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Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

terça-feira, 10 de julho de 2012

O segredo para a felicidade


Quer saber onde encontrar a felicidade? Gostaria de descobrir como manter a felicidade eterna, ou pelo menos a felicidade ao longo de toda a sua vida? Pois bem, para tal basta seguir os seguintes passos:
- Saia de casa e dirija-se a uma livraria ou biblioteca.
- Lá chegado, procure na secção de dicionários.
- Alugue ou compre um desses dicionários.
- Chegando a casa, abra o livro e procure na letra F.
- Encontrará por fim o significado da palavra FELICIDADE, que poderá manter junto de si por toda a sua vida.
- No caso de ter alugado o dicionário, tire uma fotocópia da página

"Felicidade: Concurso de circunstâncias que causam ventura; estado da pessoa feliz; sorte; ventura, bom êxito."

Pois é. Esta será talvez a única maneira de manter uma constante felicidade. Quem pensa que a pode manter de outra forma está enganado e ficará muito frustrado quando entender que a felicidade é apenas um momento. Será muito bom se conseguirmos ter muitos destes momentos, mas, por outro lado, são os momentos piores que nos fazem dar valor aos melhores. Não, não virei optimista, visto que me considero uma pessoa pessimista por natureza. Simplesmente parei para pensar, para sentir. Coisa que não fazia há algum tempo. Cada vez é mais difícil fazê-lo. Parar simplesmente e observar os pensamentos e as emoções que eles me transmitem. Isto pode parecer um pouco louco de analisar e muitos de vós devem estar a pensar: "Agora é que foi. Fundiu o ultimo fusível que restava." Mas não. Costumava fazer este exercício muitas vezes, mas por distracção, falta de vontade ou simplesmente por me cansar de ouvir os outros a questionar o meu silêncio com frases do tipo: "Hoje não estás bem, o que se passa?" ou "Estás triste?", desisti de o fazer. É o preço que se paga por ser tagarela e de repente ficar muda.
Mas falando sobre este exercício, descobri que muitas vezes o silêncio é realmente de ouro e que nos pode mostrar outras coisas que não são tão perceptíveis com o barulho de fundo que nos rodeia sistematicamente. Talvez seja por isso que fugir da solidão não é solução para nada. O segredo está em aprender a saber estar connosco próprios. Aprender a gostar da nossa companhia. Quantas vezes damos por nós a percorrer um centro comercial e a pensar no vestido para a filha, nas calças para o filho, no telemóvel para o marido. No fim das contas, não vimos nada que nos agradasse para nós próprios. Porque para começar, não estamos interessados no nosso bem estar, mas sim no dos outros. É mais fácil cuidar dos outros e depois reclamar que o tempo é escasso para nós. É fácil ajudar um amigo, dando conselhos e palpites, mas tão difícil resolver os nossos dilemas e traumas. É tão simples perdoar os outros, com a desculpa de limpar a mente e o coração e seguir em frente, sem nos perdoarmos a nós próprios. Ensinaram-nos a sermos para os outros, convencendo-nos de que o contrário é egoísmo. Não nos disseram que sem estarmos bem connosco próprios, nunca poderemos ajudar ninguém. E o lixo que vamos escondendo debaixo do tapete e que vai formando uma amalgama de dor, angustia e perda, mais cedo ou mais tarde transforma-se num monstro gigante que nos deixa de rastos sem sabermos bem porquê.  Quando refeito do tombo, sacudimos a poeira e saímos para a rua, em busca dos amigos, do trabalho que nos distrai, de uma música na rádio que nos anime, de um filme que nos faça engolir o sofrimento por mais umas horas. Mas tal como a felicidade tudo isso é momentâneo. Mais cedo do que tarde, o monstro volta para nos atormentar. Não há como fugir, há que enfrentar a questão. E a melhor maneira de o fazer é dar-se tempo a si mesmo. Falar consigo próprio, analisar sem julgamentos a situação, sem pressas, com o mínimo de stress possível. Não importa o que os outros pensam, pois não são eles o fruto do seu problema e muito menos a resposta para o mesmo. Além disso, o pensamento ainda é livre. Talvez a melhor maneira de possuir a felicidade permanente é encontrarmos um amigo em nós próprios e falarmos com ele com frequência. Sabe sempre bem falar com um amigo quando a vida corre mal. E que pessoa nos conhece melhor do que nós próprios? Por mais que sejamos amados, ninguém nasce por nós, ninguém chora, come ou respira por nós e na hora da partida, a única companhia que levamos é a nossa.

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