Bem vindos!

Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Estudar para salvar



Todos os anos é a mesma história. Uns com mais, outros com menos, todos os anos Portugal arde um pouco por todo o lado. E porquê? Porque será que mesmo ao fim de anos infernais, como foi o de 2003, ainda se deixa arder milhares de quilómetros de área, chegar perto demais das populações, roubar os bens e por vezes a vida a quem faz frente ao fogo? As razões são várias:
- a falta de civismo
- abandono das actividades agrícolas (falta de campo cultivado que dá origem a mato)
- desertificação das zonas rurais
- falta de limpeza de florestas e áreas com densa vegetação
- alteração climática que gera tempo seco e quente e com falta de precipitação
- interesses económicos que geram fogos postos
- pessoas "doentes" que apenas gostam de ver o fogo e todo o aparato que a sua extinção exige
Mas existe um fenómeno que, embora ninguém fale para além dos próprios bombeiros, prejudica qualquer tentativa de preservar o país desta calamidade: a falta de coordenação e de gerência dos meios de combate aos fogos. Se têm assistido às ultimas noticias dos incêndios que deflagram neste momento em Portugal, decerto já ouviram muitas intervenções de populares, presidentes de junta e até bombeiros referir que não sabem como fazer as coisas. No fundo parecem crianças assustadas a quem o vento não dá tréguas, brincando maliciosamente sempre que muda de direcção. Ninguém comanda o vento, nem tão pouco estou a criticar a actuação dos bombeiros. Penso que os populares que o fazem, ou nunca dariam o seu corpo para servir outros, ou fazem-no por estarem em pânico, vendo os seus bens e a sua vida ameaçada. Os bombeiros, muitos deles voluntários, são, como foi referido hoje nas noticias, "o exército mais barato em Portugal". Vergonhosamente, é verdade. Mas segundo algumas vozes que se levantam para, em vez de criticar, encontrar soluções para o problema, uma das prevenções que se pode fazer é uma análise técnica dos incêndios florestais. No blog "Diário de um bombeiro", li sobre este assunto onde Emanuel de Oliveira de Vila Nova de Cerveira explica que pelo facto de não existir uma ciência exacta em matéria de fogos florestais, é necessário estudar, observar e recolher dados durante os incêndios com o intuito de saber mais e combater melhor. Com certeza que não serão os bombeiros a braços com as chamas que terão tempo para disponibilizar em nome da ciência. Para isso, defende que deve haver pessoal especializado no teatro das operações, que recolham todos os dados, para mais tarde, após uma análise mais cuidada, dar pistas no combate a futuros fogos.
Podem ler mais sobre esta ideia em http://diariobombeiroformacao.blogspot.pt/ .
Também podem ver um documento muito interessante publicado pela Autoridade Nacional Florestal, onde fiquei a saber que embora esta autoridade conte com milhares de trabalhadores, não parece surtir muito efeito se tivermos em conta as ultimas noticias.

(Imagem retirada da Internet em http://ofogoeamigo.blogspot.pt/)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Vamos fumar uma?



