Bem vindos!

Conta-me histórias é um blog onde vos mostro alguns dos meus trabalhos e onde podemos falar de tudo um pouco. Apresenta certos assuntos que acho relevantes e interessantes, sempre aberta a conselhos da vossa parte no sentido de o melhorar. Obrigado pela vossa visita. Fico à espera de muitas mais.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Filhos: o coração fora do peito

O mundo está virado de pernas para o ar. Irmãos matam irmãos, filhos matam pais, pais matam filhos, netos violam avós, avós espancam netos. Este é o mal supremo de uma sociedade que está podre desde a raiz e que precisa desesperadamente de ser extinta, para que se plantem novos valores e medidas de resgate de alguma sanidade mental. Mas isto são casos que, longe de serem isolados como nos tentam fazer crer, são os mais fáceis de apontar e de fazer juízos de valor. Não é desses que quero falar agora. Mas sim daqueles que não se vêem a olho nu e que minam o que resta dos considerados "normais". O que dizer por exemplo daqueles pais que ceifam a vida dos filhos com uma simplicidade e rótulo de naturalidade que espanta até o mais tolerante dos humanos? Erros todos nós cometemos, mas usar os filhos como escudo dos nossos problemas e frustrações, não me parece de todo uma boa forma de educar, cuidar e ajudar. Existem pais que educam baseados na moral e bons costumes de antigamente: cuidam, mimam, criam mas sempre com o intuito de moeda de troca. A frase de eleição é sempre "faz o que eu digo e não o que eu faço", como se pudessem fazer tudo por serem adultos. Quem cresce com esta máxima, anseia por crescer e poder dizer e fazer o mesmo. Mas é aí, quando se cresce e se vê e sente com os próprios olhos, que nos apercebemos muitas vezes que tudo não passava de uma farsa. Afinal o que queriam dizer era: "eu sou apenas humano, erro como os demais, mas tu tens que ser diferente, tens que ser melhor para eu fazer boa figura, nem que seja como pai ou mãe." E, perguntam vocês, qual o mal de querer que os filhos se saiam melhor do que nós? 
Não há nenhum mal nisso, aliás, isso é ou deveria ser, o que se pretende. Mas o que normalmente acontece é que os filhos nunca optam por seguir a vida que os pais querem para eles. E do exemplo, apenas tiram o que lhes serve para sobreviver. O resto tem que ser vivido individualmente com todos os problemas e as más escolhas que isso acarreta. Ninguém é de ninguém e nenhum é igual ao outro. Todos têm que passar por isto ou aquilo, por mais que custe ou doa. Não adianta querer controlar o que vai ou não acontecer. Isso só vai trazer angustia, afastamento e mais problemas. Nem tão pouco se pode pensar, como em muitos casos acontece, que alimentamos, protegemos e demos tudo a um filho com vista em proveito próprio ou algum tipo de pagamento; seja ele monetário ou de afecto e cuidado. Os filhos não são nossos e o tempo e cuidado que lhes dispensamos não têm preço nem estão à venda. Os filhos veem com o intuito de nos fazer amar incondicionalmente, amar outro ser como ou mais do que a nós próprios, sabendo sempre que por mais dura que seja a realidade de vida de um filho, estaremos lá firmes como um rochedo, onde se poderá sempre abrigar e contar com um ombro amigo e fiel. Erros todos nós cometemos, mas nem todos têm a sorte de correr para debaixo da asa de uma mãe protectora que nos enxugue as lágrimas. E essas mães e pais que o fazem, independentemente do problema do filho, são pessoas que sabem o quanto um abraço ajuda mais que qualquer quantia monetária. São pessoas que passaram o suficiente na vida para saberem que nada pode romper os laços  quando eles são revestidos de amor e compreensão. Errar é humano, mas perdoar é divino.

