pratos novos, alguma coisa onde a decisão dele possa mudar algo. Eu por exemplo, não mudo uma divisão da casa sem pedir um conselho ao João. Isso faz com que sinta que pertence à tua vida e não é apenas um puto chato que a mãe tem que aturar. 
Existem muitas outras coisinhas, mas acho que , como sempre, já me alonguei.
O mais importante é que o ames incondicionalmente e que lho digas e demonstres sempre que possível. 
Quanto ao que os outros dizem, se tu és a mãe para acartar com as culpas, também és mãe para tomar as decisões. És tu quem dá a ultima palavra. 
E pensa, se foste forte até aqui, já tens o que é preciso para vencer. Aproveita o teu filho. Aproveita o que ele te transmite de melhor e vai corrigindo aos poucos o que achas que é menos positivo. 
E por favor, pára de te preocupar tanto. Se te serve de consolo, ninguém tem uma fórmula mágica, mas todas nós temos o dom de gerar o futuro.
Abracinhos

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