Portugal pode não ser o mais bonito dos países, mas é sem dúvida uma maravilha de norte a sul. Disso, qualquer português não pode ter dúvidas. Odeio quando ouço dizer que este é um país de "merda". Acho que quem o comanda e quem se serve dele e das suas gentes para seu proveito próprio é que deveria ter esse rótulo. E disto existem diariamente exemplos críticos. Não ensinaram aos poderosos que temos que preservar e divulgar o que de melhor somos e temos. Em vez disso, criamos pessoas que praticam a lei do mais forte, reduzindo a cinzas tudo o que se atravessa no seu caminho, em troca de enchimento dos próprios bolsos. Não bastante, colocamos estes senhores no poder, dando-lhe sinal verde para acabarem com o pouco que nos resta. Se tomarmos como exemplo os fogos florestais, haverá com certeza muito para dizer. Todos os anos é a mesma coisa: bombeiros valentes que além de lutarem contra as chamas, têm de lutar contra a má gerência dos meios que dispõem, ou mesmo sem meios apropriados. Gostava de os ver agora a combaterem incêndios com submarinos. Em vez disso, vale a bravura dos populares, que arregaçam as mangas na tentativa desesperada de que o fogo não lhes leve o pouco que o Estado ainda não conseguiu sacar.
Provavelmente não será justo pedir a um jogador de futebol famoso que ganha milhões de euros, para intervir, quando a Madeira, sua terra Natal, se encontra rodeada de chamas. Porque teria de ser Cristiano Ronaldo a comprar meios aéreos que ajudassem o combate às chamas, quando o próprio Presidente da Madeira vem dizer para a comunicação social que existem bombeiros a mais na Madeira? Penso que é pena que os filhos de Portugal mais poderosos lavem as mãos quando se trata de ajudar a sua terra, contentando-me assim com o pedido de Kátia Aveiro. A irmã de Ronaldo pede a Deus para que proteja a sua terra e todos os que nela habitam. Faz este pedido a partir do Algarve onde está a acompanhar o marido na festa de abertura da discoteca Seven. Podia juntar-se com a nossa Ministra do Ambiente e fazer umas novenas para que chovesse.
Mas enquanto uns se preocupam com os negócios de família, outros estão mais preocupados com a saúde dos portugueses. Ou de alguns portugueses. Parece que o Bloco de Esquerda continua com a ideia fixa de legalizar a canábis. Justifica a sua posição baseando-se no facto de que "o proibicionismo falhou e fracassou, não reduziu o número de consumidores de drogas ilícitas, não protegeu a saúde desses consumidores, atirou para a marginalidade e para o sistema prisional milhares e milhares de jovens e, sobretudo, alimentou um mercado clandestino". Bem, essa do mercado clandestino pode ser resolvida com o pedido de recibo. Se for um consumidor de 27 mil euros anuais, pode vir a receber um retorno de 250 euros. Do ponto de vista do Bloco, há que "legalizar e regular o consumo de canábis através da criação de clubes sociais de canábis para o consumo e a dispensa entre os seus associados maiores de 18 anos" e "legalizar e regular o cultivo de canábis para consumo pessoal". Isto era capaz de dar trabalho a mais uns quantos. Principalmente porque teríamos que contratar pessoal para atender os sócios do "clube", um ou dois jardineiros para cultivar nuns vasinhos e pessoal responsável pela fiscalização. Podíamos até arranjar umas t-shirts com imagem do "clube" e oferecer uns brindes, umas canetas, uns isqueiros, umas mortalhas...
Desculpem o meu sarcasmo, mas quem não tem dinheiro, nem trabalho, nem vida para isso, não tem vícios. Deixem de se preocupar com coisinhas de "merda" e verão como Portugal pode ser um país onde qualquer um gostaria de viver ou visitar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um dia no Jardim Jaleco


 Hoje o dia foi de passeio ao Jardim Zoológico de Lisboa. Já lá não ia há mais de sete anos e gostei do aspecto um pouco diferente que tem. Em comparação ao meu tempo de criança, as mudanças do jardim são realmente muitas. Para começar era muito mais acessível monetariamente. Pagávamos o bilhete à entrada que apenas dava acesso ao Jardim. Se quiséssemos ver os répteis, alguma exposição adjacente, ou visitar o famoso labirinto de espelhos que antes existia, tínhamos que pagar novo bilhete para esse efeito. A vantagem era poder escolher o que gastar em função do que se podia ver, mas penso que todos íamos ao Jardim com a intenção de ver tudo e por isso, lá pagávamos mais duzentos escudos para ver os lagartos. Uma das partes mais divertidas do Zoo era sem dúvida o famoso elefante que, em troca de uma moeda, tocava na sineta. A minha mãe conta, que da primeira vez que fui ao Zoo, com mais ou menos 4 anos, consegui subornar o dito elefante com umas bolachas Maria. Ao perceber que eu lhe dava bolachas enquanto os outros lhe davam moedas, optou por caminhar sempre na minha direcção, comendo a bolacha e tornando à sinete em gesto de agradecimento. Quem se encontrava em redor não gostou muito da brincadeira, mas a um elefante dá mais jeito uma bolacha gostosa do que uma moeda para o tratador. Não sei se depois disso terá existido algum desentendimento entre o bicho e a "entidade empregadora", mas o que é certo é que hoje já não podemos dar nada ao dito elefante, nem moedas, nem bolachas.