Bibliografia: http://imagensdecoupage.blogspot.pt/2010/04/imagens-de-maes-e-filhos.html

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A culpa é da Eva


Aqui há dias em conversa com uma amiga, tocámos no assunto das religiões. Disse-lhe que tinha muita dificuldade em inserir-me num grupo que obriga todos os seus membros a pensar da mesma maneira, sem direito a pôr em causa e a revelar uma opinião diferente. Conversa puxa conversa e dei por mim a ouvir algo que não faz de todo sentido para mim. Disse-me ela a certa altura, que as pessoas têm que ser tementes a Deus para que haja uma certa ordem. O meu dispositivo de erro, ecoou na minha cabeça de forma estridente. Como pode alguém viver em paz, temendo seja o que for? Visualizei de imediato um pai severo que castiga o filho a cada passo do caminho. Talvez devido à minha educação e à falta de necessidade que sempre houve de me castigarem, isto é algo que não me entra na cabeça. Não. O meu Deus não é um pai severo que impõe as suas regras e que nos atira aos crocodilos ao mínimo deslize. Por outro lado, acredito que pagamos por todos os nossos erros, mais tarde ou mais cedo.Mas não indo para o inferno ou sendo consumidos por chamas. Pagamos a factura com desilusões e sofrimento interior. A isso não dou o nome de castigo, mas sim de assumir responsabilidades. É talvez por isso que tenho tamanha dificuldade em entender as religiões. Posso até, como já o fiz, tentar perceber o que defendem e o que transmitem, mas assim que me tentam impor uma ideia ao invés de me explicarem de forma a que faça sentido na minha cabeça, desligo automaticamente. Esta é a real razão para que tanta gente se tenha afastado das igrejas. Partiram em busca de respostas que façam sentido. Agora, mais do que nunca, as pessoas precisam de quem as ouça, as ampare e as abrace acima de tudo. Não de discursos gastos com cheiro a mofo, que nos dizem que é assim, porque sim. Se temos medo de algo, não significa que temos respeito. No medo pode acontecer um de dois desfechos: ou fugimos ao controlo do medo em busca da liberdade, ou vivemos no medo por toda a vida apenas porque sim. Qual a lógica de vir ao mundo, seguir regras ditadas pelo Homem, que dizem ser em nome de Deus? Qual a verdade de pisar igrejas erguidas por Homens e chamar-lhes casas de Deus, sem nos importarmos com o faminto que estende o braço à porta do templo? Que Deus é este que pune o seu filho, apenas porque este decide viver de acordo com a sua maneira de estar? Que Homens são estes que comem, respiram, pecam como nós, mas porque envergam uma batina podem ter o perdão absoluto e automático, enquanto um chefe de família que rouba para dar comer aos seus, é visto como o pior dos criminosos? Não. Não aceito que tenho que estar dependente da imagem de um Deus castigador para que não cometa erros. Sem erros não fazia sentido passar por aqui. Para quê tanto sofrimento se ao escolhermos o caminho errado nos condenam ao inferno. Para quê lutar por um mundo melhor se basta ouvirmos um grupo de "entendidos" para podermos ser chamados de filhos de Deus. Se Ele nos criou à sua imagem, porque nos fez pecadores à nascença? Ah! Não, espera. éramos puros até a Eva ter trincado a maçã. Mas não teria ela vindo a este mundo com esse mesmo propósito? Onde estaríamos todos nós se a senhora não tivesse desafiado as "leis de Deus" e tal como uma criança traquina, não tivesse dado uma dentada na maçã? E já agora, se a mulher é um ser inferior e impuro, que vem ao mundo para procriar, porque raio não fez nada Adão? Não me digam que foi o ultimo banana da História. Que quem vestia calças lá em casa era a Eva? Estou, estou a brincar, pois só com muito humor se pode levar uma história destas. Sei que existe um poder acima de nós. Sei que esse poder a quem chamam Deus, "nos criou à sua imagem". Logo, de acordo com a crença da maioria, Deus também não será o cumulo da perfeição ou nunca teria gerado filhos impuros e imperfeitos. Somos perfeitos cada um à sua maneira e se existe alguma lição a tirar disto é que temos que aprender a viver com as diferenças e a respeitar a opinião do outro.


