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terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio - Agora com 50% de desconto!

O Sr. Jerónimo Martins decidiu desafiar os que dizem que não há trabalho nem poder de compra em Portugal e escolheu o primeiro de Maio, dia do trabalhador, para o fazer. Decidiu lançar uma campanha com o desconto de 50% para clientes que adquiram mais de 100 euros em compras nas lojas do Pingo Doce. Não no dia 30 de Abril, não no dia 2 de Maio, mas sim no Dia do Trabalhador. E foi assim que se deu o caos, com lojas esgotadas e obrigadas nalguns casos a encerramentos, devido a conflitos entre clientes, onde foi necessária a presença policial. Passei à porta de uma dessas lojas e digo-vos que aquilo mais parecia um concerto de Tony Carreira no pavilhão Atlântico. Compreendo a euforia. Seria um bónus muito bom se pudéssemos fazer as compras do mês e pagar apenas metade. Acredito que tal como eu, muitas pessoas desistiram só de olhar para a confusão. Pensando bem, o stress de ter que estacionar o carro, esperar horas numa fila, fazer as compras apertados por corredores apinhados de gente, esperar horas na fila para pagar, carregar o carro, esperar na fila de trânsito para sair do estacionamento, chegar a casa, carregar as compras, arrumar tudo..., esquece lá isso. Sem contar com o combustível que se gastou nesta odisseia.
No entanto, não pude deixar de pensar nos trabalhadores do Pingo Doce. Qual será a recompensa por trabalharem a um feriado que é incontestávelmente para e dos trabalhadores, rodeados por uma multidão de clientes? Será que o que receberem por este feriado, compensa o stress e o trabalho a que estão sujeitos? Portugal está a sofrer grandes transformações. o Dia do Trabalhador passou a ser mesmo de trabalho, o Dia da Liberdade passou a ser dia da liberdade por falta de trabalho. E já agora, porque não mudam o significado do Natal? Já que o Natal é quando um Homem quiser, porque é que não fazemos a àrvore em Agosto em plena praia de Carcavelos?
Chamem-me maniaca, digam-me que tenho a mania da conspiração, mas partindo do princípio de que o 1º de Maio é um dia marcado por demonstrações politicas e manifestações dos sindicatos e dos trabalhadores, deduzo que este tipo de "campanhas de desconto" tenham como fundamento desmobilizar os portugueses para deixarem de se manifestar em massa. Em vez de encherem as ruas do país em sinal de protesto, mais vale encher o frigorifico, pois o povo está a ficar com fome e sem forças para grandes caminhadas. A imagem que passamos para fora é de que estamos bem obrigado e até aproveitamos para consumir muito, logo estamos cheios de dinheiro. Os governantes ficam bem na fotografia, os poderosos do comércio enchem os bolsos e ganham favores e o povo fica todo contente por ter tido uns vales de desconto nos bifes de frango. E se pensam que estou a delirar, pensem no que aconteceu no Carnaval. A sátira politica, as matrafonas e até os gigantones foram quase proibidos de sair às ruas. Não se lembraram de oferecer uns vales para comprar leite, se não, o Carnaval por esse país fora tinha sido muito pior.

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