O que acontece é que os animais estão muito mais afastados do público do que dantes. Embora seja menos mágico, compreendo que é uma forma de os proteger dos visitantes. Muitos animais morreram pela falta de civismo das pessoas que, embora com inúmeros avisos para não alimentarem os animais, continuavam a fazê-lo e até a mandar lixo para junto destes. Mas existem outras coisas que antes não existiam e que são uma mais valia. A baía dos golfinhos, o teleférico, os inúmeros estabelecimentos onde podemos comprar bebidas e comida.
Em relação aos animais, gostei de ver que têm melhores e mais bem cuidadas instalações. Os bilhetes são realmente caros, hoje em dia. Mas se atendermos ao facto de ter que tratar, alimentar e alojar todas aquelas espécies, com conforto e tentando aproximar-se o mais possível aos seus habitats naturais, veremos que são razoáveis. Não vi muitas famílias como via no meu tempo, mas vi muitas escolas e ATL's. O que significa que são feitas parcerias e esforços conjuntos para levar o maior numero de crianças ao Zoo.

Seja como for, e embora o meu marido tenha referido que o passeio parecia divertir-me mais a mim do que aos próprios filhos, penso que a magia esmoreceu um pouco. Como não podia deixar de ser. Crescemos e parece que as coisas se tornam menos interessantes. A informação que possuímos é maior e tudo é visto com outros olhos.


Dei por mim a pensar se aqueles animais seriam felizes, se entendiam que estavam em cativeiro, ou se por outro lado, desde que bem tratados, isso fosse indiferente. Muitas vezes ficamos orgulhosos por salvar as espécies da extinção, mas nunca podemos esquecer as principais causas dessa extinção: a evolução e o ser humano. Fomos nós próprios em muitos casos que levamos ao quase desaparecimento de muitos daqueles animais. E os motivos não são os mais nobres. Na maioria dos casos não foi por sobrevivência do mais forte, mas sim por egoísmo, avareza e desrespeito por algo que não nos pertence, apenas habita no mesmo espaço que nós. Seja como for, e tirando o calor que se fez sentir hoje e que fazia esconder os mais preguiçosos e deixar todos pouco activos e molengões, penso que todos são bem tratados. Claro que nada se compara à liberdade, mas infelizmente, a liberdade de muitos destes seres é uma certidão de óbito. Seja como for, penso que de um modo geral, todos os envolvidos no Jardim Zoológico de Lisboa estão de parabéns. A simpatia no atendimento também é de realçar. Foi um dia muito bem passado.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um grito do Universo



ÓDIO  Aversão inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia.