Bibliografia: http://jumento.blogspot.pt/2007/09/umas-no-cravo-e-outras-tantas-na_12.html

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Despe o fato


Mesmo que o que tenhas feito te tenha levado onde estás hoje, quero que saibas que podes sempre mudar o rumo da história. A primeira coisa a fazer não é, ao contrário do que nos fazem crer,  pedir perdão aos outros. Mesmo que isso seja o mais difícil para ti neste momento, a pior tarefa é perdoares a ti mesmo. Tens que tentar entender que o que fizeste, a decisão que tomaste, foi a mais acertada para ti a dada altura. Considera que o que se passou foi apenas uma parte de ti que fez algo injustificável aos olhos dos outros, mas que foi criado por um conjunto de situações, construído com as ferramentas de que dispunhas na altura. Esse, foste tu ontem. Hoje és alguém diferente. Hoje és alguém que pensa, age e vive de maneira diferente. Mesmo que olhes para trás e não sintas arrependimento, Mesmo que ainda hoje sintas que estavas certo, nem por isso és a mesma pessoa que foste no passado. És um ser em constante mudança. Mas então porque te sentes tão perdido? O que te faz remoer no que passou, insistindo na mesma tecla, revendo a cena uma e outra vez, procurando justificação para o que te aconteceu? Não vês que podes estar a pagar a factura das tuas acções, e ao mesmo tempo ires mudando o que aí vem? Para quê? Para não perpetuares essa maneira de estar e ver a vida, que te leva sempre ao mesmo lugar, numa espiral de revolta, problemas e  tristeza. Despe o fato que envergavas na altura em que tudo começou. Perdoa-te por teres tomado esse rumo e decide que queres fazer diferente. Claro que não podes mudar quem tu és. Isso não seria natural. Mas podes começar a agir para os outros do mesmo modo que gostavas que agissem contigo. Pode parecer difícil  principalmente com pessoas das quais não gostas. Mas esses serão sempre os melhores mestres que poderás ter. A partir do momento em que começas a agir assim, tudo à tua volta se altera como que por magia. Quem te rodeia não te reconhecerá e será como chegares a um local novo, rodeado por estranhos. No principio podes até ser alvo de desconfianças, mas quando tomares esta consciência,  nada disso te vai incomodar. Os que te amam vão estar mais presentes. Os que desconfiam das tuas intenções vão afastar-se e os que realmente reconhecerem a tua energia, vão ver-te com outros olhos e poderão até ajudar-te na caminhada. Por isso, despe o fato que tinhas e veste outro. O fato da pessoa que gostarias de ser e que no fundo sabes que és. Nunca é tarde para mudar de "roupa". E o roupeiro do Universo tem um sem fim de indumentárias pronto a ser usado. Lembra-te que as melhores roupas não são as mais bonitas, mas sim as que te fazem sentir mais confortável. As melhores cores não são as ultimas tendências de moda, mas sim as que te fazem sentir mais confiante. Os melhores sapatos não são os mais atraentes, mas os sapatos dos outros, as lições de vida que podes aprender ao colocares-te no lugar do outro e, a partir daí, escolheres o que faz mais sentido para ti. É por isso que em vez de criticarmos as atitudes alheias, devemos  colocar-mo-nos na pele dos outros. Visualizar o que seriamos nós capazes de fazer se algo parecido nos acontecesse. Sei que tens tempo, muito tempo para pensar em tudo isto. E mesmo que não queiras mudar tudo de uma vez, podes sempre colocar um adereço diferente de vez em quando. A guerra não se ganha de uma vez, mas sim em sucessivas batalhas.