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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Barraca dos Segredos - Segunda Gala

Olá! Então, estão todos bonzinhos? Pois cá estamos nós para a segunda gala do programa mais visto da televisão portuguesa. As audiências não mentem e o tempo de intervalo também não, visto que dá tempo para sair de casa e ir beber um cafézinho enquanto não começa a segunda parte da Barraca dos Segredos. Mas se não pode esperar pelo intervalo, vá agora mesmo fazer um chichizinho enquanto repetimos pela tregézima quinta vez os segredos da Barraca. Lembrem-se que os segredos a azul são os que já foram revelados. Assim sendo, vamos olhar para o plasma.


- Antes da operação tinha bigode e chamava-me Adolfo.
- Todas as noites antes de me deitar, brinco com o meu...
- Na escola, a minha alcunha era "o piegas".
- Tirei a carta de condução na Feira de São Mateus.
- Tive a educação mais cara do país.
- Todos os dias peço a Deus que chova ou que faça sol.
- Já passei fome.

E agora que já relembramos os segredos e que a maioria dos portugueses mudaram de canal ou foram aliviar a bexiga, vamos falar um pouco da confusão que se instalou na Barraca esta semana. E foi cá uma confusão que quase que deu estalada. Até houve quem saísse a chorar como uma criança. Tudo, imagine-se, por causa do verbo viver. Ou será "biber"? Bem, isso agora não interessa nada. Nada melhor do que revermos as imagens que valem mais do que a conjugação de mil verbos.

O telefone toca na Barraca dos Segredos. Quem poderia ser se não a melga da voz. O Tó Zé apressa-se para atender.
Tó Zé: Taou!
Voz: Esta é a voz. Conjugue o verbo viver no Presente.
Tó Zé: Atão, isso é fácil, Boz. Eu bibo, tu bibes, ele bibe, nós bibemos, bós bibeis, eles bibem.
Voz: ...A resposta está... errada.
Tó Zé: Errada? Cumo errada?
Voz: A resposta certa seria: eu vivo, tu vives, ele vive, nós vivemos, vós viveis, eles vivem.
Tó Zé: Oh! Boz, mas foi isso que eu disse, eu bibo, com b de bitória.
Voz: Esta é a Voz e não a Boz. Será penalizado. Da sua conta será retirado o subsidio de reinserção social.
Tó Zé: Dasss! Oh! Boz, tu sabes quantas horas é que a minha belha passou na Segurança Social, a vater couro à assistente para conseguir o guito? E agora como é que eu pago a gasosa para lebar a garina a dar umas boltas? Sim porque o chaço não anda a água.
Cavaquinho: Oh, To Zé, olha que a Voz tem razão. Viver é com v e não com b.
Tó Zé: Olha-me este, a dar uma de presidente! Oube lá, oh sopinha de massa, quem és tu para me ensinar? Tu, que quando falas até parece que te queimaste na língua. Bai mas é aprender a falar antes de quereres dar lições aos outros.
Cavaquinho: Também não precisas de ser desagradável. Devias ter vergonha de apontar o dedo às limitações dos outros.
Tó Zé: Limitações? Limitações? Tu debes ter lebado foi um pontapé na fronha quando eras nobo. Ficaste com a fala esquisita e parece que tens cainbras nas gengibas. Mesmo quando falas a sério parece que te estás sempre a rir.
Cavaquinho: Não estás a ser justo.
Tó Zé: Eu não me chamo Justo, chamo-me Tó Zé e põe-te já mas é no piiiiiiiiiii, antes que o piiiiiiiiii se ponha em ti, oubiste oh! seu burcom.

Cavaquinho retira-se da sala lavado em lágrimas. Tomado pela emoção, conta o seu segredo a Cátia Vanessa.