Muitos são os motivos que podem levar alguém a  odiar outra pessoa. Muitas vezes não está na nossa mão conseguir combater o que sentimos em relação aos outros. Mas temos sempre o poder de reagir da melhor ou da pior maneira em relação ao nosso objecto de ódio. Sinceramente acho que nunca senti ódio por ninguém, ou se o senti, foi momentâneo. Acho a palavra demasiado forte para ser dirigida de animo leve. Nesta definição do dicionário da palavra ódio, pode ler-se como sinónimo a raiva. No entanto, raiva não será o mesmo que ódio. Raiva é uma emoção superficial, uma coisa de momento, como uma birra. O ódio é mais profundo, é um sentimento enraizado que pode ser até perigoso.  Podemos ter raiva da chuva num dia em que planeamos ir à praia, podemos ter raiva de um vizinho que não nos segurou na porta, sabendo que moramos no mesmo prédio, podemos até ter raiva da colega que tem a mania que é melhor que nós. Mas quando odiamos alguém, é porque essa pessoa tem algum tipo de valor para nós. Não é possível nutrir ódio por alguém que não existe para nós ou que não nos interessa sobre nenhum ponto de vista.
Tanto a raiva como o ódio não fazem nenhum bem à saúde. O stress que é gerado pela raiva pode provocar enfartes. Por seu lado, sendo o ódio um sentimento enraizado, quando vai consumindo o equilíbrio interno do seu hospedeiro, revela doenças como a artereoesclorose, diabetes e até mesmo o cancro. E é aqui que o perigo se instala. Quando temos raiva ou odiamos alguém, as nossas atitudes, pensamentos ou acções dirigem-se ao outro sob a forma de maldade. Pensamos erradamente que estamos a atacar o outro, sem nunca nos apercebermos de como isso nos afecta muito mais a nós próprios. Tomemos o cancro como exemplo. Considerada a doença do século XXI, surge quando as células normais se transformam em células cancerosas ou malignas. Isto é, adquirem a capacidade de se multiplicarem e invadirem os tecidos e outros órgãos. São muitos os factores que provocam o desenvolvimento desta doença como por exemplo, o tabaco, a exposição prolongada ao sol, etc. Estes são factores exteriores que podem e devem ser combatidos. Mas, ainda que não provado cientificamente, esta doença também se desenvolve através de uma programação de pensamentos e emoções negativas. A maneira positiva e de força interior de uma pessoa, juntamente com o facto da doença ser detectada a tempo, muitas vezes é o que distingue os sobreviventes das fatalidades. Já para não falar no facto de que esta doença é como uma catarse para quem a contrai. São vários os testemunhos de pessoas que depois de receberem a noticia de que têm cancro, mudam drasticamente a sua maneira de ver, sentir e encarar a vida. Os sobreviventes nunca mais voltam a ser as mesmas pessoas. Dão mais amor e atenção aos familiares e amigos, investem o seu tempo em algo com que sonhavam há muito, enfim, dão muito mais valor à vida e a tudo o que ela tem para oferecer. Poeticamente podemos dizer que embora de uma forma extremamente negativa, é a oportunidade limite para mudar por nós próprios. E assusta bastante que esta seja uma doença que alastra a ritmos alarmantes, dizimando a população humana. Esta doença é um grito do Universo que exige uma modificação de mentalidades e de valores urgente. Por isso, tente repensar sempre que possível e pergunte a si mesmo porque odeia uma pessoa, se realmente vale a pena gastar um minuto da sua vida a pensar em algo ou alguém que lhe provoca tanto mal estar. Se a sua resposta for não, veja o outro como alguém que também sofre que também ama, que também odeia, mas que se calhar não sabe o mal que isso lhe faz. Talvez assim consiga sentir uma certa compaixão em vez de ódio e reverta os sintomas de mau estar que o atormenta.


(Imagem retirada da Internet)






sexta-feira, 13 de julho de 2012

Troca comigo




Realmente é nos momentos piores da vida de qualquer ser humano que as boas ideias surgem. Criativo e sempre em constante mudança o ser humano não conhece a palavra desistência. Pelo menos alguns, que não desistem de encontrar soluções para uma vida mais justa, equilibrada e de solidariedade para todos. A partir deste principio foi criado o Movimento Pela Reutilização de Livros Escolares.
Este movimento informal de simples cidadãos, uniram-se para promover a criação e divulgação de bancos de recolha e troca de livros escolares usados por todo o país, tentando assim tornar a reutilização destes numa prática universal em Portugal. Partem de um princípio de honra de gratuitidade total, onde todo e qualquer produto prestado, por ou para o Movimento, não envolve dinheiro. Estes cidadãos têm como função a divulgação dos vários bancos onde todos podem entregar ou levantar livros escolares gratuitamente. Fazem ainda o apelo para quem esteja interessado em abrir um banco de livros escolares na sua cidade, disponibilizando contactos e incentivando à colaboração de todos. No entanto, mesmo sem interesse em associar-se a esta iniciativa, pedem ainda uma ajudinha na divulgação deste projecto. Podem ver todas as informações necessárias, bem como as moradas e telefones dos diversos bancos de livros escolares espalhados pelo país em www.facebook.com/Movimentopelareutilizacaodoslivrosescolares .
O meu lado pessimista leva-me a pensar que as editoras em Portugal são as que mais lucram com este número exagerado de livros que tem que se comprar em cada ano lectivo. Recordo-me que no meu tempo, existia apenas um livro por cada disciplina e no ano seguinte, daria para um irmão mais novo, para um primo ou amigo. Neste momento, cada disciplina tem um livro por período e no ano seguinte, os livros exigidos pelas escolas são diferentes em editora e autor. Gerou-se aqui um bom negócio para todos os que comercializam este produto imprescindivel na educação dos nossos filhos, sem olhar ao despesismo e à cada vez maior carência económica das famílias. Talvez esta seja uma boa forma de combater este despesismo e de fazer frente ao preço exorbitante dos manuais escolares. Por outro lado, é preciso que as escolas não pactuem com as editoras, evitando as constantes alterações de títulos, editores e autores. Penso que um manual Universal seria o mais adequado. Mas assim, não se vendiam tantos livros, não é?
Espero que esta seja uma boa informação para todos vós e que partilhem com o máximo de contactos possíveis. Apenas unidos podemos fazer frente à crise e às dificuldades actuais.





















