Porque temos medo?

Hoje falei com  uma colega de um antigo trabalho, e perguntando como andavam as coisas por lá, respondeu-me que "iam de mal a pior". Desde pessoas com horas extras por receber, a horários sobre carregados, há de tudo um pouco. Além disto, não se podem atrasar um só minuto, ou vêm o seu ordenado reduzido com uma precisão milimétrica. Disse ainda que todos os fins do mês, encontra colegas a chorar, olhando para os recibos de pagamento.  Fiquei a pensar porque razão se davam a tal humilhação para tirarem um ordenado de miséria. Claro que a resposta é muito simples: medo de perderem o emprego e o pouco que têm. O medo continua a ser o nosso pior inimigo. Podemos ter ideias para melhorar a nossa vida, mas o medo, muitas vezes nos faz estancar. Medo de ficar sem trabalho, medo das doenças, medo dos que têm poder sobre nós, medo de perder a vida, medo do próprio medo. Nascemos apenas com dois medos: medo de cair e medo do barulho. São apenas programações que trazemos connosco, e servem para nos alertar para o perigo. Servem como mecanismo de defesa para entrarmos num estado de alerta. Todos os outros medos, são-nos induzidos ao longo da vida e ou sabemos libertar- mo-nos deles, ou passamos a ser um joguete nas suas mãos. Não há maneira melhor de nos libertarmos do medo, se não a de enfrentarmos aquilo que tememos. Se assim não fosse, uma criança nunca aprenderia a andar. Por mais pânico que nos cause, temos que aprender a rir na cara do medo e passar-lhe por cima. Afinal, o medo não é mais do que uma projecção das nossas cabeças, com o intuito de nos proteger do desconhecido. Mas, sem experimentar, como podemos nós saber se o desconhecido é pior do que o que temos? E se for? E se ao enfrentar o medo, nos magoamos? Andamos cá para aprender e para evoluir, teremos sempre que passar maus bocados. E por mais estranho que seja, só com os piores momentos, aprendemos as maiores lições de vida.