"Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos". Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra".
Jesus
Diz o ditado que errar é humano e perdoar é divino. Na verdade sentimos-nos pequenos no que toca ao perdão. Criámos a imagem de que se dermos a outra face estamos a ser fracos e dignos de mais porrada. Vivemos as relações como um jogo onde existem os que vencem e os derrotados. A base de todas as guerras. O medo avassalador de errar o alvo e sermos vistos como rendidos. Estou farta deste jogo de peões que agem como peças soltas num tabuleiro de enganos e frustrações. Estou cansada da ideia preconcebida de que uma atitude possa mostrar toda a realidade dum ser humano.
É verdade que esse mecanismo de defesa "gato escaldado de água fria tem medo", é importante para não voltarmos a cair nos mesmos enganos. Mas quando levado a extremos faz-nos perder o melhor da vida. Ficamos revoltados, cismados por tudo e por nada, entramos numa espiral de mania da perseguição e deixamos de ser nós próprios.
Quantas vezes não apetece telefonar a alguém, dar um abraço, dar um beijo, aquele "oi" intencional, mas sem segundas intenções?
Mas o medo da rejeição, do rótulo de fraco, de ficar por baixo nesta guerra estúpida de aparências, é mais forte do que o desejo. E assim se passam dias, semanas, meses, anos de vida. Existem casos em que a hora da morte é a que solta o sentimento enjaulado há tanto.
Nos casos de sorte, o adeus é o que lhes resta. Nos casos impossíveis, a promessa de uma nova encarnação que lhes permita finalmente estar com o outro e redimir-se.
E nos entretantos, fazemos o que esperam de nós e não o que o nosso coração espera ansiosamente. Aquele olhar que não necessita de legenda, aquele abraço de regresso a casa, aquele sorriso que faz rolar a lágrima mais profunda.
Depois...bem depois ficamos sempre a pensar na razão de termos perdido um tempo precioso. Tempo que já não volta e onde deixamos a energia dos fortes. Pois, só seremos fortes no dia em que nos tornarmos fracos. Só seremos divinos no dia em que soubermos ser humanos.
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