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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Prisioneiros da liberdade

Quando era pequena, muitas vezes disse que quando crescesse levaria a minha vida de uma maneira muito diferente da dos meus pais e de alguns adultos que conhecia. Através dos meus olhos de criança, não existiam barreiras, nem dificuldades e tudo era fácil. Não via a hora de fazer 18 anos em busca da tão desejada liberdade. Da tão ansiada vida adulta. É engraçado como pensamos que pelo simples facto de fazermos 18 anos, a nossa vida começa cheia de possibilidades e sem pedras pelo caminho.  Hoje sei que temos a necessidade de pensar assim, pois se provássemos de antemão o gosto das dificuldades futuras, nunca teríamos vontade de crescer. Como muitas outras pessoas, fui obrigada a crescer depressa demais. E o que eu pensava ser uma aventura, depressa se tornou numa obrigação. Comecei a trabalhar com 17 anos, e embora o facto de receber dinheiro me desse algum alento, cedo descobri que era pouco para tudo o que queria ou precisava. Depois veio a fase de namorar e viver em casa dos pais. Não se pode isto, não se deve aquilo e num instante estamos a desejar ter o nosso canto, onde podemos viver felizes para sempre, sem ninguém para nos incomodar. Compramos uma casa, e começam as despesas fixas, aquelas que não podemos falhar. No inicio é uma maravilha, casa nova, muitos amigos ao jantar, privacidade para namorar. Depois vem o desejo de viajar nas férias, mas nem sempre o dinheiro chega e por isso, vamos ficando por casa, ou fazemos um crédito e não pensamos em nada até à primeira prestação. Sem darmos por isso, já estamos embrulhados em contas para pagar. Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Começam as discussões, umas vezes por falta de maturidade, outras por falta de dinheiro, outras ainda por falta da adrenalina do começo de vida. Os dias passam a ser todos iguais e o único fundamento é trabalhar para pagar contas. Quando há filhos pelo meio, aguentamos o barco com medo de lhes faltar algo. Quando não, muitas vezes a única saída que encontramos é a separação, como se resolvesse alguma coisa. O recomeço parece sempre promissor, mas nem sempre é assim. Agora somos mais maduros, mas com mais medo de falhar de novo e com mais encargos do que quando começamos a viagem. Afinal, acabamos por ficar prisioneiros da tão desejada liberdade.

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