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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quando a alma é maior que o corpo


Ninguém consegue ficar indiferente quando alguém como António Feio parte, deixando para trás uma imagem de coragem de quem, antes da partida não se deu nunca por vencido, rindo da doença que o consumia. Isto faz-nos olhar para dentro de nós e perguntar mais uma vez, qual o sentido da vida, se depois de tanta luta somos derrubados. Mas será que é assim, ou esta é a maneira limitada com que encaramos uma perda desta natureza? Hoje, ao pensar um pouco em tudo isto, cheguei à conclusão de que existem pessoas que têm uma alma que não cabe no corpo. Lembro-me saudosamente do nosso querido Raul Solnado que se despediu carinhosamente de todos nós antes da sua partida, com saudades e com tristeza por, como disse "ir contrariado". O seu discurso era de alguém que tem saudades do futuro. Isto parecia-me confuso até ao dia em que numa viagem que fiz e ao observar a paisagem que me rodeava, dei por mim a pensar que no dia em que eu partisse, teria muitas saudades deste lugar chamado Terra. É certo que não sei para onde irá a minha alma, nem tão pouco se voltarei aqui, apenas sei que o sentimento de saudade que se apoderou de mim foi tão forte como se já tivesse partido. Por isso digo que são saudades do futuro. Podem chamar-me louca ou criticar a minha maneira de pensar, mas tenho em mim que o que nos faz sentir bem é com certeza o caminho certo. Por isso, até alguém me explicar o sentido de uma vida como a de António, que lutou com unhas e dentes, que mais parecia que se preocupava em nos aliviar a dor do seu próprio sofrimento, do que com a sua condição física, até esse dia, prefiro pensar que fez o que precisava de ser feito aqui e continuará a fazê-lo num outro sitio. Que seja eternamente lembrado como mais um dos marcos deste país, que faça com que os senhores ministros comecem a dar mais valor a pessoas que dedicam a sua vida a entrar em nossas casas, não para fazer promessas e para falar da crise, mas sim para nos fazer sentir um pouco mais felizes. Por mais lamentações que hajam depois do desaparecimento destas personagens, muito ainda tem que ser aprendido no sentido de mostrar ao mundo a qualidade dos nossos actores, escritores, e artistas em geral. Que deixem de passar um chorrilho de telenovelas seguidas até às 2 da manhã e passem a mostrar o nosso teatro, o nosso cinema. Programas legitimamente portugueses, com artistas tão queridos de todos nós, muitos no desemprego, largados no esquecimento. Não esperem por uma doença fatal, não esperem por uma morte, não esperem por mais nada. Deixem-se de "conversas da treta" e dêem a Portugal o novo Parque Mayer. Deixem os artistas fazerem o que melhor sabem, deixem que mostrem ao mundo o que Portugal tem de melhor. Isto é o mínimo que podem fazer por pessoas como António Feio e tantos outros, que dedicaram as suas vidas a este povo.

(imagem retirada da internet)

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