Cátia: Então, não fiques assim. Aquele Tó Zé é um bruta montes. Passa a vida a falar mal de toda a gente e não faz nada de útil pela sociedade.
Cavaquinho: Não somos muito diferentes um do outro. Eu também falo muito, mas não faço nada. Ele vive à custa do estado através de subsídios e eu vivo à custa do estado e de outras empresas onde fui buscar as minhas reformas. Ele  troca os vês pelos bês e eu troco o discurso como me convém. A única diferença que podia existir entre nós era o facto de eu não ter com que me revoltar. A vida, que é como quem diz, os contribuintes, deu-me de tudo um pouco. Até ao dia que ela apareceu na minha vida. Foi como a canção do Zé Cabra: " Deixei tudo por ela, deixei, deixei..."
Cátia: Não me digas que arranjaste uma amante?
Cavaquinho: Pior. Foi ela que me encontrou a mim.
Cátia: Pois, essas vadias andam sempre à espreita...
Cavaquinho: Quais vadias? Estou a falar de crise, mulher! Essa maldita que me vez ficar na penúria. Vê tu bem, que a minha reforma nem me chega para as despesas. Dei por mim a fazer biscates de jardinagem para me safar. Mas como tenho problemas de coluna que não me permitem dobrar a espinha, e tenho um braço mais curto que o outro, depressa tive que largar esse part-time e dedicar-me a ficar em casa de braços cruzados, evitando assim gastar energia. Olha que até já passei fome.
Cátia: Não te deixes abater. Pode ser que te safes aqui e que ganhes uns trocos.
Cavaquinho: Deus te ouça. Se não for isso, só me resta seguir os conselhos do Coelho e emigrar.

E agora está na hora de ouvirmos mais sobre o segredo de Cavaquinho. Ele já se encontra no conficionário à nossa espera.
Teza: Olá, Cavaquinho.
Cavaquinho: Olá, Teza.
Teza: Então, conte-me tudo. Parece que a Cátia Vanessa conseguiu apanhá-lo desprevenido e sacou-lhe o segredo.
Cavaquinho: Pois foi, Teza. Nem sei como aconteceu. Foi tudo tão rápido que até parecia o meu discurso no 5 de Outubro. Nesse dia foi tudo tão às pressas que até a bandeira foi hasteada ao contrário.
Teza: Mas olhe que as más linguas dizem que esse incidente foi propositado e que a bandeira ao contrario simboliza rendição. Será que se sente rendido aos encantos desta crise?
Cavaquinho: Nada disso, Teza. Enquanto houver dinheiro para as reformas eu nunca me renderei. Aquilo foi pura distracção. Ainda pensei em parar com as comemorações e colocar a bandeira correctamente, mas fui informado de que o pessoal do catering estava a ser pago à hora e tinha que despachar aquilo para irmos almoçar. A vida de presidente não é tão fácil como as pessoas pensam. Há que tomar decisões importantes para o desenvolvimento do país, em cima da hora.
Teza: E conte-nos lá! É verdade que devido a esta crise chegou a passar fome?
Cavaquinho: Bem, penso que o que senti foi mais o que se pode traduzir por um "ratinho" no estômago. Tivemos que reduzir o pessoal devido à falta de liquidez e em vez de termos governanta, passamos a ter uma mulher a dias que só ia lá a casa duas vezes por semana. Num dos dias em que não estava, senti alguma fome à hora do lanche. Mas nem eu nem a Maria sabíamos onde estavam as bolachas de água e sal e o chá. Como deve compreender não era uma função habitualmente desempenhada por nós.
Teza: Claro, claro. E qual foi para si o pior momento desta crise?
Cavaquinho: Bem, na verdade foram dois. O primeiro, quando tivemos que meter os presépios da Maria no prego. Se as coisas não melhorarem rapidamente, temo que não os consiga recuperar. O segundo pior momento foi quando tive que desistir da terapia da fala. Há-de reparar que me repito muito nos discursos que faço à nação. Isto acontece porque foram as frases que decorei durante o tempo de terapia. Tudo o resto soa péssimamente e sem nexo. Como diz a Teza, não interessa nada.
Teza: Bem, mas agora já está mais calmo, depois da discussão acesa que teve com o Tó Zé e tenho a certeza que os portugueses vão ser sábios ao decidir se fica ou se sai da Barraca. Pode voltar para junto dos seus companheiros.
Cavaquinho: Posso mandar beijinhos?
Teza: Ai, ai, ai! Isso não estava no programa. Mas vá lá, só um.
Cavaquinho: Bem então vou mandar um beijinho muito especial a um amigo que está emigrado em França e que deve estar a comer uns bons duns croissants. Um abraço, amigo. Tu é que foste esperto. Tivesse eu a tua astucia e estaria numa esplanada de Paris a viver à grande. 

Bibliografia: http://jumento.blogspot.pt/2012/01/cavaco-anda-no-papel.html

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