Morri para um mundo que julgava conhecer
Morri antes que a doença me definhasse
Não me deixei apanhar pelo cancro da rotina
Esse "vai-se andando"
O estado putrefacto da coisa arrastada
O lixo que se amontoa debaixo do tapete
Nadei para a superfície
Era premente respirar
Era importante fazer diferente
Era imprescindível tentar ser única
Ainda que isso me isolasse
Ainda que morresse de solidão
Antes morta e sem ninguém
Do que infelizmente rodeada de multidões
Estou só tal como nasci
Tal como morrerei
Só e sem legado
Apenas mais uma folha desta árvore imensa
Apenas mais um galho que tomba ao sabor do vento
Apenas isso e mais nada
Não pretendo a felicidade eterna
Não aspiro ao poder desmedido
Não quero as promessas de amor infinito
Quero ser e ser apenas
Respirar de peito aberto
Sem medo de ser diferente
Sem temer o caminho incerto
Antes assim do que acorrentada
Pois a morte tem muitas faces
E a mais cruel é a de viver sem ter vivido
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