quinta-feira, 12 de julho de 2012

Não se metam com quem trabalha!

Se bem me recordo, antes de vir a ser Primeiro Ministro, Passos Coelho, em fervorosa campanha eleitoral, referiu-se aos "alunos" das novas oportunidades com "incompetentes". Hoje entendo que foi um lapso da sua parte, visto que talvez desconhecesse que o seu amigo de longa data Miguel Relvas corria e saltava de curso em curso, encontrando várias novas oportunidades de validar créditos fantasma. A bizarra história académica deste senhor deixa qualquer um perplexo e contente ao mesmo tempo. Afinal não será preciso queimar pestanas durante anos a fio para chegar longe. Em 1984 inscreveu-se pela primeira vez no ensino superior, no curso de Direito da Universidade Livre. Em 1985 concluiu, após frequência escrita e prova oral, a disciplina de Ciência Política e Direito Constitucional, com a classificação de 10 valores. Em Setembro desse ano pediu transferência para o curso de História, ainda na Universidade Livre. Matriculou-se em sete disciplinas, mas não fez nenhuma. Portanto bastou, ao que parece, fazer apenas a disciplina que lhe dava jeito. Em 1995/96 pediu reingresso na Universidade Lusíada para o curso de Relações Internacionais. Não frequentou nenhuma cadeira (nem mesmo as da sala de aula) tendo a Universidade Lusíada anulado a matricula de Miguel Relvas em 1996 por estar a dever 160.272 escudos (cerca de 800 euros) de propinas. Acho injusto, visto que nem ocupou espaço, virem cobrar propinas, mas enfim...
No entanto, em Setembro de 2006 requereu a sua admissão à Universidade Lusófona que ao analisar o seu “currículo profissional”, bem como a frequência dos “cursos de Direito e História” anos antes, concluiu que  em Outubro de 2007 Miguel Relvas teria direito à licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, curso com um plano de estudos de 36 cadeiras semestrais distribuídas por três anos, com a classificação final de 11 valores. Mas visto este ser um homem de actos mais do que de palavras, sem tempo a perder, esta licenciatura foi concluída em apenas um ano.

Relvas, obteve 32 equivalências e teve apenas de fazer exames a quatro disciplinas para poder concluir num ano a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Lusófona de Lisboa.

A sua avaliação das “competências adquiridas ao longo da vida” teve em conta os nove cargos que ocupou como membro da delegação portuguesa da NATO, entre 1999 a 2002 e como secretário da direcção do grupo parlamentar do PSD entre 1987 e 2001. Portanto, não tinha tempo para ir às aulas, visto que nove cargos  em quatro anos é muito trabalho. E não nos podemos esquecer que depois de trabalhar na NATO ainda tinha que dar um saltinho ao partido para secretariar. E ainda, foi avaliado pelo exercício de funções privadas, empresariais e de intervenção sócio cultural (acho que tem algo a ver com folclore, ou coisa que o valha).
No registo biográfico entregue no Parlamento quando foi eleito pela primeira vez deputado, em 1985, Miguel Relvas escreveu na alínea das habilitações literárias: “Estudante universitário, 2.º ano de Direito” – informação semelhante à do registo entregue na legislatura seguinte. Tendo Relvas feito apenas uma cadeira do 1.º ano de Direito. Em Julho de 2012 afirmou que foi um lapso ter declarado à Assembleia da República, por duas vezes, que tinha frequentado o 2.º ano do curso de Direito. Sendo assim, não foi um, mas sim dois lapsos.

