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sábado, 20 de outubro de 2012

A Barraca dos Segredos - Quarta Gala


Boa noite, boa noite a todos. Bem vindos a mais uma Barraca dos Segredos. Como devem ter percebido, ontem algo correu mal e por isso não houve programa. Pois é, foi com muita pena nossa que não podemos fazer a transmissão do programa mais famoso da TV. O motivo foi alheio à nossa vontade. É que devido ao mau tempo que se tem vindo a sentir, ficaram sem luz na barraca. E ao que parece na pior altura. Estava a festa a aquecer e pimba! Luz apagada. Mas como somos muito precavidos, bastou-nos ir à barraca nº 47 da dona Arminda, que gentilmente, que é o mesmo que dizer depois de lhe pagarmos uma certa quantia (50 euros), nos emprestou a câmara de filmar do filho. Conclusão: não perdemos pitada do que se passou durante o apagão. Vejamos então as cenas depois, claro está, de revermos o nosso plasma com os segredos desvendados e por desvendar.

- Antes da operação tinha bigode e chamava-me Adolfo.
- Todas as noites antes de me deitar, brinco com o meu...
- Na escola, a minha alcunha era "o piegas".
- Tirei a carta de condução na Feira de São Mateus.
- Tive a educação mais cara do país.
- Todos os dias peço a Deus que chova ou que faça sol.
- Já passei fome.

Foram todos chamados para a sala pela Voz.
Voz: Esta é a Voz. Duas concorrentes foram seleccionadas para fazer um concurso de streptease. São elas a Sãozinha e a Angélica. Podem dirigir-se ao centro da sala e começar uma de cada vez. A Sãozinha será a primeira a ser avaliada.
Tó Zé: Agora é que isto bai aquecer! Uh!Uh!
Sãozinha: Ai, Voz! Eu não posso fazer isso. Seria um pecado, aos olhos do Senhor.
Voz: Relembro que esta prova vale 5000 euros quando superada.
Sãozinha: Bem, já passa da meia noite e o Senhor já deve ter ido dormir. Além disso, se ele me fez com este corpo esbelto e saudável, seria um desperdício não mostrar a sua obra ao público.
Tó Zé: Mostra, mostra! Que o que é vom é pra se ber!

(Atenção: o que se vai passar a seguir deve ser interpretado pelo leitor, como se de um relato futebolistico se tratasse.)

E a música começa. Sãozinha avança com passo decidido para o centro da sala. Lá vai ela, balançando as ancas. Chuta um sapato para a esquerda e outro para a direita. O público está ao rubro. Tó Zé ajeita-se no sofá com os olhos arregalados. Angélica observa a concorrência com o intuito de aprender umas coisas. Sãozinha continua decidida. Aí vai ela. Desaperta a blusa de uma virada só. O público, à excepção de PêPê, vibra com a performance de Sãozinha. Agora vira-se de costas. Será que vai marcar de bicicleta? Não, vai tirar a saia. Assim, assim, bem devagar. E o jogo está morno. Mas Sãozinha contra-ataca e finalmente está no meio campo isolada e em langerie. Aí vai ela, está quase. tira uma alça do soutien. Tira a outra alça do soutien. E está quase, está quase. É agora e vai ser golo, vai ser golo, gol...

Tó Zé: Dasss! O que é esta merda? Então agora falta a luz?!
PêPê: Ufa!
Angélica: Olha! Ficamos às escuras. O que será que se passou? Será que é jogada?
Eki: Quais jogada, quais quê! Não pagaram a conta da barraca, foi o que foi.

Uma porta abre-se e de lá sai um feixe de luz.

Voz: Esta é a Voz.
Todos em coro: Quem?
Voz: É a voz, porra. Pessoal, tá tudo bem. Como tá mau tempo o poste de alta tenção caiu e a puxada que fizemos para a barraca ficou danificada, mas já estamos a tratar de tudo.
Angélica: Mas desse lado há luz.
Voz: Daaahhh! É uma lanterna. Já tamos em cima do acontecimento. Aguentem só mais um bocadinho.
Tó Zé: Oh! Sãozinha. Bem prà qui que tá frio.
Sãozinha: Podes crer. Mas não te ponhas a mirar, ouviste?
Tó Zé: Mirar o quê? Tá escuro como vreu. Anda lá, deixa-te de coisas.
PêPê: Credo, cheguem-se para lá. Isto já tá a ficar apertado.
Tó Zé: Apertado é que é vom. Chega-te mais, Sãozinha.
Sãozinha: Aaaii! Que é isto?
Tó Zé: É  a minha mão. Já que não bejo, apalpo.
Sãozinha: Tá quieto! Ai, valha-me Deus.
Eki: Opá, não chames mais esse, se não não cabemos todos no sofá.
Tó Zé: Isso, faz-me cafoné que eu gosto.
Sãozinha: Mas eu não estou a fazer nada.
Tó Zé: Dassss! Então quem foi?

