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domingo, 16 de dezembro de 2012

As aranhas e os caracóis


Imagino que não serei a primeira e muito menos a ultima a sentir isto, mas já se deram por vocês a serem quase invisíveis aos olhos dos outros? Invisíveis não será talvez o melhor termo. É mais fazerem de conta que não andam cá e que não são assim tão importantes como pensam. Como exemplo disto, apenas posso dar o do peixe dentro do aquário, que anda sempre em círculos, observando todos em seu redor, mas sem ter hipótese de reclamar alguma atenção. De vez em quando lá se lembram que o peixe tem de comer, mas na maioria das vezes, limita-se a ser um bonito ornamento de uma qualquer sala de estar. O peixe ainda tem sorte, porque está protegido dos predadores, mas o ser humano estará sempre à mercê dos seus semelhantes. E como é distorcida a mente humana, quando se serve de chavões e do politicamente correcto para viver em "sociedade". Sempre gostei de chamar os bois pelos nomes e de colocar tudo em pratos limpos. Dou preferência a uma pessoa que me diz na cara o que pensa, ainda que me doa, do que aquele que me enreda em palavras mansas e palmadinhas nas costas. Sinto sempre que procura o melhor local no lombo, para me espetar a faca. E os paninhos quentes! Esses então são o meu prato de eleição. E toda esta dança de compasso falso e arrastado é muito mais confusa do que parece. Dou por mim a fazer o jogo dos outros e a deixar de dizer o que penso, com medo de retribuir o mau estar que me causam. Esta noite sonhei com algo que me deixou pensativa. No meio da confusão a que já me habituei nos meus sonhos, vi um cem numero de caracóis rodeados por teias com as suas respectivas aranhas. Fiquei intrigada com o que vi, mas não esperei muito para constatar que vivo rodeada de pessoas com este tipo de personalidade. Os caracóis, são aqueles que amo, mas que atrasam a minha evolução, bastando para isso atrasarem a sua própria evolução. As aranhas são mais fáceis de detectar, pois vivem no meio dos caracóis iludindo com a sua aparência de quietinhos, para atacarem as presas que caem na sua teia.
Existem ainda os outros, aqueles que realmente importam e que vão levando com os embates. Não vi nenhum desses no meu sonho, mas vejo-os todos os dias ao meu lado, lutando como leões para se imporem num mundo de aranhas e caracóis. E no meio de tudo isto, estou eu: cansada, exausta e sem forças para tentar encontrar um lugar onde me sinta desejada a necessária. Todo este filme gera isolamento. O tal isolamento que gera palavras, textos, livros. Mas para que fim? Com que finalidade escrevo eu, se não para desabafar com alguém que se interesse pelo que escrevo, sem muitas vezes fazer a mínima ideia de quem sou? Quem sou eu? Os anos passam e não consigo encontrar uma palavra que me defina. Será parva? Por achar que o que faço ou sou para os outros realmente tem impacto nas suas vidas. Será frustrada? Por sentir que apenas eu dou importância aos sentimentos e afectos. Será inútil? Porque não importa o que pense, diga ou escreva, nada será como penso. Penso que a palavra que me define é apenas uma e das mais banais que conheço: PESSOA. Sou uma pessoa como tantas outras que procura um local onde todos conheçam o seu nome e que seja desejada e não um estorvo. Procuro como tantos de vós o caminho de regresso a casa, sem mapa, bússola ou qualquer instrumento que me ajude a iluminar o caminho. E tal como uma criança que ainda acredita em contos de fadas e no pai natal, sinto uma certeza imensa que toda esta mistura de sentimentos é necessária para chegar a um destino escrito com letras douradas, onde terei tudo o que desejo e ainda mais. A promessa da clarividencia e de boa ventura são os únicos companheiros nesta viagem solitária e torbulenta. Esse doce sussurro de que tudo ficará bem e que mais cedo do que penso vou conquistar o meu paraíso. Mas de que servirá todo o mel da vitória, se os que amo vão ficando por terra, presos a convicções que já não são deste mundo?


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