Seja como for, este senhor não é um oportunista, nem tão pouco um "incompetente". Se tivermos em conta a sua vida atarefada, podemos verificar que foi apenas vencido pelo cansaço. É verdade, mal sabia ele que ao regressar de Angola em 1974 (curioso?), a sua vida se tornaria num autentico carrocel de experiências que lhe dariam créditos para várias Novas Oportunidades em Portugal. Se não, vejamos:
- Secretário-geral da Juventude Social Democrata, de 1987 a 1989.
- Deputado à Assembleia da República, entre 1985 e 2009
- Presidente da Assembleia Municipal de Tomar, entre 1997 e 2012.
- Presidente da Região de Turismo dos Templários, entre 2001 e 2002
- Secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso entre 2002 e 2004
- Secretário-geral do PSD, de 2004 e 2005, e novamente, a partir de 2010.
- É o actual Ministro dos Assuntos Parlamentares no governo de coligação PSD-CDS liderado por Pedro Passos Coelho.
Se tivermos em consideração que no meio de toda esta azafama ainda teve tempo para casar e ter filhos, quem lhe pode levar a mal pelo facto de não ter tido tempo para ir às aulas. O Relvas não se baldou, simplesmente não teve tempo, mas compensou em experiência. Foi secretário, presidente, deputado e por fim, ministro. E o que fazem estas pessoas? Secretariam, presidem, "deputam" e "ministram". Tudo coisas cansativas e desgastantes. Por isso, vos peço, deixem de ser "piegas" e não se metam com quem trabalha.

O texto escrito a azul foi retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Relvas#Liga.C3.A7.C3.B5es_externas
Imagem retirada da Internet













terça-feira, 10 de julho de 2012

O segredo para a felicidade


Quer saber onde encontrar a felicidade? Gostaria de descobrir como manter a felicidade eterna, ou pelo menos a felicidade ao longo de toda a sua vida? Pois bem, para tal basta seguir os seguintes passos:
- Saia de casa e dirija-se a uma livraria ou biblioteca.
- Lá chegado, procure na secção de dicionários.
- Alugue ou compre um desses dicionários.
- Chegando a casa, abra o livro e procure na letra F.
- Encontrará por fim o significado da palavra FELICIDADE, que poderá manter junto de si por toda a sua vida.
- No caso de ter alugado o dicionário, tire uma fotocópia da página

"Felicidade: Concurso de circunstâncias que causam ventura; estado da pessoa feliz; sorte; ventura, bom êxito."