A luz volta e a cena é a seguinte:
Eki todo encolhido na ponta do sofá, Rabbit agarrado aos pés de Sãozinha, Sãozinha deitada em cima de Tó Zé, que por sua vez tem a cabeça no colo de PêPê.

Tó Zé: Dasss! Chega-te pra lá! Tás-me a estranhar, ou quê?
PêPê: Mas eu não fiz nada!
Voz: Esta é a voz. Podemos dar por concluída a prova de Sãozinha. 5000 euros vão ser depositados na sua conta.
Sãozinha: Boa! Oh! Voz, esse dinheiro é livre de impostos, não é?
Voz: Esta é a Voz e não a Santa Casa de Mesericórdia. Deste valor serão retirados o IVA a 23%, a taxa suplementar de 4% e 18% para o IRS. Angélica pode preparar-se para começar a sua prova.

(Lembrem-se, como se fosse um relato de futebol.)

Angélica avança para o centro da sala. O publico desperta para assistir à segunda parte do espectáculo. Angélica passa as mãos pelo corpo em tom de provocação. Aí vai ela, decidida. Tira a t-shirt. Faz rodopiá-la no ar e atira-a para longe. Aí está, com estilo. Encosta-se à parede. Rebola para a esquerda. Agora para a direita. E apoia o pé no braço do sofá subindo a saia até à virilha. Agora é que é. O público vibra de emoção (à excepção de PêPê, que boceja e lima as unhas). Começa a descer as colants devagar. Aí está, aí está. E começa a ver-se, começa a ver-se... pelos? Pelos senhores espectadores. Montes de pelos. Atrevo-me até a dizer que esta moça nunca usou uma gilete, cera ou até mesmo um cortador de relva. Impressionante.

Tó Zé: Dasss! O que é aquilo, meu? A gaja parece um gajo.
Rabbit: Foge! Parece que se esbarrou no peito do Tony Ramos. Fogo!
Tó Zé: Dasss! A luz nunca falta quando é preciso. Oh! Boz! Apaga a luz, carago!

E foi assim que tudo aconteceu. Talvez tenha escapado aos espectadores menos atentos o facto de Rabbit estar a mexer nos pés de Sãozinha e quase que a meter na boca o dedo grande da moça. Pois é, penso que isto deve ter algo a ver com o seu segredo e por isso vamos já falar com ele. Ora, liguemos-nos ao conficionário.

Teza: Olá, Rabbit. Tá bonzinho?
Rabbit: Olá, Teza. Está tudo bem.
Teza: Olhe, estivemos agora mesmo a ver as cenas possiveis do que aconteceu no dia do apagão. Lembra-se?
Rabbit: Claro que me lembro. O naco da Sãozinha fez um streptease. Se não fosse a Angélica a estragar a festa, tinha sido memorável.
Teza: Já vi que não gosta de mulheres peludas. Mas, conte-me tudo, gosta muito de pés, não gosta?
Rabbit: É verdade Teza, confesso. É um fetiche como outro qualquer.
Teza: Pois, talvez. Mas como foi que ficou fã de pés. Com certeza não nasceu com esta fixação.
Rabbit: Isto é um assunto muito delicado para mim, mas vou contar. Eu quando andava na escola fui vitima de bulling. Apanhavam-me na escola e batiam-me e gozavam comigo. Foram tempos muito dificeis. O que é certo é que de tanto me darem pontapés na boca,  fiquei fascinado por eles. Sei que é um disturbio, e andei em psicologos e tudo, mas não consigo evitar. Sempre que vejo um pé bonito, dou por mim a levá-lo à boca.
Teza: Coitado. Deve ter sofrido muito.
Rabbit: Sofri e ainda sofro. Fiquei com traumas idênticos aos combatentes do Ultramar. Tenho pesadelos, suores frios, sensações de pânico. Ultimamente ando com a sensação de que a minha vida corre risco constante.
Teza: E existe um motivo real para isso?
Rabbit: Penso que não. Eu até ando muito calado com os jornalistas e tudo. Sempre que me fazem perguntas, evito responder ou adío para outro dia. Mas pelo sim, pelo não, já me rodeei de seguranças. E daqueles poderosos que não se importam de dar umas chapadas nas câmaras de televisão.
Teza: Espero que não o tenha trazido consigo, que o material jornalistico está pela hora da morte. E existe mais alguma coisa que faça despoletar esses sentimentos reprimidos?
Rabbit: Existe uma em particular que me tem custado muito a resolver. Sempre que alguém me chama de piegas, vou aos arames. Sabe que esta foi a alcunha que me deram na escola. E sempre que me chamam isso, passo de coelho a urso e parto tudo à minha volta.
Teza: Nada que umas boas décadas de terapia não resolvam. Bem, temos de ficar por aqui que a minha vida não é isto. Obrigado por nos terem aturado e boa noite.

Bibliografia: http://ninhodotaralhao.blogspot.pt/





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