Pois é. Esta será talvez a única maneira de manter uma constante felicidade. Quem pensa que a pode manter de outra forma está enganado e ficará muito frustrado quando entender que a felicidade é apenas um momento. Será muito bom se conseguirmos ter muitos destes momentos, mas, por outro lado, são os momentos piores que nos fazem dar valor aos melhores. Não, não virei optimista, visto que me considero uma pessoa pessimista por natureza. Simplesmente parei para pensar, para sentir. Coisa que não fazia há algum tempo. Cada vez é mais difícil fazê-lo. Parar simplesmente e observar os pensamentos e as emoções que eles me transmitem. Isto pode parecer um pouco louco de analisar e muitos de vós devem estar a pensar: "Agora é que foi. Fundiu o ultimo fusível que restava." Mas não. Costumava fazer este exercício muitas vezes, mas por distracção, falta de vontade ou simplesmente por me cansar de ouvir os outros a questionar o meu silêncio com frases do tipo: "Hoje não estás bem, o que se passa?" ou "Estás triste?", desisti de o fazer. É o preço que se paga por ser tagarela e de repente ficar muda.
Mas falando sobre este exercício, descobri que muitas vezes o silêncio é realmente de ouro e que nos pode mostrar outras coisas que não são tão perceptíveis com o barulho de fundo que nos rodeia sistematicamente. Talvez seja por isso que fugir da solidão não é solução para nada. O segredo está em aprender a saber estar connosco próprios. Aprender a gostar da nossa companhia. Quantas vezes damos por nós a percorrer um centro comercial e a pensar no vestido para a filha, nas calças para o filho, no telemóvel para o marido. No fim das contas, não vimos nada que nos agradasse para nós próprios. Porque para começar, não estamos interessados no nosso bem estar, mas sim no dos outros. É mais fácil cuidar dos outros e depois reclamar que o tempo é escasso para nós. É fácil ajudar um amigo, dando conselhos e palpites, mas tão difícil resolver os nossos dilemas e traumas. É tão simples perdoar os outros, com a desculpa de limpar a mente e o coração e seguir em frente, sem nos perdoarmos a nós próprios. Ensinaram-nos a sermos para os outros, convencendo-nos de que o contrário é egoísmo. Não nos disseram que sem estarmos bem connosco próprios, nunca poderemos ajudar ninguém. E o lixo que vamos escondendo debaixo do tapete e que vai formando uma amalgama de dor, angustia e perda, mais cedo ou mais tarde transforma-se num monstro gigante que nos deixa de rastos sem sabermos bem porquê.  Quando refeito do tombo, sacudimos a poeira e saímos para a rua, em busca dos amigos, do trabalho que nos distrai, de uma música na rádio que nos anime, de um filme que nos faça engolir o sofrimento por mais umas horas. Mas tal como a felicidade tudo isso é momentâneo. Mais cedo do que tarde, o monstro volta para nos atormentar. Não há como fugir, há que enfrentar a questão. E a melhor maneira de o fazer é dar-se tempo a si mesmo. Falar consigo próprio, analisar sem julgamentos a situação, sem pressas, com o mínimo de stress possível. Não importa o que os outros pensam, pois não são eles o fruto do seu problema e muito menos a resposta para o mesmo. Além disso, o pensamento ainda é livre. Talvez a melhor maneira de possuir a felicidade permanente é encontrarmos um amigo em nós próprios e falarmos com ele com frequência. Sabe sempre bem falar com um amigo quando a vida corre mal. E que pessoa nos conhece melhor do que nós próprios? Por mais que sejamos amados, ninguém nasce por nós, ninguém chora, come ou respira por nós e na hora da partida, a única companhia que levamos é a nossa.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Carta ao meu pai


Olá pai,
quero acreditar que onde queres que estejas, vais ler esta carta. Amanhã faz precisamente 18 anos que partiste. Embora pense mais no teu dia de anos do que no dia da tua partida, hoje, não sei porquê, dei por mim a pensar que amanhã faz precisamente 18 anos que te dei o último beijo, que falaste comigo pela última vez. Sim, que tu falaste comigo, porque eu falo contigo todos os dias, na esperança que me ouças ou que sintas o quanto gosto de ti e sinto a tua falta. Esse dia foi o pior de toda a minha vida. O que pensava apenas acontecer aos outros, aconteceu-me a mim. O meu ídolo morreu, saiu de cena sem aviso, deixando apenas uma dor quase insuportável. Andei perdida por muitos anos. Tomei todo o tipo de decisões, nem sempre as melhores. Sem direito a despedidas, deixaste-me apenas o que tento passar aos meus filhos: um amor incondicional e desinteressado, o gosto pela liberdade e pelo bem estar comum, e o humor atrás do qual te escondias quando a vida te pregava rasteiras. Quero que saibas que este ultimo gene continua vivo: o teu neto é um verdadeiro comediante, às vezes até demais. Sabias que até a letra dele se assemelha à tua? Sempre gostei da tua letra. Só me irritava quando era impossível de copiar para assinar os testes negativos que trazia da escola. Mas eu não precisava de esconder isso de ti. De qualquer forma era impossível, porque embora parecesses distante e distraído, sabias tudo o que se passava comigo. Ainda hoje, procurando no meio das tuas coisas por uma parte de ti, encontro um lembrete de uma reunião escolar. Reunião à qual nunca chegaste a ir. Nesse dia tive a penosa tarefa de ligar para a escola e informar a directora de turma de que já não tinha pai. De que ninguém no mundo poderia substituir o meu encarregado de educação.
Hoje não choro como então. Hoje assumo que embora a dor lá esteja, não me sufoca como antes. O que tantas vezes julguei impossível, realmente aconteceu: o tempo curou algumas feridas e aliviou o meu sofrimento. Mas a raiva, essa teima em aparecer muitas vezes. O sentimento de injustiça já me levou algumas vezes a querer trocar de lugar contigo. Sei que agora estás a chamar-me de egoista. Como posso eu querer trocar contigo a dor de perder um pai, pela dor de perder uma filha? Desculpa o egoísmo, mas é mais forte do que eu.
18 anos é muito tempo. Nem acredito que já não conversamos há quase duas décadas. Muita coisa aconteceu, muita gente partiu, muita gente nasceu, todo o tipo de lágrimas me correram pelo rosto.Lágrimas de tristeza, de alegria, de traição, de desalento. As que derramei por ti, foram sem dúvida as mais dificéis de suportar. Sonhei muitas vezes contigo e em todos os meus sonhos, estavas vivo e feliz. Uma noite sonhei que recebi a noticia de que estavas vivo e a viver perto da minha casa. Corri para a tua nova morada. Queria abraçar-te, queria matar as saudades que tinha, mas apenas me recebeste com o sorriso de quem me tinha visto poucas horas antes. Não deste grande importancia à minha ansia e acordei confusa. Nada daquilo fazia sentido. Quero acreditar que estás comigo sempre e talvez por isso, não sintas tanto a minha falta como eu a tua. E os teus netos? Já viste como são lindos? Mais uma vez a sensação de injustiça instala-se no meu coração. Quem foi que disse que podias partir sem conhecer os teus netos? Penso muitas vezes que serias o melhor avô do mundo. Imagino-te a levar o meu filho à pesca, ensinando-o a empatar anzois como fazias comigo. Imagino-te a fazeres os teus trabalhos em madeira, sob o olhar curioso deles, aos quais responderias que estavas a fazer "colheres". Imagino tudo isto e muito mais, com a tristeza de quem sabe que isso nunca vai acontecer. Sempre que posso, trago um pouco de ti para junto deles. Conto algumas das tuas histórias, para que se "lembrem" de ti. Mas nada te ilustra. Só quem te conheceu pode medir quem eras. Para os outros, não sei, mas para mim, foste o melhor pai que alguém podia ter. Não admira que o meu mundo tenha desabado quando partiste. O meu chão fugiu debaixo dos meus pés e depois de cair de joelhos, tive que reconstruir tudo à minha volta. Fiz o melhor que pude e que sabia. Tenho noção que podia ter feito melhor. Mas também sei que sou uma sobrevivente e que essa foi a melhor herança que me podias ter deixado. Obrigado por teres feito parte da minha vida, foi sem dúvida um previlégio ter-te conhecido. Espero que encontres espaço na tua alma para sentires um pouco de orgulho nesta filha que te ama e que nunca te vai esquecer. Sabes, durante muito tempo tive medo da solidão. Talvez a tua saída de cena tão repentina o tenha provocado. Recentemente ouvi uma frase que julgo ter um pouco de uma mensagem que me pudesses ter passado: "Já tive medo da solidão, mas agora receio mais viver rodeada de pessoas que me fazem sentir só." Pensando bem, muitas vezes me encontrei assim, sentindo-me como um ser estranho no meio de pessoas que me fazem sentir numa solidão imensa. Mas depois penso em ti e sei, sem sombra de dúvidas, que pelo menos por 17 anos da minha vida não estive só. Existiu pelo menos uma pessoa que me amou, amparou e que fez de tudo para que fosse feliz.  Só me resta agarrar a esse tempo e recordá-lo todos os dias na esperança de que a solidão não se meta comigo.
Estou com alguma dificuldade em terminar esta carta. Embora não tenha resposta, falar contigo faz-me sentir-te presente. Mas ambos sabemos que tudo tem um fim e esta carta não será excepção.
Adoro-te.